Enquanto Adélio amola a faca…, por Ricardo Mezavila

Ressuscitar o caso Adélio é uma das cartas na manga de Bolsonaro para tentar reverter a irremediável derrota para Lula em outubro.

Enquanto Adélio amola a faca… 

por Ricardo Mezavila

Juiz federal da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini, marcou para 25 de julho uma perícia médica para avaliar o quadro psicológico de Adélio Bispo, autor da fakeada durante a campanha de 2018, esclarecida no documentário apresentado pela TV 247, Uma facada no coração do Brasil, do jornalista Joaquim de Carvalho. 

Segundo o juiz, a perícia teve de ser adiada porque “houve grande dificuldade” em encontrar profissionais dispostos a fazer a avaliação em Adélio, “em decorrência das peculiaridades do caso” e do baixo valor de honorários pagos aos profissionais. Por que não recorrem a quem pagou os advogados? Aliás, quem pagou? 

Adélio cumpre pena em regime fechado no presídio federal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, desde 2018. Absolvido pela Justiça por ser incapaz de responder por seus atos, continua preso por ser considerado de alta periculosidade. 

Ressuscitar o caso Adélio é uma das cartas na manga de Bolsonaro para tentar reverter a irremediável derrota para Lula em outubro. Em depoimento à época, Adélio disse que agiu por “ordem divina”, porque Jair Bolsonaro, católico, teria se “infiltrado” no meio evangélico para angariar votos para a eleição. 

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Em liberdade e planejando ‘terminar o serviço’, Adélio seria preocupação permanente nos eventos públicos de Bolsonaro, o que poderia resgatar um pouco do apelo e do clima de Juiz de Fora, local da fakeada, quando parte da população ficou sensibilizada e decidiu apertar 17 nas urnas. 

A eleição deste ano tem ingredientes que podem fazer com que seja extremamente violenta em todos os aspectos. Bolsonaro sabe que se perder, provavelmente vira réu em várias ações, por isso vem de orçamento secreto, PEC de benefícios e prepara arsenal de fake news contra Lula. 

A PF avaliou que Lula corre risco máximo de ataques durante a campanha, por isso terá o maior esquema de segurança disponibilizado pela entidade aos candidatos. Em uma escala de um a cinco, a Polícia Federal classificou como 5 o risco de o ex-presidente ser alvo de alguma tentativa de ataque durante a campanha eleitoral. 

Adélio Bispo faz parte da galeria sombria de personagens que perambulam, ou perambulavam, no terreno delimitado da decomposição moral de Jair Bolsonaro, onde se encontram, além dos filhos, Fabrício Queiroz, Frederick Wassef, Adriano Nóbrega, Ronnie Lessa, Augusto Heleno, Gustavo Bebianno, Nunes Marques, Augusto Aras… 

Ricardo Mezavila, cientista político

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

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