O dia dos pais da Folha não tem um elemento essencial, por Matê da Luz

O dia dos pais da Folha não tem um elemento essencial

por Matê da Luz

Olha, é de cair o ** da bunda! Daí tem gente que ainda critica o poder da mídia, diz que a gente (as mulheres) reclamam de tudo e qualquer coisa, que a gente não entende a mensagem e sai falando, falando, falando… Alguém pode me explicar, então, o porquê da capa do especial da Folha sobre o dia dos pais não ilustrar, abordar ou citar uma criança “encaixada” na vida do belo desconhecido que estampa a matéria? 

Pra quem não viu, a imagem taí. Em diversos posts sobre o assunto, no Facebook, feitos por mulheres, é claro, as palavras RECALQUE, FEMINISMO e MIMIMI apareceram tanto da ponta dos dedos de homens quanto de mulheres rebatendo as críticas: afinal de contas, pra que enxergar problema em tudo, não é mesmo? Que os pais encontrem seus momentos de lazer e distração já que são responsáveis por prover a família e QUE BAITA CONCEITO MACHISTA PELO AMOR DE DEUS PESSOAL, AS MULHERES TRABALHAM PRA CARAMBA HOJE EM DIA E SÃO RESPONSÁVEIS POR PELO MENOS 40% DOS LARES NO PAÍS, então não me venham com este argumento mesmo que seja válido lembrar que o elemento principal pra que alguém seja chamado de pai seja a existência do filho. 
Daí um jornal que se diz um dos principais do País manda essa capa. E vem gente me dizer que eu problematizo muito tudo, que isso é coisa de feminista mesmo, feminazi porque né, olha, eu não consigo enxergar além do que meu manual dá conta e, sabe, gente, tem que imprimir leveza no dia. Olha só: além de toda a empatia com as mulheres, caso eu mesma não tivesse uma filha, eu lido com a negligência parental por parte do pai da minha moça desde que estive grávida e, além da contribuição financeira dele ser ineficaz no tipo de educação que eu decidi dar pra ela, a sociedade ainda vem falar que talvez o problema seja que eu escolhi sozinha e então o cara não tem que arcar com as minhas escolhas. Percebe? Estamos imersos e envolvidos nisso tudo tão profundamente que mal conseguimos enxergar o absurdo que é eternizar comportamentos como estes que perpetuam o pior do machismo, que é esta separação de papeis bizarra e que em nada corresponde a realidade do mundo atual. 

Pode ser que em algum momento o homem tenha tido este papel de provedor e à mulher fosse reservado o cuidado para com a casa, os filhos, a família e que, vá lá, tenha sido proveitoso pra todo mundo (o que duvido, porque as mudanças ocorrem por necessidade, primeiramente #ForTemer – desculpe, mania…) mas, enfim, é fato hoje em dia o panorama estatístico, e não “somente” o emocional seja diferente destes tempos e, então, é doentio que este tipo de registro continue sendo feito pela mídia. 

Eu não queria estar na pele dos editores da Folha de S. Paulo hoje. Aliás, nem hoje nem nunca, porque este é apenas um print do contexto que a imprensa nacional está afundada hoje. Que vergonha! 

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Mariana A. Nassif

7 Comentários

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  1. Uai, gente …

    É o pai do vaso … pai do vasinho! Todo dia ele — o bonitão com barba pra fazer — olha pro vaso e diz: “papai vai sair mas volta logo tá?” .. ãn ãn… uai parece uma mudinha de marijuana? não? algum tipo desconhecido da planta … só parece né

  2. TÁ DEMAIS

    Gente, esse politicamente correto tá demais. É dia dos Pais, e não Dia das Crianças. A foto apenas ilustrou um pai que faz diversas coisas. Sapoha já tá passando do ponto, tá queimando a luta. Querer impor uma visão pessoa aos demais já É DEMAIS.

  3. Muito bem colocado. Afinal, a

    Muito bem colocado. Afinal, a gente não ve anuncios do dia das mães sem uma criança. Com certeza isso é um ato falho que demonstra a idéia que seus ideaizadores tem do pai.

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