Em defesa da neutralidade da internet

O anúncio de que a presidente Dilma Rousseff pretende levar à assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas) a proposta de neutralidade da rede (internet) é um gesto de largo alcance. 
 
Primeiro, pelo reconhecimento de que a internet é uma questão global – embora tenha que se assegurar o poder soberano do país sobre as grandes corporações globais.
 
Segundo, a convicção de que a neutralidade da rede é essencial para promover a isonomia e permitir a manutenção do atual ambiente de inovação e empreendedorismo e, principalmente, a pluralidade e liberdade de opinião que caracteriza a rede.
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Ao longo de sua história, os diversos ciclos tecnológicos foram submetidos ao controle monopolista, seguindo o mesmo  ciclo:
 
1. Surge uma inovação radical. Em um primeiro momento, pequenos empreendedores se valem dela para criar novos modelos de negócios. 
2. No momento seguinte, um agente qualquer, amparado em poder econômico próprio ou associado a poder financeiro, passa a concentrar poder no novo mercado..
3. Com o poder consolidado, trata de sufocar a competição. 
***
Maior monopólio da história, a AT&T controlava a telefonia nos Estados Unidos e mantinha os Laboratórios Bell para prospectar o futuro. Organizou um contingente impressionante de PhDs, prêmios Nobel trabalhando em inovação.
 
No entanto, era colocada de lado qualquer inovação que pudesse ameaçar a tecnologia vigente.
A tecnologia de armazenamento de dados – os HDs – foi desenvolvida nos anos 1930 por um engenheiro da Bell, Clarence Hickmann, que inventou um precursor das secretárias eletrônicas. Mas julgou-se que sua introdução afetaria as ligações telefônicas. Foi deixado de lado.
Outras inovações, como fibra óptica, telefone celular, máquinas de fax, a tecnologia DSL (de banda larga pelas linhas de cobre) foram engavetadas, para não colocar em risco o mercado convencional da AT&T.
***
Não há nada mais similar ao modelo soviético de planejamento do que o controle centralizado de setores por monopólios privados. Concentra-se todo o poder de  inovação nos órgãos centrais que, pelo próprio acomodamento trazido pelo controle absoluto do mercado, deixam de inovar, perdem a sensibilidade das novas demandas e matam qualquer avanço que possa produzir um novo ciclo tecnológico.
***
Daí a importância do Marco Civil da Internet, atualmente em discussão.
 
Para evitar a formação de monopólios, há alguns pontos essenciais:
1. Não se pode permitir o predomínio das empresas de telefonia, selecionando categorias de usuários para o trânsito de dados. Por isso mesmo, nem se pensar em submeter o setor ao MInistério das Comunicações ou à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). 
2. Para impedir o controle do mercado pelos grandes players internacionais – Google e Facebook – tem de se assegurar a neutralidade nos mecanismos de busca e também a interoperabilidade nas redes sociais.
3. Tem de se assegurar a isonomia tributária entre as tecnologias convencionais (TV a cabo, jornalismo, publicidade) com as grandes redes sociais.
4. Não se pode responsabillizar os grandes provedores por abusos cometidos por usuários. Pois significaria colocar em suas mãos o poder de censura.
 
Redação

30 Comentários

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  1. Outro exemplo de mercado

    Outro exemplo de mercado morto pelos grandes grupos foi o das locadoras de vídeo. Primeiro permitia-se a pirataria descarada para que as pessoas adquirissem equipamentos de videocassete. Em seguida, forçou-se a legalização dos filmes nas locadoras pois era mais fácil fiscalizá-las. Como a pirataria era fácil, criou-se o DVD, pois as pessoas já estavam acostumadas a locar filmes, e ao invés de alugá-los nas locadoras, venda direta em supermercados por preços módicos (enquanto as locadoras tinham que pagar preço cheio pelos mesmos títulos).

    Em telecomunicações, o fato da agência ter sentado em cima dos leilões de TV a cabo e MMDS por mais de dez anos, apesar da Lei dizer que havendo manifestação de interesse a agência teria 90 dias para organizar uma licitação e a despeito de haverem mais de mil processos solicitando outorgas parados na autarquia matou esse mercado que agora é oligopolizado também.

