Julgamento implacável para os golpistas, por Ricardo Mezavila

O voto de Alexandre de Moraes foi pedagógico para a turba golpista que participou do atentado à democracia

Joédson Alves – Agência Brasil

Julgamento implacável para os golpistas 

por Ricardo Mezavila

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi contundente em seu voto pela condenação do primeiro réu julgado pelos atos golpistas de oito de janeiro. Moraes condenou Aécio Lúcio Costa Pereira, técnico em sistemas de saneamento da SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, a 17 anos de prisão. 

Aécio é acusado de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, bem como deterioração de patrimônio tombado. 

Aécio, que está preso, vivia com esposa e dois filhos em Diadema, SP, tem cinquenta e um anos. Foi demitido por justa causa, após a divulgação do vídeo em que aparece invadindo o Congresso e participando dos atos golpistas de 8 de janeiro. 

Vestindo camiseta com a inscrição “intervenção militar federal”, Aécio fez um vídeo de dentro do Congresso dizendo: “Amigos da Sabesp: quem não acreditou, estamos aqui. Olha onde eu estou: na mesa do presidente. Vai dar certo, não desistam. Saiam às ruas”. 

Aécio era membro do ‘ Patriotas’, grupo de bolsonaristas que acamparam em frente ao quartel do exército em São Paulo. Segundo a Procuradoria Geral da República – PGR, o réu teria feito doação ao ‘Patriotas’ para ajudar no transporte de manifestantes a Brasília. 

O segundo ministro a votar, Nunes Marques, como era esperado, minimizou o evento, e condenou o réu apenas pelos crimes de dano e deterioração do patrimônio tombado, com dois anos e seis meses de prisão em regime aberto. O julgamento continuará durante a semana, com o voto dos outros ministros. Há ainda mais três réus a serem julgados na sequência. 

O voto de Alexandre de Moraes foi pedagógico para a turba golpista que participou do atentado à democracia, para aqueles que ainda contestam o resultado das urnas e para quem quer a ruptura do Estado Democrático de Direito. 

Durante seu voto, Moraes tratou com ironia a teoria da defesa do golpista: “Às vezes o terraplanismo e o negacionismo obscuro de algumas pessoas faz parecer que no dia 8 de janeiro tivemos um domingo no parque. As pessoas vieram, pegaram um ticket, entraram na fila assim como fazem no Hopi Hari em São Paulo ou na Disney. ‘Agora vamos invadir o Supremo e quebrar alguma coisinha aqui. Agora vamos invadir o Senado. Agora vamos invadir o Palácio do Planalto. Agora vamos orar da cadeira do presidente do Senado’. É tão ridículo ouvir isso”.  

É ridículo imaginar a capacidade que algumas pessoas tiveram em destruir a própria vida, arruinar carreira e família, para seguir os passos de um desqualificado como Bolsonaro. 

Pelo bem da história, esperamos que não só a base da pirâmide sofra a mão pesada da justiça, mas que os mentores, financiadores, cúmplices e os frustrados beneficiários da fracassada tentativa de golpe sejam devidamente julgados, porque se tivesse acontecido o infortúnio de ter dado certo, nós é que seríamos os réus. 

Ricardo Mezavila, cientista político

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