Lira, o jagunço da chantagem
por Francisco Celso Calmon
O currículo do atual presidente da Câmara é mais sujo que pau de galinheiro, não precisa de muita pesquisa, basta ir à Wikipédia e ficará estarrecido com o seu histórico, inclusive familiar, de falcatruas e de truculência, parece que já bateu em mulher, conforme queixa de sua ex-esposa e mãe de seus filhos.
Filho de peixe, peixinho é, quem sai aos seus degenerados, degenerado permanece.
Com estes ditados, que lhe cabe como uma carapuça, poderia dizer que ele é um símbolo da decomposição moral que se espalhou com o bolsonarismo.
Filhote político do Eduardo Cunha, aquele que não conseguindo chantagear a ex-presidenta Dilma Rousseff, abriu o processo do impeachment, cujo enredo e desfile foi de uma desqualificação vergonhosa do parlamento brasileiro, que culminou com o golpe e start do retrocesso do país.
Com o hibrido sistema de governo, ‘presidencialismo-parlamentarista’, sem amparo constitucional e legitimidade da soberania popular, está sendo naturalizada a subversão ao Estado de direito conforme consagrado pela Lei Maior.
Repito o que escrevi no artigo “Mudaram o sistema de governo sem plesbicito. Não consultaram e nem informaram ao povo”, de 29 de maio.
O sistema não é mais presidencialista, conforme define a Constituição. Também não é parlamentarista, derrotado no plesbicito de 1993.
É um semipresidencialismo, no qual o presidente da Câmara faz o papel de primeiro ministro, meio que na chantagem, meio que na malandragem no uso dos instrumentos do regimento da Câmara, e descaradamente na metodologia do fisiologismo a serviço do clientelismo municipalista.
As forças democráticas amargaram a conivência com o golpe de 2016 e o que veio doravante, os mesmos democratas também apoiaram o engodo da lavajatismo e a destruição que semeou com o seu plano de poder a serviço de interesses alienígenas, permitirão a repetição, com o jagunço chantagista a serviço do neo bolsonarismo?
O preço da reconstrução do Estado de direito da democracia está sendo muito caro.
Os acordos explícitos e tácitos passaram por personagens e instâncias de poder e estamos num crescendo de atrofia do Poder Executivo.
O Presidente da República não é mais o maior mandatário do país, o magistrado da nação.
As indicações para o Poder Judiciário, as nomeações para o próprio governo, são decorrentes de negociações e acordos do presidente da República com presidentes de outros poderes.
Consideramos como um aperfeiçoamento da democracia ou uma decomposição da separação tripartite dos poderes da República?
E o povo está entendendo e aprovando, ou o poder já não emana dele?
O plano golpista parece repeteco dos anteriores. A diferença é que não haverá surpresa.
Não havendo harmonia e independência entre os poderes, o governo Lula tem autonomia relativa, precisa estar negociando cada passo, por isso mesmo, não pode confrontar, como todos que elegeram Lula esperariam e gostariam, com o presidente da Câmara, o qual vem extrapolando suas funções constitucionais.
Daí o papel de enfretamento que o senador Renan Calheiros faz ao Lira é mais do que necessário, é fundamental. Não sendo membro do governo, ele pode trazer a lume, pois conhece bem quem é o bolsonarista presidente da Câmara, tão ou mais perigoso do que Eduardo Cunha.
A decadência do jagunço da chantagem também pode ser maior do que a do Cunha, é só puxar o novelo e o judiciário agir em tempo.
Sem qualquer compromisso com a democracia, a mídia trata a política como os narradores e comentaristas de MMA o fazem.
Sem compromisso com a democracia e com a verdade, acrescento.
Sem independência e harmonia entre os poderes, a democracia será minada e ruída.
A imprensa golpista vem acirrando a desarmonia provocada pelo autocrata mandatário da Câmara Federal.
Soprando a favor dessas brasas estarão a CIA e os belicosos do incremento do conflito Rússia x Ucrânia (OTAN-EUA).
O xadrez é mais complexo e desafiador do que muitos esperavam.
Ontem era urgente, hoje é emergente, o governo montar uma rede de defesa da legalidade democrática.
Meios existem, necessita é de uma palavra de ordem do Lula e quadros capazes para montá-la.
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.
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Excelente texto! Parabéns!