    Sem contar o que houve com as empresas de pager, mortas pela concorrência do SMS na tecnologia celular pré-paga.

    1. TV a cabo e ampliação dos acessos de banda larga

      Essa de congelar as autorizações de TV a cabo foi um tiro no pé da ampliação do acesso de banda larga.

      Tem esse estudo de 2010 do Prof. Paulo Coutinho da UnB que mosta que o aumento de 10 pontos percentuais na penetração do serviço de TV a cabo está relacionado com o aumento de 8,1 pontos percentuais de aumento na penetração do serviço de banda larga.

      Broadband expansion in Brazil: An empirical study http://www.acorn-redecom.org/papers/acornredecom2010oliveira.pdf

          1. Sim mas meu ponto é que não

            Não há impacto de um sobre o outro porque não há nem um nem outro. É tudo dado que passa por um cabo. É tudo a mesma coisa.

             

          2. A adoção de TV a cabo influenciando na adoção de banda larga

            Impacto do aumento do nº de assinantes de um serviço sobre o nº de assinantes de outro.

            Se aumentar a penetração do serviço de TV  a cabo em X % isso está relacionado com o aumento de Y % da penetração do serviço de banda larga.

            A adoção de um serviço (TV a cabo) influenciando na adoção de outro (banda larga).

            Quantificar serve para estudo de políticas públicas de favorecimento à penetração de banda larga. Análise de custo-bnefício etc.

  2. Olha. Fiquei surpreso com a

    Olha. Fiquei surpreso com a decisão da Dilma. Tomou a decisão correta, e no momento correto.

    As Teles fazem um lobby grande para acabar com a neutralidade da rede, e ela assumiu a defesa dela.

    Para verem que, quando é preciso, não tem esse argumento conformista de correlação de forças não, a Presidenta pode muito bem assumir posições firmes. Pode até eventualmente perder no Congresso, mas com a tomada de posição direta, e um veto Presidencial em último caso, o negócio fica um pouco mais equilibrado.

    Esta questão da neutralidade da rede é uma batalha que será constante nos próximos anos, quiçá décadas. Eu também concordo com Nassif e pontuo: esta relativa anarquia na internet, com mídia alternativa, blogs “sujos” contrabalanceando a mídia hegemônica, é só um capítulo na queda de braço entre gigantes da internet e tradicionais empresas de jornalismo.

    Para a Google, Facebook, Microsoft, etcétera, é salutar que a cobertura dos blogs ajude a minar a já combalida credibilidade da Globo, FSP, Estadão, Veja, etcétera, acelerando a migração dos grandes anunciantes para o espectro eletrônico. Uma vez completada a migração, ou seja, quando está “tudo dominado”, é natural que as Teles, as gigantes da internet e os bancos, construtoras, montadoras, etcétera que anunciam, queiram acabar com a anarquia na rede.

    A manutenção da neutralidade da rede, e outras medidas que Nassif pontuou (como assegurar a neutralidade dos mecanismos de buscas – imporantíssimo – e quebrar o monopólio das redes sociais) será a nova “Lei de Meios”, além da sempre necessária e urgente Lei para regular as concessões de Rádio e Televisão.

    Esta questão da neutralidade dos mecanismos de buscas me causa particular apreensão. Na internet (Facebook, Twitter, Youtube), assuntos tornam-se virais na medida em que aparecem para o maior número possível de pessoas. Já é sabido e consabido que empresas como Google e Facebook exercem controle de conteúdo. Então, é possível aprovar um marco legal que obrigue essas empresas a ter esta “isenção” para deixar a informação fluir livremente, não importa qual o assunto?

    Sei não. Assim como nas Concessões de Rádio e TV, creio que será preciso também que a propriedade dos mecanismos de busca e redes sociais sejam democratizados também. A liberdade na internet dependente de meia dúzia de gigantes também fica comprometida.

    1. Adorei seu terceiro

      Adorei seu terceiro parágrafo.

