As conseqüências da catarse do 2o turno

Nassif, escrevo lhe ouvindo no twitcam. Vamos aguardar as pesquisas de 2a. (Vox, DF) a 4a. (Ibope, Sensus) mas eu tenho ficado com uma impressão um pouco diferente das consequências da estrutura de boataria por internet.

Dilma está agora, nas intenções de voto, ainda claramente abaixo do que Lula estava em 2006. Digamos de 8 a 10 pp em quase todos os recortes (isso é antes da onda recente, pós-bolinha, de 4 pp.)

Mas, quando comparamos por segmentos e com a pesquisa mais próxima à eleição de 2006, Dilma está “menos atrás” de Lula nos segmentos ditos “informados” : curso superior, renda acima de 5 S.M., região Sul e SP. Em alguns desses estratos pode até estar com mais pontuação agora que Lula.

Serra está melhor que Alckmin no conjunto oposto, NE, MG, etc., o que faz pensar se o promessômetro, biografia, santinhos não teriam mais esse objetivo.

De algum modo, mesmo havendo vetores/forças em direções opostas (atuação proativa do governo, ataque midiático, propaganda na tv, spams, etc) o efeito líquido parece de redução de preconceito consciente. E nem Serra está bem no filme : na pesquisa de 2º turno feita antes da eleição, Marina se saía melhor que Serra (vis-a-vis Dilma) no segmentos sócio-econômicos melhor colocados. O PSDB também está/ficou desgastado nesse perfil.

Em SP, onde vivemos, é certo que há muita gente mandando as msgs, etc., mas é de um modo um tanto melancólico. Quem recebe os spams hoje (a maioria é de 2006, o que faz pensar que Alckmin foi conivente também) reage (então não se reagia) e as re-respostas (quando há) são constrangidas, não insistentes. Parece que as pessoas estão no preconceito por impulso, e podem até torcer para que mais alguém acredite. Mas, no fundo, as pessoas não crêem no que propagam.

(Difícil é imaginar como alguém dorme legal quando faz isso por receber dinheiro, mas aí é outra estória)

De qualquer modo toda essa exacerbação tem seu lado positivo : é muito mais fácil colocar uma posição crítica ao “macartismo” hoje. Como se tivesse havido uma catarse. Posso estar sendo otimista, mas me parece um tanto com canto do cisne da velha oposição do que germe de fascismo. Mas em observação, claro.

Mesmo em SP. Os percentuais de voto para os dois níveis de deputado, para presidente ou governador foram mais favoráveis ao PT que em 2006 (para senador não sei dizer.)

Essa pacificação de que fala vai haver. Algum grau de regulamentação da mídia também, ficou mais fácil agora. Adesismo pode ser uma tendência, às vezes sutil, às vezes não. Vamos acompanhar o percentual de anúncios privados na Carta Capital… 

Luis Nassif

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