Revista The Economist denuncia golpismo de Bolsonaro nas eleições 2022 e coloca reação do “sistema” em xeque

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Se nos EUA os militares não apoiaram o golpe e Trump foi enquadrado, no Brasil, o "sistema" parece "menos robusto", alerta a revista

A revista The Economist estampou em sua última capa as intenções golpistas de Jair Bolsonaro (PL), comparando o presidente brasileiro e candidato à reeleição ao republicano Donald Trump, que preferiu atacar a transparência e a segurança do sistema eleitoral dos Estados Unidos a admitir a derrota para Joe Biden.

The Economist considerou que os métodos mentirosos e manipuladores de Trump e Bolsonaro são equivalentes. A diferença que “preocupa” está, no caso brasileiro, no “sistema” que deveria “restringir” as ações de Bolsonaro. Para a revista, esse sistema no Brasil parece “menos robusto do que o [sistema] que restringiu Trump”, que hoje é investigado pela invasão ao Capitólio e teve seu conselheiro de campanha, Steve Bannon, preso.

A revista sublinhou ainda o papel dos militares no governo Bolsonaro e sua participação no plano de rechaçar eventual derrota nas urnas. “É inconcebível que as Forças Armadas norte-americanas sejam cúmplices de um golpe, mas o último regime militar do Brasil só terminou em 1985. O exército está profundamente enraizado no governo e fez perguntas sobre o sistema de votação. Há um burburinho no país sobre um possível golpe.”

Na visão da revista The Economist, “provavelmente não vai acontecer [um golpe de Estado no Brasil], mas algum tipo de insurreição pode acontecer.”

As milícias armadas de Bolsonaro

O temor é que os apoiadores de Bolsonaro, hoje mais armados do que nunca, possam reagir com violência e tomar uma “atitude agressivamente beligerante” contra a oposição ou contra os membros do tribunal eleitoral que venham a anunciar eventual vitória de Lula.

“A questão, então, é que lado tomariam as forças policiais militares, que deveriam manter a ordem e que são compostas por 400 mil integrantes. (…) Se houver caos nas ruas, o Sr. Bolsonaro pode invocar poderes de emergência para adiar a entrega do poder.”

“O melhor resultado seria Bolsonaro perder por margem ampla”

Para assegurar a sobrevivência da democracia brasileira, diz The Economist, “o melhor resultado” seria Bolsonaro “perder por uma margem tão ampla que ele não possa plausivelmente alegar ter vencido, seja no primeiro turno em 2 de outubro, ou (mais provável) em um segundo turno, em 30 de outubro.”

Lula apareceu na reportagem como “um esquerdista pragmático e um presidente bastante bem-sucedido entre 2003 e 2010”, com denúncias de corrupção que foram derrubadas na Justiça e, a despeito de tudo isso, um “defensor da democracia” que é vítima das fake news de Bolsonaro.

Ao abordar os métodos de Bolsonaro, The Economist destacou que ele aprendeu muito “truques” de manipulação de apoiadores, sobretudo nas redes sociais. E com suas mentiras coloca em xeque a segurança das urnas eletrônicas, sem apresentar provas críveis. Para a revista, Bolsonaro cria uma “realidade paralela” sobre Lula fechar igrejas e outras mentiras que são um “desatino”.

Esta matéria contou com a colaboração de Cesar Locatelli na tradução integral da revista The Economist.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. The Man who would be king, o título na capa é um trocadilho com este livro de Rudyard Kipling, que deu um filme com Sean Connery e Michael Caine. O homem que queria ser rei, em português.

  2. Vão falar dos esquerdistas da Economist , “mas o último regime militar do Brasil só terminou em 1985” pisando nos calos sem dó.
    Espero que o capital nacional se toque da encrenca que estaria se metendo.

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