       

      Agora sobre “democratizar” mecanismos de buscas… o que quer dizer isso democratizar?

      Se vc quiser tentar, escreva um códico fonte similar ao do Google e fique bilionário, doe para a ONU ou faça o que quiser . Qualquer um pode tentar mas não basta uma canetada, antes vc tem que escrever um código que só pode ser escrito por um gênio ok. 

      A Google foi criada sobre uma fórmula, um mecanismo de pesquisa nada mais é do que uma fórmula matemática. Uma fórmula tão genial que virou uma das maiores empresas do mundo.

      Se vc avcha que no Brasil ou melhor no governo brasileiro há pessoa capaz dessa façanha fica a pargunta: porque esta pessoa não escreve para sí e vende por, digamos, US$1bi.

      A MS há uns 10 anos comprou uma “fórmula” por este preço exato, US$1bi e assim foi criado o BING.

      Boa sorte!

      Abraço

      1. É, realmente, você tem razão.

        É, realmente, você tem razão. Talvez tenha sido ingênuo e incauto na minha assertiva. A parada é dura e sem solução fácil no horizonte.

        Só que soluções devem e podem ser pensadas.

        Estes algoritmos e cálculos que a Google faz, para aparecer as respostas que bem entender, dependendo do usuário-consumidor, é um perigo.

        Dá muito bem pros EEUU estimular, via Google e Facebook, a “revolução” que bem entender, e sufocar as que vão de encontro aos seus interesses.

        Você, que é mais bem entendido que eu no assunto (e isto digo sem ironia), há uma solução que você consegue enxergar para resguardar nossa soberania digital?

         

        1. Não sou entendido, apenas

          Não sou entendido, apenas curioso.

           

          Pra início de conversa, lançar nosso satélite de comunicação. Nós temos que ter no mínimo um satélite de comunicação militar(Governamental) em órbita sigilosa.

          Novo cabo submarino ligando Brasil a Europa. Hoje toda a comunicação do Brasil com a Europa passa obrigatóriamente pelos EUA.  

           

          Quanto ao resultado dos buscadores…Eu sei que tem gente que controla isso de perto principalmente nos EUA mas não sei como eles o fazem. Há muitos interesses comerciais nos resultados das buscas.

          Hoje o Google tem a neutralidade como um dos pilares do seu negócio. O futuro do seu negócio depende disso. Não acredito que neste momento, enquanto isso for um pilar para o google, eles brinquem com isso.

          Basta ficar de olho, hehehe.

          Sinceramente, isso é importante mas não tanto quanto outras questões que estão na mesa.

          1. “Hoje o Google tem a

            “Hoje o Google tem a neutralidade como um dos pilares do seu negócio. O futuro do seu negócio depende disso. Não acredito que neste momento, enquanto isso for um pilar para o google, eles brinquem com isso.”

              😀 eles brincam e tu tá brincando também né ? será que você é o último a saber ? o google se mantem pela posição privilegiada que alcançou, de onde pode literalmente  comprar a maioria dos concorrentes que surjam.

      2. Iria além, não é só uma

        Iria além, não é só uma questão de código. É preciso estrutura (hardware e banda) para indexar a internet de forma contínua para garantir que os resultados da busca de hoje não vão se tornar ultrapassados amanhã. Fora o problema das diversas linguagens do mundo. Algum brasileiro poderia construir uma busca superior para conteúdo nacional, mas na hora de buscar algo em inglês ou espanhol, não ser uma boa opção, simplesmente porque não trataram conteúdo em língua estrangeira.

        É mais fácil aparecer outra rede social, já que é um tipo de negócio que pode começar pequeno e crescer gradualmente, conforme entram novos usuários. Até porque existem redes sociais temáticas explorando certos nichos, como LinkedIn, Steam, etc.

        1. Uma outra solução seria a

          Uma outra solução seria a criação de uma lei rígida que criminalize mundialmente a invasão da neutralidade, mas para tanto seria necessária a colaboração dos organismos internacionais, que infelizmente estão todos dominados justamente pelos EUA.

          1. Criar uma lei mundial?
            Existe

            Criar uma lei mundial?

