Precisamos falar de Keep Calm na apuração de domingo, por Gunter Zibell

É necessário pensar o que pode acontecer com a distribuição dos votos da 3ª via para poder imaginar a apuração de votos no domingo.

Precisamos falar de Keep Calm na APURAÇÃO DE DOMINGO.

por Gunter Zibell

Não sabemos como os votos nem-nem se distribuirão. Mas…

… Sabemos que nunca os nulos de 1º turno foram tão baixos. Foram apenas 4,4% em 2022 (e em todos os anos de 2002 a 2018 ficaram entre 8,4% e 10,4%). A decisão do eleitor está maior.

… Também sabemos que nunca foram tão poucos os “3ª via”. Foram apenas 8,4% no 1º turno. Outro indicador de decisão.

… E, apesar da abstenção ter sido elevada (21%), PT + principal oponente receberam 69% dos votos possíveis (proporção do eleitorado total registrado). Isso aconteceu em 2006, mas naquele ano a abstenção foi a mais baixa desde 2002 (17%)

Então, nunca o eleitorado esteve tão decidido. E, ao comparecer em 79% às urnas (um pouco menos que os 83% de 2006), anulou muito menos e também atribuiu um número menor de votos a terceiros e quartos. Desse modo, mais convicto, distribuiu-se em 48,4% para Lula e 43,2% para JMB, o que neste subconjunto resulta em 52,9% para Lula.

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Porém, a vitória no 1º turno não veio. Será que virá no 2º? Hoje teremos mais Datafolha e mais Ipec. Se repetirem os dados das últimas duas semanas e ficarem em 53 x 47 ou 52 x 48, provavelmente sim. O erro médio das últimas quatro eleições no Datafolha foi 1 pp.

A Datafolha de quinta 27 apontou 52,7% (49/[49+44]). Algo muito próximo do 1º turno (52,9%).

E isso em quase todas as regiões. A única região onde as pesquisas apresentam percentual menor para Lula do que foi no 1º turno é o Sul, onde foi-se de 40,5% para 38%.

É necessário pensar o que pode acontecer com a distribuição dos votos da 3ª via para poder imaginar a apuração de votos no domingo. Assumiremos que se distribuirá em cada região na mesma proporção. Ou seja, se numa região (por exemplo, Sul), os votos foram 60% para JMB e 40% para Lula [dentro da soma de ambos], consideraremos que os votos para 3ª via nesses estados migrarão na mesma proporção no 2º turno. Idem para o Nordeste, onde a proporção é inversa e a apuração se dá mais para o final da noite.

No 1º turno, Lula passou JMB aos 70% de apuração. Então é muito possível que isso se repita se a distribuição regional de votos se mantiver. Acho improvável que seja necessário esperar 80 ou 90%.

Mas é importante perceber que a partir dos 30% é quando a virada começa nos novos números que entram. No 1º turno JMB acumulou quase 1,4 MM de votos a mais que Lula. E isso levou a um 47,6% (JMB) a 43,6% (Lula). Porém, entre 30% e 70%, Lula acumulou 1,6 MM a mais, levando ao empate.

Então, deve-se observar com atenção o ritmo de entrada de votos de cada candidato, não apenas o líquido remanescente. Se por volta dos 30% de apuração a diferença acumulada pró-JMB não estiver muito diferente de 1,5 MM de votos, e se essa diferença começar a diminuir a partir de 40%, será repetição do cenário. E é de 70% da apuração em diante que entram os 6 MM de votos a mais de Lula no Nordeste. (No total são 13 MM, mas metade já terá sudo incorporada nos movimentos anteriores.)

Cabe falar de abstenção. É muito difícil prever. Mas também sabemos que há uma tendência a abstenção em 2MM de votos maior no 2º turno. Não pude analisar estado a estado para outros anos, mas que motivo levaria a alguém que se mobilizou no 1º ano a não fazê-lo no 2º turno? Talvez não haver eleições para governadores.

Este ano teremos 2º turno em 12 estados, envolvendo cerca de metade do eleitorado total. Embora provavelmente a abstenção maior diminua o eleitorado lulista, a coincidência deste ano é que o 2º turno se dará em BA e PE, estados onde talvez se mantenha a votação de Lula pelo interesse em votar em seus candidatos a governador. Ou em SP e RS, maiores estados de suas regiões, mas onde Lula recebeu 46% dos votos. Um aumento de abstenção nesses estados seria quase neutro. A exceção seria MG, onde Lula talvez possa ver sua maioria reduzida.

Redação

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