Lula já demonstra duas coisas: sua grandeza e o estar no seu auge!, por Eduardo Ramos

O poder, uma vez voltando ao PT, deverá ser partilhado, acalmando a sociedade, unindo, trazendo um período de PAZ

Ricardo Stuckert

Antes mesmo da vitória, Lula já demonstra duas coisas: sua grandeza e o estar no seu auge!

por Eduardo Ramos

Porque o elogio rasgado ao – até domingo apenas… – candidato Luís Inácio Lula da Silva, o Lula?

Por suas duas falas, que além de terem vários endereços certeiros, revela que, graças a Deus, algumas lições foram aprendidas por Lula, ao que parece, depois das vivências dramáticas que ele, seu partido e nosso país passamos principalmente na última década: anos “de chumbo”, se não literal como no tempo da ditadura, arrisco dizer pior, muito pior no que tiveram – esses anos – de dantescos, insanos, bestiais, e a depauperização em níveis jamais vistos, de nossa cultura, Educação e de nossas bases civilizatórias enquanto nação. O que a Lava Jato e depois seu filho dileto – o bolsonarismo – fizeram conosco só cabe, e parcialmente, numa palavra: DEVASTAÇÃO!

Mas Lula poderia ter visto os efeitos sem enxergar as causas! Nem sempre uma coisa nos leva à outra, pior, ver os efeitos sem enxergar as causas é certeza, quase sempre, que um e outro se repetirão num próximo ciclo político compatível com aquele passado trágico. Ai daquele que não aprende as lições que o sofrimento lhe trouxe…

Penso que o Brasil – que sejam suas oligarquias, os poderosos de fato – mostrou duas coisas a Lula: a primeira, que não há hipótese de deixarem um partido “de esquerda”, mesmo essa esquerda light, esquerda “quase falsa” que o PT representa, perto das esquerdas mundiais e mesmo nacionais mais radicais em suas ideologias, domine o país por um longo período, crescendo sem parar até se tornar uma força hegemônica, ou quase isso. Porque têm medo, porque se sentem ameaçados, porque não são e nunca foram democráticos, porque para eles, “democracia” é assim: “olha, temos o poder de fato! eventualmente, podemos permitir uma alternância ideológica e programática, mas nem pensar um partido que fique no poder vinte, trinta anos seguidos, e nós correndo o risco das estruturas políticas, culturais, econômicas e sociais mudarem muito radicalmente no NOSSO país… isso não vai acontecer!” – e é exatamente assim que “a coisa funciona”, na cabeça dessa gente e suas ações.

Penso que Lula percebeu que, como a “tal da democracia”, no Brasil, é muito, mas muito mesmo, uma “história pra boi dormir”, e as instituições se convertem de sérias e dignas em sórdidas, cínicas e cúmplices de todo o tipo de bandalha, SE HOUVER CONSENSO PARA UM GOLPE, que não vai arriscar esse retorno GLORIOSO à presidência, um mandato histórico, provavelmente o mundo todo festejando aliviado sua volta para, daqui a uns dez, vinte anos, ver, ao fim de sua vida, uma “nova Lava Jato”, um novo golpe, o risco do retorno do ser bestial ou um dos seus filhos, ao poder, destruindo de novo as matas, os índios, os trabalhadores e seus direitos, enfim, todo o horror a nos desesperar mais uma vez…

Portanto, SE NA PRÁTICA, não somos mesmo uma democracia – e, definitivamente não somos! – todos os sonhos, ideologias, programas, objetivos de Lula, PT, esquerda em geral, nos próximos-muitos anos, terão que se adequar pragmaticamente, POLITICAMENTE, sabiamente, à essa REALIDADE.

Reduzir drasticamente as queimadas e desmatamentos, dar proteção aos índios, quilombolas, povos ribeirinhos, cortar a sangria das privatizações canalhas que enriqueceram a tantos, conceder aumentos reais do salário mínimo, acabar mais uma vez com o flagelo da fome, abrir oportunidades, de novo, para que nossos jovens estudem, ora, se Lula e seu sucessor fizerem isso em oito anos, “só isso”, e tentando ter pontes civilizadas entre o governo e as oligarquias, talvez Lula tenha percebido que essas “pequenas vitórias”, passam a ter, nesse terreno DEVASTADO, um valor incalculável para a nossa reconstrução como um país normal e civilizado.

Mas vamos às duas falas de Lula que lhe renderam meus elogios e a esperança de que ele está vendo coisas que no tempo da bonança ele não enxergou:

“Um governo nosso não será um governo do PT. Terá que ser além. O Henrique Meirelles não era do PT, o Furlan, o Gilberto Gil, o Celso Amorim não eram do PT. Não faremos um governo do PT, faremos um governo do povo brasileiro.”

“Eu se eleito serei um presidente de um mandato só. Os líderes se fazem trabalhando, no seu compromisso com a população.”

São acenos claros ao seu partido, que as coisas mudaram, o PT terá que se habituar, mais do que nunca, a colocar “na primeira prateleira” de respeito, de honra mesmo, pessoas como Alckmin, Tebet, Janones, que TUDO fizeram para que Lula fosse (batendo na madeira dez vezes…) eleito. E são, ao mesmo tempo, acenos a esses aliados, acenos a quem eles representam.

E, no segundo recado, um aceno a todos, que os tais líderes que “se fizerem trabalhando no seu compromisso com a população”, um deles terá tudo para ser o seu sucessor.

Tomara, peço a todos os deuses, que essa análise não seja a visão tola de um ingênuo vendo o que quer ver: um Lula amadurecido, mais sábio e pragmático do que nunca, que pensa MAIS NO BRASIL DO QUE NO SEU PARTIDO, por mais que ame e seja leal aos seus companheiros do PT, e que saiba que não há “coragem”, “determinação”, “malícia” o suficientes para derrotar a direita brasileira oligárquica, militares + mídia + Judiciário + grandes especuladores + elites sociais + classe média, se e quando eles forem à guerra por quererem o poder de volta. É simples assim!

O poder, uma vez voltando ao PT, deverá ser partilhado, acalmando a sociedade, unindo, trazendo um período de PAZ que necessitamos, todos nós, desesperadamente.

Um PT com “cores amenas” em suas propostas, ideologias e programas, poderá fazer uma imensa parte do que é essencial, já citado nesse artigo.

Temos que ter a ciência, a absoluta ciência, depois de tudo o que passamos, do nível de selvageria, barbárie, violência, vulgaridade e ausência de limites de parcelas de nossa sociedade, daqueles que detêm o poder de fato nas mãos.

Apenas daqui a décadas, com a transformação de uma ou até duas gerações PELA EDUCAÇÃO PROFUNDA E DE QUALIDADE, poderemos sonhar mais alto.

O tempo hoje é de sensatez, moderação, diálogos em abundância e aceitar de muito bom grado a ajuda de todos os que quiserem reconstruir a nossa nação!

(eduardo ramos)

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

Redação

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