            Existe tal coisa?

            Amigo, não existe Lei mundial. Existem convenções que um país pode signatar ou NÃO. Não existe obrigatoriedade.

            Abraço

          2. Sei disso, mas está mais do

            Sei disso, Chupa Dedo, mas está mais do que na hora da criação de um sistema legal mundial imperativo, e que não fique apenas ao arbítrio da concordância e assinatura dos países, o mundo necessita disso urgentemente. 

        2. Indexar a internet? isso é

          Indexar a internet? isso é ridículo e absurdo.

          Google funciona por causa do seu código. Não há indexação. Por isso o google é o google e o resto é só o resto.

          Sem seu código de bilhão de dólares vc não vai a qualquer lugar.

          Abraço

          1. Está longe de ser ridículo e

            Pode parecer ridículo e absurdo, mas é o que o Google faz… 

            Segue informação do próprio Google para confirmar.

            Por sinal, não vou afirmar que sem nenhum tipo de indexação seria inviável teoricamente, mas me parece pouco provável e improdutivo. Seria necessário um trabalho em “tempo real” extraordinário, para encontrar aquilo que é buscado em toda rede, quando é mais “fácil” ter as informações para processar tal busca localmente com base em algum algoritmo.

            http://www.google.com/intl/en/insidesearch/howsearchworks/crawling-indexing.html

            How Search Works

            These processes lay the foundation — they’re how we gather and organize information on the web so we can return the most useful results to you. Our index is well over 100,000,000 gigabytes, and we’ve spent over one million computing hours to build it. Learn more about the basics in this short video.

      3.   Você acha que o governo

          Você acha que o governo precisa de uma fórmula mágica pra criar “um google” ? o governo não cria um engenho de busca porque não quer, a fórmula do google  aliás é bem conhecida mas fórmula é só o pobnto de partida, investimento é que faz a diferença para indexar milhões de páginas continuamente assim como uma enome quantidade de acessos de usuários.

  3. “Para evitar a formação de

    “Para evitar a formação de monopólios, há alguns pontos essenciais”:

    Concordo com todo o item, mas alguem tem que saber colocar uma linha na areia, Nassif!  Olhe o seu exemplo:

    “Maior monopólio da história, a AT&T controlava a telefonia nos Estados Unidos e mantinha os Laboratórios Bell para prospectar o futuro. Organizou um contingente impressionante de PhDs, prêmios Nobel trabalhando em inovação.

    No entanto, era colocada de lado qualquer inovação que pudesse ameaçar a tecnologia vigente.”

    Eh, so que chamadas telefonicas eram 10 centavos de dolar no comeco dos anos 80, e ja tinham sido por 4 decadas.  Os mesmos 10 centavos para chamadas locais, no pais inteiro.  Ja nos anos 90 a coisa degringolou tanto, mas tanto, que voce podia pagar ate 1.50 e 2.00 por uma chamada local de um telefone publico.

    Nao existe linha na areia depois da quebra de qualquer monopolio.  Nao so nao existe como as empresas tratam de cooptar todo mundo no governo para nao serem controladas -tanto que a Anatel acabou de trocar uma multa multimilionaria para uma telecom por uma promessa de serem futuramente bonzinhos e pouquissimo mais.

    Quem foi consultado pra isso?  Ninguem da populacao.  O caso NAO era de danificar a compania pelo prazer, era de justica.  Que nao foi feita e a Anatel sabia muitissimo bem disso.  A multa tinha toda todo o prazer de fazer justica a uma compania que -essa sim-danificava os consumidores por prazer.  E nao era a unica e nao vai ser a ultima.

    Nao eh aa toa que a quebra de monopolios tambem eh chamada de “desregulamentacao”.

    So que nao existe monopolio que IMPEDE a passagem do tempo e que impede o desenvolvimento de novas tecnologias:  isso eh mito que voce engoliu como varios dos emlhores analistas do mundo.  O que existe mesmo eh uma mitologia de quebra de monopolios em prol do caos, porem jurando que eh pro seu beneficio e te aliciando pro lado deles-que eh precisamente o que aconteceu com a telefonia norte americana e brasileira.

