As dificuldades para governar São Paulo

A questão não é essa. Não é torcida contra. É que São Paulo é intratável, mesmo. Ser prefeito dessa cidade por quatro anos é sepultar a carreira. Dos prefeitos de São Paulo desde Mário Covas, apenas Serra se elegeu para um cargo maior, o de governador, e deu no que deu. Maluf hoje não se elege para nada mais que deputado; Suplicy, também; Pitta morreu esquecido; Erundina só se elegeu deputada, depois; Kassab está entre o fogo e a frigideira com o PSD dele. O último prefeito a ter uma carreira política ascendente depois foi Mário Covas, e São Paulo então não era nem de longe o caos que é hoje.

Todos os candidatos que são ex-prefeitos têm rejeição alta, inclusive Serra.

A paulicéia desvairada precisa de um projeto de uma geração, com total harmonia com os governos estadual e federal e absoluto desprendimento pessoal e compromisso social dos políticos. Só que isso não vai acontecer. Então todos os prefeitos, de hoje para toda a eternidade, vão se limitar a tapar o sol com a peneira, no melhor caso e com as melhores intenções. E isso não é um problema só de São Paulo, mas de todas as megalópoles do mundo em desenvolvimento. O Rio de Janeiro também é desafiador, mas é menor e parece haver relativa harmonia entre o governador e o prefeito, além da ajuda do governo federal. Só que São Paulo, nem quando o governador é do mesmo partido (tucano) parece que a coisa anda.

Eu já sugeri antes o desmembramento em municípios menores, para despertar menos cobiça dos políticos e torná-la mais administrável. Mantenha-se apenas uma fração do centro, onde estiverem os prédios da administração estadual, como São Paulo de Piratininga.

Então, não, não quero ver uma pessoa da envergadura de Fernando Haddad receber o beijo da morte da prefeitura de São Paulo. Concordo que Erundina seria a opção menos pior, mas ela já tem 76 anos e não merece abreviar a vida e a carreira política com um abacaxi desses. Do contrário, eu preferiria ver um inocente útil como Chalita ou uma personagem sinistra como José Aníbal se eleger: pelo menos São Paulo prestaria um favor ao Brasil nos livrando de um político ruim.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador