Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
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Lula Major do Povo e a Globo (ou A Cobra e o Vagalume), por Armando Coelho Neto

Lula sacou que, para se cacifar no cenário internacional, ele precisa machucar o status quo, embora sem com ele romper.

Lula Major do Povo e a Globo (ou A Cobra e o Vagalume)

por Armando Coelho Neto

O assunto é mesmo a dita grande mídia vira-lata e o eco das falas de Lula mundo afora. Ah! Se fosse Emmanuel Macron, presidente da França! Daria até para brincar! Faça o teste. Repita tudo que Macron disse em sua visita à China, creditando a Lula. Veja a reação. Depois, diga que foi o francês. Aí pode.

Ou seja, bastava esperar os latidos, para depois dizer: olha, isso foi o presidente da França, membro da sanguinária Otan. Vê? Os interesses dos Estados Unidos já não se coadunam com os da Europa, por isso seria melhor que nós cuidássemos nós mesmos de nossos assuntos. Há tempos eles reduziram tudo a “America First” (América primeiro).

“O pior seria pensar que nós, europeus, devemos ser seguidores e nos adaptar ao ritmo americano e a uma reação exagerada chinesa”, disse Macron na China, defendendo inclusive autonomia estratégica da União Europeia. Lula, na prática disse o mesmo e com mais autenticidade. Afinal, o Brasil é um país que pede passagem mas sofre obstáculos do mundo neoliberal.

A fala de Lula, mais amena que a de Macron, é, contudo, genuína. Se acaso França e União Europeia tiveram dias de glórias na condição de cãozinho Poodle do Tio Sam, o Brasil vira-lata vive a reboque, sofre consequências da guerra e… não tem direito de falar? Lula não pode criticar a maior taxa de juros do Planeta nem as atrocidades de uma guerra entre EUA e Rússia, pois precisa de aval da Globo, Folha, Estadão et caterva.

O presidente Lula leva com ele à China dezenas de parlamentares de diversos campos, ministros de múltiplas pastas, empresários, entre outros, leia-se algo em torno de 200 pessoas. E retorna, vitorioso, com mais de uma dezena de acordos, promessas de investimentos e empréstimos bilionários, mas o que chama a atenção dos vira-latas da “grande” mídia é o desagrado de Tio Sam, que nada acenou ao Brasil.

Para a grande mídia, os bilhões trazidos por Lula e a defesa dos interesses nacionais não importam. Mas sim fazer coro com uma guerra insana fruto do expansionismo da Otan, patrocinada pelo imperialismo ianque. Defender o Brasil e a multipolaridade é falar demais, e não “repetir” propaganda russa e chinesa, não reconhecer o favor dos EUA defender a legitimidade do pleito eleitoral passado.

Lula não falou “demais”. Falou até “de menos”. Lula está fazendo algo que causa aflição, um movimento que, por não entendermos ainda, aqui no Brasil, a natureza das profundas e velocíssimas transformações no mundo, ainda não vemos com a tranquilidade que ele vê. Lula sacou que, para se cacifar no cenário internacional, ele precisa machucar o status quo, embora sem com ele romper.

A mídia vira-lata acha mesmo que foi um “favor” Biden receber Lula, mas no conflito China X EUA já passou da hora de o Brasil ser mais bem tratado pelas grandes potências. Só o Brasil frequenta, simultaneamente, os BRICS (cuja presidente é brasileira) e o G7. Palmas para Lula! Talvez Globo et caterva precisem que Biden dê uma de Obama para dizer “You are the guy!” e só aí enxergar o país.

Finda a parte mais séria dessa conversa (com colaboradores oficiosos), permita o leitor, lembrar um trecho da canção Carapeba*, interpretada por Luiz Gonzaga, de autoria de Julinho/Luiz Bandeira. “Êi lá vem esquenta muié! É som é gente é vida é pó… Bonifácio Major do povo, velhinho novo a comandar. Carapeba por onde passa, faz som de graça pra se brincar”.

Essa mesma canção foi lembrada neste GGN*, quando Lula o major do povo ainda estava sequestrado pelo TRF4. Mais uma vez, a Bandinha Carapeba fez sucesso por onde passou, movido a gente, vida e pó, trazendo não “joias roubadas”, mas sim prestígio que foi recebido com pompa e circunstâncias, numa impecável turnê mundial. Então, ora pois, o que incomodou tanto?