     

    Quando eh que DEIXA de valer a pena?  Quando a exploracao eh maior que o beneficio.

    Essa linha nenhum governo do mundo tracou na areia.  Vide bancos, industrias, transportes, “seguros” de saude, e etc.  Vide media brasileira.  Nem quando a areia deles esta se desfazendo em poeira sob seus proprios pes essa linha foi tracada, ate hoje, como ja vimos acontecer com os telefones publicos caindo aos pedacos e cobrando 2 dolares por chamada -e varios outros exemplos que nao vou colecionar agora.

    Todos eles,todos esses campos, lidam diretamente com seus cooptados dentro do governo e ninguem do Brasil tem qualquer poder de barganha!

    Esse processo eh estruturalmente o mesmo, ate mesmo em financiamento de campanha eleitoral -alguem se lembra da lei que passou no congresso ontem?  Nao foi acidente nao, e gostaria ate de dizer que foi so pelo dinheiro mas nao eh verdade:  foi porque a areia do poder esta se esvaindo e virando poeira debaixo dos pes deles.

    Quando eh que a linha na areia vai ser desenhada, entao?  Nao tenho razao para crer que Dilma precisasse de qualquer tipo de “esforco” pra ser dura -Dilma EH dura!- mas, entre outras coisas, as “Ana”s nao deixam, o judiciario nao deixa, a media nao deixa, os lobbies nao deixam, a Base Aliada de Trairas nao deixa, etc.

    Isso dito, a linha na areia da neutralidade eh uma “prohibicao” no sentido formal da teoria das narrativas.  Ela vai se esvair com o tempo, infelizmente.  Eh so esperar o colapso final da media tradicional que o campo vai estar aberto para o caos (e as companias brasileiras tem muito poucas chances de prosperarem sem protecao do governo, elas nunca tiveram estrutura pra isso).

    Porem, voces nao vao ver “chamadas de 10 centavos” mais nao, essa epoca passou, pois a “desregulamentacao” assegura caos em nome da “evolucao” e do seu “bem estar” independente do tipo de tecnologia envolvida.  E desregulamentacao existe somente para isso.  O processo esta viciado desde o comeco.  E nao eh de agora nao, eh desde a quebra do monopolio da AT&T, que merecia um pouco mais do que a trairagem que teve do governo americano.  E o que faz a AT&T hoje?  O mesmo que o resto delas faz.  Caos e exploracao social.

  4. “2. Para impedir o controle

    “2. Para impedir o controle do mercado pelos grandes players internacionais – Google e Facebook – tem de se assegurar a neutralidade nos mecanismos de busca e também a interoperabilidade nas redes sociais.”

    Nassif, em relação aos mecanismos de busca, me parece inviável alcançar alguma forma de neutralidade. Seria quase como a hipotética busca pela imparcialidade da imprensa.

    De alguma forma Google, Bing, Yahoo ou qualquer outra empresa que entre nesse mercado de busca irá ordenar as informações, no caso, links para sites da internet. E no nomento que se estabelece uma ordem, independente do critério, quem aparecer acima, terá mais benefício que o site que aparece no fundo da primeira página, ou que o site que estará na segunda ou terceira, que poucos visitam.

    Poderia ser concebida alguma forma não ordenada de apresentar os resultados, como aquelas nuvens de palavras, sempre randomizando a posição dos links com maior destaque. Mas até que ponto tal ideia agradaria ou seria benéfica para o usuário? 

    Outra possibilidade para se aproximar da tal sonhada neutralidade, seria a transparência total dos critérios que regem cada uma das ferramentas de busca, mas o risco alegado é de que tal abordagem iria facilitar a exploração das mesmas, seja por parte de empresas, como parte de criminosos tentando infectar computadores de terceiros.

    Além da questão da transparência, temos ainda o alegado “problema” da personalização. Os resultados não são iguais para todas as pessoas ou para todos os lugares do mundo. Mas até que ponto é um problema ou uma solução que os resultados de alguém, por exemplo, morando no Brasil seja igual ao dos portugueses? Ou dos americanos iguais aos britânicos?

