Desabafo de leitor – 2

From: João Carlos

To: [email protected]

Sent: Sunday, September 12, 2010 5:04 PM

Subject: Crítica, crítica, crítica….

Li seus comentários, hoje, e me desanimei, menos, com o futuro da cobertura da Folha. Há alguma racionalidade possível e esta parece começar a ser recuperada pela senhora. É o que sinceramente espero. Leio a Folha há muitos, muitos anos. Estudei a Folha em minha pesquisa de Doutorado, há oito anos. Não por ser leitor, mas pelos méritos do jornal em dar espaço para idéias e debates sobre a redemocratização brasileira, objeto de minhas pesquisas de então.

Mas confesso minha decepção e crescente desinteresse em ler o jornal, no que se refere à cobertura política. Comecei desconfiando das matérias. Havia coisas estranhas. Com o tempo passei a não confiar mais em vocês. Agora leio, apenas, para detectar a que ponto de indecência e decadência se pode chegar. Esta é a verdade! Não estou querendo ser rude e me desculpe se pareço sê-lo. Mas quero ser veemente em minhas colocações. A Folha deixou de fazer jornalismo políti co e passou a fazer campanha contra uma candidata. E o que é pior: sem avisar ao seu leitor fiel, como eu sempre fui e estou deixando de ser.

Tenho pensado em romper meu vínculo midiático com o portal UOL que já remonta há vários anos somente pela revolta que me assalta com o nível de dirigismo, de cinismo, de desonestidade jornalística com que o jornal e o portal têm tratado a cobertura político-eleitoral de 2010.

O ridículo do Dilmafactsfolha relatado pela senhora é parte de um processo de constante ataque que o grupo tem empreendido contra a candidata, o seu mentor e o governo dele. Tudo bem, quer fazer isso, faça! Tem todo o direito de criticar erros cometidos por quem quer que seja. Mas devo discordar quando a senhora denuncia desequilíbrio na apuração da Folha. Não é só desequilíbrio. É opção ideológica ou política. Não há críticas a Serra ou a seu governo porque obviamente ele é o candidato do grupo Folha. Mais u ma vez digo: se a Folha admitisse isso, se assumisse sua opção, em editorial, como jornais de outros países fazem eu seria o promeiro a aplaudir. Mas não o faz e finge, tanto quanto outros meios de comunicação, proceder com isenção , equidistância e “equilíbrio”. Isto se chama mentir ao leitor.

A senhora vai ter trabalho. Veja o jornal de hoje: Pergunto-lhe: Por que a primeira matéria de cobertura das eleições é a repercussão da matéria do panfleto Veja anti- Dilma. Me diga com sinceridade: se a Folha quisesse tratar com isenção o episódio porque colocar a matéria como parte da cobertura eleitoral? Por que não no caderno Poder? Erenice é ministra não é candidata. Seu filho é candidato? Há.. não, mas eles estão ligados à Dilma, então….

Me permita a franqueza, cara Suzana Singer, mas colocar como manchete ” Filho de sucessora de Dilma teria feito lobby” é patético. A Folha, na sua cobertura política, também o é.

João Carlos Cardoso 

Luis Nassif

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