Francisco Celso Calmon
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.
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O governo Lula está mais amplo que a Frente que o elegeu, por Francisco Celso Calmon

Lula não é Collor e nem Dilma. Lula é um líder partidário e de massas, e representa a esperança de milhares

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O governo Lula está mais amplo que a Frente que o elegeu

por Francisco Celso Calmon

A frente ampla eleitoral que levou Lula à vitória tinha em comum e por objetivo derrotar Bolsonaro e seu aliados.

Não há provas e nem fortes evidências que os partidos da Frente tenham efetivamente trabalhado com fidelidade para alcançar esse objetivo.

Funcionou para levar Lula a uma estreita vitória e uma ampla derrota no Congresso, pois os aliados do genocida foram eleitos em significativa proporção.

A estratégia se mostrou apenas parcialmente eficaz, ficou para depois o como governar, com quais forças.

Muitos bolsonaristas ainda permanecem na máquina estatal e outros têm sido levados. Não há filtro de RH no governo.

A mídia progressista vira e mexe aponta o currículo de um indicado ou empossado com laços até de raiz com o bolsonarismo, bem como ministros fazendo políticas públicas em desacordo com as promessas da campanha eleitoral.

As vagas do Judiciário, que são preenchidas por indicação do Presidente da República, estão sendo selecionadas com critério tático de curto prazo – lealdade a Lula.  

Vale lembrar que são cargos vitalícios, já por isso a escolha deveria ser com critérios estratégicos, visando a garantia e aperfeiçoamento de longo prazo do Estado democrático de direito.

O mesmo risco para a PGR, a ponto de ministros e lobistas do governo fazerem política pela recondução do Augusto Aras, sob o argumento de que assim como ele foi leal ao Bolsonaro poderá ser ao Lula, ou seja: manter um homem sem princípios, sem coerência, sem caráter, em resumo, um perigoso oportunista.

Havendo alternativas, por que manter-se no cômodo déjà vu? Se fuçar, vão encontrar outros interesses pessoais motivadoras dessa cretina opinião. 

Na militância teria efeito antipedagógico.

Já tivemos os aloprados paulistas, que não tenhamos os afoitos baianos.

A história do Judiciário, diretamente ou indiretamente, é de coautoria aos golpes de estado.

Não se muda a história do Judiciário e a das Forças Armadas com táticas descolados de uma visão estrutural de longo prazo.

Os governos Lula e Dilma erraram, com raras exceções, nas escolhas para o STJ e o STF, para a PGR, para o Banco Central.

Falta estrategista no governo!

Há muitos táticos pragmáticos, mas nenhum deles com foco alargado e estratégico para fomentar e fermentar a construção de uma democracia do bem estar social, com o povo organizado como sujeito dela. 

Sem estratégia, inclusive dos partidos de esquerda, o governo não sabe se dança o tango ou o samba, se segue passos bem definidos ou vai no improviso do deixa a vida me levar.

Num planejamento estratégico não se trabalha só com um cenário, mas com dois ou três.

Parece que só raciocinam sob duas hipóteses: com Lula ou sem Lula em 2026.

É mister pensar para além do cercadinho institucional. É indispensável avançar e não regredir de pouco, é imperioso recolocar o eixo da revolução social na elaboração da estratégia.

Estamos às vésperas da eleição municipal e pela aparência caminham para a mesmice, ou seja: a reprodução de modelos anteriores.

O município é o núcleo primígeno da sociedade, é onde começa o exercício da cidadania, se neles não se construir as organizações de base para os objetivos estratégicos, não haverá sustentabilidade na construção desses objetivos finais.

Está no desempenho da economia o fator determinante, não exclusivo, para aumentar a aprovação do governo, contudo, se o crescimento do apoio não resultar também no empoderamento organizacional e de politização da base social, estaremos com um governo sob tensão de sitio.

Não estou me referindo a tentativa de impeachment, porque isso seria incendiar o país.

Lula não é Collor e nem Dilma. Lula é um líder partidário e de massas, e representa a esperança de milhares, que uma vez mobilizados, resistirão como se fosse uma Stalingrado. Ou é otimismo?

Os golpistas podem fustigar, porém, não irão muito longe, avalio hoje.

Contudo, estão bem posicionados no Congresso e no BC, usando da tática de guerra de guerrilhas na Câmara e nas redes sociais, e de guerra de movimento nas Presidências da Câmara e do BC, com apoio logístico do mercado e da mídia corporativa.

Da parte dos golpistas há uma estratégia, o que não se enxerga ainda é a estratégia da defesa da democracia.

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected]. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

Francisco Celso Calmon

Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral - E o PT com isso?; Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula.

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