    1. “em relação aos mecanismos de

      “em relação aos mecanismos de busca, me parece inviável alcançar alguma forma de neutralidade. Seria quase como a hipotética busca pela imparcialidade da imprensa”:

      Neutralidade nao pode ser “o que diz que eh neutro”.  Necessariamente tem que ser “o que age neutro”.  Isso nao esta acontecendo.  Como eu contei no mes passado, eu fiz uma pesquisa no google de um unico hospital de cancer em NY e em poucos dias fui bombardeado por spams sobre cancer.  A “neutralidade” minha?  Existe.  O que nao existe eh a meta neutralidade do google.  Isso nao me interessa exceto por meus resultados de pesquisa serem vendidos e mercadeados pra la e pra ca sem meu consentimento.

      “Poderia ser concebida alguma forma não ordenada de apresentar os resultados, como aquelas nuvens de palavras, sempre randomizando a posição dos links com maior destaque. Mas até que ponto tal ideia agradaria ou seria benéfica para o usuário?”:

      Nao, Ed!  O que faz um cliente eh o grau de satisfacao.  Ao perder tempo demais procurando uma coisa e nao achando o “cliente” cai fora -esse eh o probleminha do Bing.

      “Além da questão da transparência, temos ainda o alegado “problema” da personalização. Os resultados não são iguais para todas as pessoas ou para todos os lugares do mundo”:

      A “personalizacao” eh feita por computador e pesadissimos algoritmos logicos e matematicos!  Nao sei porque alguem se importaria com isso, eh uma alegacao vazia.

      1. Bem lembrado Ivan. Deixei de

        Bem lembrado Ivan. Deixei de fora a questão da propaganda associada com buscas passadas. E considerando que eles controlam boa parte dos anúncios, a ‘personalização’ acaba ocorrendo nos anúncios também.

        Mas sobre se importar ou não sobre a personalização dos resultados, temos o risco de isolamento de grupos numa zona de conforto.

        Vamos supor que alguém pesquisa sobre PIG ou petralhas. Com a personalização, existiria o risco da pessoa, ao pesquisar termos relacionados com política e atualidade, sempre ser levada para a sua “mídia particular”, ignorando a existência do outro lado na questão. E me parece perigoso ou pelo menos inadequado ignorar a existência de outras formas de pensar ou ver a realidade, por mais equivocadas que possam parecer.

        1. “Vamos supor que alguém

          “Vamos supor que alguém pesquisa sobre PIG ou petralhas. Com a personalização, existiria o risco da pessoa, ao pesquisar termos relacionados com política e atualidade, sempre ser levada para a sua “mídia particular”, ignorando a existência do outro lado na questão. E me parece perigoso ou pelo menos inadequado”:

          Nao acho que tem nada a ver, Ed.  Eu so dou gracas a Deus que alguem esta lendo alguma coisa e se instruindo, independente “do lado” ideologico deles.  Atravez dos anos 80 eu lia dois, aas vezes tres jornais novayorkinos por dia:  porque nao virei direitista lunatico entao?  (Eduardo Guimaraes tambem ja contou essa mesmissima historia, em outras palavras.)

          Se as pessoas adaptam suas proprias personalidades ao character do que leem “no jornal” elas tem mais problemas do que eu posso contar!  Mas nao eh tanto assim que acontece, e se pelo menos produzir uma excessao como Eduardo de vez em quando, o mundo melhora em muito.

      2. Ivan, desde quando um

        Ivan, desde quando um algoritmo dessa natureza é absolutamente neutro, por definição?

        Qualquer algoritmo de “personalização” pode ser – e é – manjpulado para apresentar uma certa “tendeciosidade” estatística. Por exemplo, se eu quero que um determinado público tenha pouco ou nenhum acesso a informações sobre a China, digamos, eu incluo no corpo do programa que traduz esse algoritmo restrições ao termo China. Meu algoritmo vai ser lógico, matemático, pesadíssimo e TENDENCIOSO. Ou não?

