Gilberto Maringoni
Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.
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Militares apurados têm de apurar tudo!, por Gilberto Maringoni

Quem deverá ser chamado para efetuar a contagem, checagem dos votos e respectiva proclamação de resultados? Tenho sugestões.

Militares apurados têm de apurar tudo!

por Gilberto Maringoni

O ilustre presidente Jair Bolsonaro sugeriu, num discurso em Palácio, que os militares participem da apuração das eleições de outubro. Ótima ideia!

O mais alto mandatário afirmou o seguinte:

“Quando encerra eleições (sic) e os dados chegam pela internet, tem um cabo que alimenta a ‘sala secreta do TSE’. Dá para acreditar nisso? Sala secreta, onde meia dúzia de técnicos diz ‘quem ganhou foi esse’. Uma sugestão é que neste mesmo duto seja feita uma ramificação, um pouco à direita, porque temos um computador também das Forças Armadas para contar os votos”.

ATÉ AQUI NÃO SE SABIA que um cabo levaria os dados até uma sala secreta do TSE. Quem acompanha o cabo? Um soldado? Estariam os dois a caminho de fechar o STF, quando foram chamados para fazer um frila, transportando votos eletrônicos? Não se sabe.

Pelo sim, pelo não, trata-se de decisão sábia, uma vez que a Ciência, após exaustivos estudos, ainda não descobriu a serventia exata das Forças Armadas brasileiras. Elas foram alocadas em ministérios, em funções de chefia, e em 8 mil cargos na Esplanada e a utilidade de tão brioso corpo ainda é desconhecida para a Nação. As pesquisas continuam.

Mas a sala secreta dos militares há de ser bem estruturada.

DEVE-SE COMEÇAR COM O CARDÁPIO, pois ninguém é de ferro. Quilos e mais quilos de camarão e picanha, regados a bons vinhos! Aliás, depois do general de pijama, o governo criou o posto de general de picanha. Gente de escol como nossos altos oficiais não podem ser tratados como cidadãos de segunda linha.

Quem deverá ser chamado para efetuar a contagem, checagem dos votos e respectiva proclamação de resultados? Tenho sugestões.

O primeiro, naturalmente, é Queiroz. O ex-policial militar conta de cabeça, sem calculadora, até 89 mil fácil, fácil. É talhado para o posto.

O general Heleno deve apenas dar apoio. Como até o reino mineral tem conhecimento, nosso valente homem das casernas se atrapalha um pouco para contar até 39. Se na contabilidade entrar 1 avião presidencial e 1 viagem à Espanha, a coisa embanana.

TEMOS O HONORÁVEL GENERAL PAZUELLO, especialista em logística. Ele pode se confundir entre os votos de Aracaju e do Amazonas, mas sabe contar até 350 mil, sem vacina. Homem certo na função certa. Um vota e outro obedece!

Coronel Élcio Franco, figura discreta, some quando precisa e aparece quando não precisa. Ideal para garantir a lisura da apuração.

O astronauta! Homem do Ministério da Ciência e Futurologia, poderá entrar na sala como entra numa nave espacial ou num ministério, sem saber absolutamente o que está acontecendo.

O POPULAR GENERAL RAMOS dirá que não tolerará votos que ofendam as Forças Armadas, como por exemplo aqueles dados a Lula.

General Braga Netto, o homem da intervenção no Rio. Será vice de alguém que estiver apurando e interventor quando se precisar de intervenção. Poderá proclamar os resultados com vozeirão de ordem do dia, mantendo o mesmo compromisso com a verdade factual que demonstrou ao redigir a notável nota sobre o golpe, digo revolução, de 1964.

DESCONHECEM-SE ATÉ AQUI os efeitos que os carregamentos de viagra, próteses penianas e gel lubrificante – necessidades vitais de nossas Forças – terão nos excitantes trabalhos de supervisão das apurações. Pouco importa. Como diz o presidente, a sala será secreta e o sigilo será absoluto.

Aliás, apuradas as urnas, a depender dos resultados, ventila-se que estes serão mantidos em sigilo por 100 anos.

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

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Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro. É professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, tendo lecionado também na Faculdade Cásper Líbero e na Universidade Federal de São Paulo.

1 Comentário

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  1. Se todos os partidos políticos podem exercer a tarefa de fiscalização das eleições, por que não o Partido Militar? Ademais, se os votos se mostrarem desfavoráveis, é sempre bom ter um General de pulso forte para dar um murro na mesa, encerrar o jogo e levar a bola… digo… alterar os resultados, para melhor refletir a opinião das Forças Mimadas. Esse processo de votação eletrônica, sem a fiscalização do Partido Militar, é completamente descontrolado. Antigamente, com as cédulas pré-impressas, podíamos estar seguros de que a apuração não traria surpresas. Agora, entretanto, o resultado pode até dar a vitória à maioria dos eleitores. O que, convenhamos, trata-se de um grande absurdo. Inadmissível mesmo.

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