Embate entre militares e Olavo resulta na divisão de evangélicos no Congresso

Principal base de sustentação do governo no Congresso, setores da bancada criticam ideólogo de Bolsonaro pela escalada de ataques contra os militares e eles próprios

Jornal GGN – Os embates entre os militares e Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro, está dividindo a bancada evangélica no Congresso, um dos principais grupos de sustentação política do presidente. As informações são da Folha de S.Paulo.

Segundo reportagem assinada por Ranier Bragon, os parlamentares evangélicos estão se dividindo em duas alas. Uma delas, capitaneada pelo deputado e pastor Marcos Feliciano (Podemos-SP), apoia as manifestações de Olavo de Carvalho, entendendo que os ministros e auxiliares ligados aos militares atravancam a implantação da agenda conservadora, e isso inclui barrar qualquer projeto considerado “progressista” como a ampliação dos casos legais de aborto e criminalização da homofobia.

Feliciano concorda com as críticas de Olavo ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e ao general e ministro da Secretaria de Governo, Alberto dos Santos Cruz, porque, segundo ele, ambos têm atuado em um caminho diferente do que foi proposto na eleição de Bolsonaro.

Por outro lado, um segundo grupo está se voltando contra Olavo pela forma desrespeitosa como vem atacando os militares e os próprios evangélicos. Na quarta (8), o ex-comandante das Forças Armadas, Villas Bôas, voltou a defender os militares apontando o ideólogo como pivô das crises no governo Bolsonaro. Antes disso, na segunda (6), o ex-líder do Exército brasileiro divulgou uma nota em suas redes sociais se referindo a Olavo como “Trótski de direita” e responsável por “acentuar divergências” no governo.

Em seguida, o escritor disse nas redes sociais que “altos oficiais militares” buscavam proteção “escondendo-se por trás de um doente preso a uma cadeira de rodas”, se referindo a Villas Bôas, que sofre de uma doença degenerativa.

Os evangélicos parlamentares que se unem contra Olavo reprovam, especialmente, os termos de baixo calão. O guru de Bolsonaro chegou a se referir à Santos Cruz como “merda” e “bosta”.

“O governo precisa cuidar para pacificar o assunto. Eu, particularmente, não tenho nenhuma simpatia ao Olavo de Carvalho. Em algum momento já tive simpatia ideológica. Desde o momento em que ele fez fortes críticas aos evangélicos, ele deixou de me servir de inspiração”, explicou o deputado Sóstenes Cavalcanti (DEM-RJ), ligado ao pastor Silas Malafaia que recentemente se tornou mais um alvo de críticas de Olavo.

“É péssimo para o governo, o governo precisa agir rápido para parar com esse tipo de coisa. Eu, no lugar do Bolsonaro, estaria buscando pacificar esses desentendimentos, nunca optaria por um lado”, completou Sóstenes.

Tantos militares como grupos que estão perdendo a paciência em relação aos ataques de Olavo, esperavam do presidente uma resposta de repreensão ao seu ideólogo. Entretanto, o líder do Planalto se recolheu e voltou a defender Olavo.

“Eu recebo críticas muito graves todo dia e não reclamo. Inclusive, olha só. O pessoal fala muito em engolir sapo. Eu engulo sapo pela fosseta lacrimal [órgão das serpentes usado para detectar variações de temperatura e capturar animais] e estou quieto aqui, ok?”, falou para jornalistas após um evento no Palácio do Planalto na terça (7).

Pouco antes, o presidente destacou: “Olavo é dono do seu nariz. Como eu sou do meu e você é do seu. Então liberdade de expressão”.

Ainda em março, Malafaia disse publicamente que a ideia de que Olavo teria mais peso na vitória de Bolsonaro do que os evangélicos era “simplesmente ridícula”. Logo em seguida, o ideólogo publicou nas redes sociais uma mensagem endereçada a Malafaia, alegando que as igrejas entraram atrasadas no embate contra o PT.

O deputado pastor Eurico (Patriota-PE) também se declarou decepcionado com o escritor: “Sempre fui um admirador do senhor Olavo de Carvalho. A partir do momento em que ele partiu para a baixaria contra os militares, principalmente contra uma figura como a do general Villas Bôas, eu deixei de ser um admirador, me decepcionei”, comentou.

“Eu tenho ojeriza, pode usar essa palavra, aos procedimentos que ele [Olavo] está adotando. Todos os generais merecem respeito, acho um desrespeito muito grande com quem fez tanto pelo Brasil”, completou Eurico.

Leia também: Militares estão inconformados com apoio de Bolsonaro a Olavo de Carvalho

Redação

6 Comentários

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  1. Entendo o personagem em questão como guru dos insensatos. Esta campanha que fere instituições brasileiras com desrespeito só causa mais destruição ao pouco que resta da nação. Perfeito caminho para quebra da cadeia de hierarquia militar.

  2. Bolsonaro quer mais é que se dividam mesmo…
    quer a solução de qualquer problema a seu modo, dando mais poder justamente a quem está causando problemas

    é assim que se livra de ser apenas um figurante, sua marca pessoal

  3. Sem sacanagem: nunca tinha ouvido falar deste traste, deste astrólogo.
    Por outro lado, temos outros trastes; malafaias, everaldos, e assemelhados, que não passam de mascates da fé.
    Ao centro uma pseuda rusga entre milicos, graduados e alguns com estrelas, e um maluco que foi defenestrado do exercito quando tenente.
    Neste embate esdrúxulo vai se f* o Brasil e os brasileiros, pois no legislativo tramitam aberrações como “estupro da previdência”, “proibição de aborto deste a transa”, “liberação de armas”, “sequestro de verbas da educação”, e outras anomalias que nada tem a ver com “equilibrio fiscal, reducao de desemprego, posições conservadoras ou com a moral e bom costumes”, toda este desfile de imbecilidades conduzidos por idiotas so tem um objetivo: GRANA NO BOLSO!
    Nada mais…

  4. as duas alas querem a hegemonia na
    arte infame de acusar o pt d tudo….
    mas pelo jeito começaram a se dividir justamente
    porque esse papo começou a furar….
    quem acreditará na história mentirosa de que o pt
    tem culpa de tudo se o pt deixou o governo ha tanto
    tempo por causa do golpe cruel da direita
    e esses governos subsequentes e incompetentes
    jamais tomaram qualquer decisão que beneficiasse o povo?

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