        1. Verdade, Godinho, mas esses

          Verdade, Godinho, mas esses sao casos especiais e nao regra!

          Em geral, nao ha intencional manipulacao nas pesquisas por causa de algoritmos que nao seja pessoa-especifica, especialmente porque elas sao feitas por computadores e nao por pessoas.

          Eu nao quero a minha filha tendo acesso a qualquer “link sujo” que aparecer na reta, por exemplo, mas como todas as pesquisas e atividades dela sao infantis e isso ja esta contabilizado para o IP dela, eu so tenho a agradecer.

  5. Brazil’s Wild Plan to Purge America From Its Internet

    Brazil’s Wild Plan to Purge America From Its Internet

    Brazil is not very happy about all these NSA revelations. As home to Latin America’s biggest economy, the country understandably hates the idea that the United States is listening to its phone calls and reading its emails. In fact, Brazil hates it so much that it wants to disconnect itself from the U.S. internet altogether.

    This will not a simple task, but there is a real plan in place. And to be frank, it’s a pretty aggressive move in the direction of the government taking control of how the internet works. President Dilma Rousseff seems bullish about it, though, and has ordered several specific—and potentially impossible—measures to break away from the U.S. internet:

    Force Internet companies like Google and Facebook to build servers inside Brazil’s borders so that they would be subject to Brazilian privacy laws.Build more internet exchange points in order to route Brazilian traffic around potential spyware.Launch a state-run email service through the postal service to act as an alternative to Gmail, Yahoo Mail and others.Laying a new underwater cable to Europe so that Brazil can connect with those countries directly

    Rousseff has also demanded a detailed report of the extent of American intelligence gathering in Brazil.

    While the move to create an independent internet seems extreme, the idea of pushing U.S. authorities for more transparency is at the very least understandable. In July The Guardian’s Glenn Greenwald reported that Brazil is second only to the United States when it comes to the amount of communications subject to NSA surveillance. We don’t know specific numbers, but we do know that U.S. spies are watching Brazil, an ally, as closely if not more closely than countries like China and Iran.

    Why? Well, as former director of both the CIA and NSA, General Michael Hayden, explained to The New Yorker recently, “That’s where the transatlantic cables come ashore.” It’s true. If you look at a map of the undersea cables, you can clearly see how Brazil is one of the most important telecommunications hubs in the world. This fact also further complicates Brazil’s plan to disconnect itself from the U.S. internet, a move that lawmakers aren’t even sure is possible.

    Difficult as it may be, Rousseff isn’t backing away from her plan to make Brazil’s internet more independent. She’s expected to speak about it more later this month when she address the United Nations General Assembly. Meanwhile, critics warn that Brazil’s government intervening in the basic operations of the internet will set a dangerous precedent. It might not even help keep spies away. As one cybersecurity expert told the Associated Press, “It’s sort of like a Soviet socialism of computing.” And we all know how that’s been working out for Russia. [AP]

    Update: In a culmination of disapproval over America’s spying on her people, Rousseff canceled a planned trip to Washington on Tuesday. Obama tried to talk her out of cancelling on Monday night. He also failed to make a public apology for the spying like she’d asked.

    Top image via Submarine Cable Map

    http://gizmodo.com/how-brazil-wants-to-purge-america-from-its-internet-aft-1333914046

     

    1. Wow, it’s even got a diagram

      Wow, it’s even got a diagram already!  Amazing.  Forgive me for not believing just yet.

      That Brazilian solution may turn out to be the ONLY solution:  MEDIUMS are NOT going to put up with strange vibes.  I know:  I did and I would NEVER submit again to such a hellish situation.

      It so happens that Brazil has more mediums than the rest of the world combined.  I know.  I made them.

    2. Eles podem, nós não…

      Interessante notar como as interferências da NSA e demais órgãos de segurança americanos, que chegam ao detalhe de criar falhas nos próprios chips de computador e nos sistemas operacionais, para facilitar a invasão são vistas com naturalidade pelo americano autor do artigo, enquanto uma tentativa do Estado brasileiro de se proteger e proteger seus cidadãos é comparada com o totalitarismo soviético…

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