Bolsonaro e a capacidade de destruir consensos

Para pesquisadores, mensagens do ex-presidente podem destruir consensos sobre temas importantes para política e a sociedade

Foto: Reprodução/pt.org.br

Um debate a ser feito em torno dos eventos ocorridos em 08 de janeiro se referem à possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser responsabilizado pelos eventos, seja por conta de suas declarações ao longo dos anos ou após a derrota nas eleições de 2022.

Em artigo publicado no jornal O Globo, Felipe Nunes, professor de ciência política na UFMG e diretor da Quaest, e Frederico Batista Pereira, professor de ciência política na Universidade da Carolina do Norte, cabe questionar se a retórica de um presidente poderia impulsionar seguidores a eventos como os ocorridos no último domingo.

Os pesquisadores citam um experimento que a hipótese da influência da retórica de Bolsonaro sobre a opinião pública durante a pandemia de covid-19, entre os dias 19 e 23 de março de 2020.

Uma amostra de mil participantes respondeu a um questionário online, em que as repostas foram divididas aleatoriamente entre grupo de controle e grupo de tratamento.

Enquanto as pessoas colocadas no grupo de controle responderam perguntas mais gerais sobre a pandemia e o país, o grupo de tratamento foi questionado sobre uma fala de Bolsonaro, onde o então presidente afirmava que a pandemia seria “muito mais fantasia do que o que a grande mídia propaga”.

Um grupo de participantes mudou de opinião ao ser informado sobre a fala de Bolsonaro: aqueles mais fiéis ao presidente reduziram sua preocupação em 20 pontos percentuais na análise entre os dois grupos.

Em outras palavras: enquanto o grupo de controle estava preocupado com a pandemia nas primeiras semanas, os mais radicais passaram a se mostrar menos preocupados após a fala do presidente.

Para Nunes e Pereira, o experimento revela que a retórica de Bolsonaro, assim como de outros líderes mais radicais, afeta seus seguidores de forma direta.

Neste caso específico, os pesquisadores afirmam que as mensagens do agora ex-presidente podem destruir o consenso em relação a temas políticos e sociais, que vão de saúde pública até as instituições democráticas, passando pela legalidade das eleições.

Redação

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