Política na Veia: “Abin paralela” implica ainda mais o clã Bolsonaro

Carla Castanho
Carla Castanho é repórter no Jornal GGN e produtora no canal TVGGN
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Cientista político, Cláudio Couto diz que família Bolsonaro aparece no centro das principais investigações sob a batuta do STF

O cientista político Cláudio Couto

A conexão entre o clã Bolsonaro e o núcleo político da organização criminosa que desvirtuou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para fins pessoais parece avançar para uma nova fase nas investigações.

O cientista político Cláudio Couto, no programa Política da Veia [assista abaixo], atribuiu o avanço das investigações sob a batuta do Supremo à evidente criação do “aparelho de polícia política” pelo bolsonarismo, uma espécie de estado policial voltado a monitorar cidadãos, e que ultrapassa o âmbito da segurança e do interesse público.

“Quando você faz uma investigação de pessoas políticas que não vão entrar no governo, ou de uma promotora [caso Marielle] que nada tem a ver com a esfera federal, isso mostra mais ainda, e é admitido pelo próprio [Alexandre] Ramagem em entrevista à Globonews, que estamos vendo que se montou um aparelho de polícia política, uma espécie de estado policial, voltado a monitorar cidadãos. A própria FirstMile é isso, mas os dossiês também são isso”.

“O que é o ponto em comum disso tudo? A família Bolsonaro”

De acordo com Couto, o recente indiciamento de Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin, e de Carlos Bolsonaro, indica que as investigações têm agora o potencial de relacionar os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro, à espionagem na Abin paralela e às atividades das milícias digitais. “O que é o ponto em comum disso tudo? A família Bolsonaro”.

Uma das provas que colocam em xeque a família Bolsonaro é a versão de Ramagem, desmentida pela Controladoria-Geral da União (CGU). Mesmo negando a ‘Abin paralela’, as investigações mostram que o currículo da promotora de Justiça do Rio de Janeiro e responsável pelo caso Marielle, Simone Sibilio, foi impresso em uma das máquinas do ex-diretor da Abin.

“Qual o sentido que há em a Abin ficar bisbilhotando a ficha corrida ou a ficha judicial de políticos que nem estão participando do governo?”, indagou.

Mesmo com provas obtidas pela PF e Carlos Bolsonaro sendo alvo potencial, o cientista político avaliou que, no entanto, a família Bolsonaro dificilmente estaria com equipamentos que pudessem comprometê-los. A atenção recai, nesse momento, sobre um de seus assessores, cuja esposa é funcionária da Abin.

“Qualquer um imagina, nessa situação em que eles estão, que pode ser o próximo alvo de uma operação de busca e apreensão da PF.

O cerne da questão, explicou Couto, está na estreita relação do ex-funcionário da Abin, que agora é associado a Carlos Bolsonaro, fato que intensifica as preocupações sobre a criação de um sistema de inteligência paralela em benefício da família.

Para você ter um ex-funcionário da Abin, hoje do Carlos Bolsonaro, sabendo que o Carlos tinha toda essa preocupação de criar um sistema paralelo de inteligência para abastecer a família, acho que tudo isso traz uma série de elementos importantes“.

Acapulco brasileira

O jornalista Luis Nassif, que integra a bancada do programa que é uma parceria entre Couto, GGN e CartaCapital, destacou a atuação dos Bolsonaro, semelhante a de uma organização criminosa, e, ainda, o envolvimento do clã com a milícia de Rio das Pedras e a ligação com o chefe do escritório do crime, Adriano da Nóbrega, envolvido na morte da vereadora Marielle Franco.

“E quando você pega Angra dos Reis, nós temos documentos mostrando que eles estavam criando um bunker em 2006. As milícias começam a invadir Angra quatro anos atrás. A gente percebe isso quando o pessoal [clã Bolsonaro] vai para os cartórios adquirir terras e tudo por lá. Querem transformar Angra dos Reis na Acapulco brasileira (…) Num curto espaço de tempo, você tem a morte de Adriano [da Nóbrega] e a morte do [Gustavo] Bebianno. Ou seja, não estamos tratando de uma política convencional”. 

Assista ao programa completo pelo link abaixo.

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