Foi aí que ocorreu a fábula da Cobra e o Vagalume. Este último era perseguido pela Globo et caterva, digo, perseguido pela predadora cobra, por quase 400 horas de Jornal Nacional… Até que em 36 segundo reconheceu que mentiu e anunciou que Lula é inocente, até porque processo nulo é processo inexistente e o que não existe não serve para acusar ninguém… Nem inocente nem inocentado! Limpo!

Perdão leitor, aí o Lula disse, ou melhor, o vagalume parou e disse à cobra: se você diz que não pertenço a sua cadeia alimentar, nunca te fiz mal, por que quer me destruir? E Cobra (Globo et caterva) respondeu: é que nunca suportei ver você brilhando, é difícil ver você voltar a brilhar. Como major do povo, sua banda por onde passa só espalha alegria. Hoje não é dia de GGN, mas a vergonha da grande mídia…

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

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Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

5 Comentários

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  1. O Brasil é um país de vira latas. A vantagem do vira latas é conseguir sobreviver em qualquer circunstância. Seguiremos. Sobre o “pequeno príncipe francês” e o nosso grande estadista, comparativamente, nas suas recepções pela China, é de se observar detidamente. Macron foi recebido com pompa e circunstância, conforme os protocolos. Assistam-se os 15 minutos de cerimônia. Lula foi recebido com amor. Tanto, que não dá pra assistir sem chorar. Tudo que Xi fez para receber o Brasil fala fundo para e sobre o nosso povo. Quando Lula e comitiva passa e a banda toca “Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar com pedrinhas de brilhantes”….Quando Lula decide, assina tratados e acordos ao som de “Um novo tempo”, quando Margareth Menezes canta e a Primeira Dama chinesa se comove, a gente entende a diferença entre a recepção de Xi a Macron, quando cerimoniosa e especialmente a chinesa tocou para ele um instrumento tradicional (oportunidade única que ele não entendeu e nem aproveitou) e as crianças chinesas brandindo bandeiras brasileiras. Lição incomparável de diplomacia.

  2. Que legal Armando Rodrigues Coelho Neto vc escreveu sobre a minha indignação com a GLOBOSTA: críticas e mais críticas à #Lula, avaliações de sua GESTÃO, hoje parece que tem mais outra…
    Que midiazinha MEQUETREFE e ainda quer ser vista como verdadeira, imparcial…

    M I S E R I C Ó R D I A!

  3. Só há verdades no que diz o articulista, Sr. Coelho Neto. Mas, que os progressistas fiquem atentos, pois, toda esta mídia do PIG sabe muito bem cumprir as tarefas que o “império” lhe determina. Assim,como evitar que os Eduardos Cunhas da vida junto com as forças trairas e seus porta vozes persistam em continuar a prejudicar o País e o seu povo?

  4. Que fábula esclarecedora essa que o armando coelho Neto nós brindou…sim, articulista,a globo só ela quer brilhar,e tem o veneno da cobra e, o ovo,sempre a chocar… O povo do Luís Gonzaga ama a alegria ,o pó que levanta o xaxado, o velho lula, o seu legado…

  5. Certa vez, um sujeito caminhava por uma rua tranquila e parou em um ponto de ônibus e eis que de repente, um outro sujeito aproximou-se dele agrediu-o sem mais nem menos. É esta a sensação que temos quando os analistas de aluguel da grande mídia,nos passa, ao concluirem que a Russia é culpada e a Ucrânia vítima inocente. Ora a grande mídia, se declara imprensa livre e eu acrecento: LIVRE DE ISENÇÃO. No meu entendimento para que a imprensa seja realmente livre, ela precisa se limitar a dar a nótícia sem comentário e se houver comentário, que seja dada a versão de cada uma das partes envolvidas ou que, o comunicador se declare partidário de uma dada versão. Além disso, pode-se indagar se o profissional de imprensa pode dar notícias ou opiniões que contrariem os interesses dos seus proprietários, sem o que, não há imprensa livre.

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