Erro dos agentes da Lava Jato foi subestimar cacife político de Lula, por Cida de Oliveira

Autor de A Ousadia dos Canalhas: a Lava Jato que o Brasil não viu, Fernando Rosa acredita que o desgaste da operação vem de ações da luta por Lula livre

Lula é hoje a única instituição política de pé no Brasil. E a Lava Jato caminha para o seu limite, ladeira abaixo, conforme atestam muitos de seus grandes defensores – Foto Ricardo Stuckert

São Paulo – O ex-juiz federal e atual ministro da Justiça Sérgio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entre outros juízes e procuradores, fizeram tudo o que parecia perfeito. Aderiram a uma trama arquitetada nos Estados Unidos, que contava inclusive com apoio dos setores conservadores no Brasil, para impedir a expansão do país como potência no tabuleiro geopolítico mundial.

As estratégias pareciam infalíveis: o golpe de 2016, orquestrado com setores da mídia, do Legislativo e do Judiciário,  derrubou a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) mesmo sem crime de responsabilidade. E o processo, condenação e prisão, em tempo recorde e mesmo sem provas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que liderava as pesquisas de intenção de votos para a Presidência da República.

Desde 7 de abril de 2018 Lula está preso na superintendência da Polícia Federal em Curitiba e a extrema-direita chegou ao poder no país com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL). Sem contar o governo do golpista Michel Temer (MDB-SP), que deu início ao desmonte da legislação trabalhista e abriu caminho para outras “reformas” conduzidas pelo atual governo.

“No entanto os agentes da Lava Jato cometeram o erro de subestimar Lula como a maior liderança popular da história do país e uma das maiores do mundo. Acreditaram que ao ser trancafiado em Curitiba, Lula receberia uma banana da sociedade e ali seria esquecido para sempre – o que não aconteceu”, avalia o jornalista Fernando Rosa, autor do livro A Ousadia dos Canalhas: A Lava Jato que o Brasil não viu (Leia destaque no final da reportagem).

Roubada

Foi o movimento de diversos setores pela liberdade de Lula, e a sua própria interlocução com lideranças nacionais e estrangeiras, acredita Rosa, que permitiu que a narrativa e o modus operandi da Lava Jato fosse colocada em xeque. “A divulgação das conversas entregues por uma fonte ao jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, foi deixando claro que houve manipulação jurídica. A perseguição a Lula, alvo político, foi ficando explícita. O mundo empresarial viu que entrou em uma roubada, que não era só tirar a Dilma. Aí veio a bomba atômica: o ex-chefe da Lava Jato (Rodrigo Janot) disse que entrou na sala para matar o ministro (Gilmar Mendes). Um desgaste muito profundo”, diz.

O jornalista lembra a importância de outros veículos passarem a divulgar conversas em parceria com o Intercept. Isso fez com que a própria mídia mudasse seu humor, a ponto de  não querer “ficar pagando esse mico” na defesa de Moro, Deltan e companhia.

O que falta, para ele, é a compreensão da sociedade – do campo disposto a enxergar, é claro – sobre a dimensão do desastre e a destruição do estado causados pela Lava Jato. Além do prejuízo econômico, como o que se abateu principalmente sobre a construção civil e setores do petróleo e gás, afetando a cadeia inteira, fechando empresas e milhares de empregos, há o institucional, em que um juiz passou a acusar, defender, investigar e executar a pena do condenado, quando deveria se limitar ao papel de julgar.

“Lula é hoje a única instituição política de pé no Brasil. E a Lava Jato caminha para o seu limite, ladeira abaixo, conforme já atestam muitos de seus grandes defensores”, diz, referindo-se a jornalistas como Eliane Cantanhêde, que hoje (29) publicou artigo a respeito no jornal O Estado de S. Paulo.

Reprodução

Canalhas ousados

A Ousadia dos Canalhas: A Lava Jato que o Brasil não viu é um livro de jornalismo opinativo, em que o autor Fernando Rosa e seus colaboradores desvendam a natureza da Lava Jato por meio de fontes secundárias. Mas sem deixar de lado o rigor na percepção e análise dos fatos.

Com apresentação assinada pela presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a obra reúne 38 artigos publicados no blog Senhor X, sobre geopolítica e política brasileira. São textos escritos a partir de 2016, bem antes da Vaza Jato, até os dias de hoje. “Muita gente conhecida que chamava meus textos de teoria da conspiração hoje me pedem desculpa”, diz Rosa.

“Para quem quer entender o que se passou no Brasil nos últimos seis anos e compreender o cenário atual, o livro de Fernando Rosa é um ponto de partida importante. A obra ganha relevância pela análise criteriosa e a percepção de que as jogadas judiciais são o pano de fundo de uma guerra híbrida no maior país da América do Sul”, escreveu Gleisi em seu texto.

Ousadia dos Canalhas já está à venda na versão EBook pelo site da Amazon. O livro impresso tem lançamento previsto para esta primeira semana de outubro em Brasília e Goiânia, mas as datas ainda não foram definidas. Nas semanas seguintes há previsão para São Paulo, Porto Alegre e Curitiba, na Vigília Lula Livre.

Redação

6 Comentários

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  1. Existe uma frase corrente na praça, que é a seguinte: “todo político é ladrão”. A classe dominante sempre incentivou sua divulgação porque, conceituando o político assim, imaginavam que as pessoas de bem se afastassem da política, sobrando cada vez mais para os mesmos.
    Então, tomando isso como verdade e como o pessoal da lava jato tinha convivência com muitos políticos, todos do alto clero e alta plumagem, concluíram que era só prender o Lula que um mal feito logo, logo iria aparecer, ainda mais com a possibilidade de se fazer a delação premiada.
    E, eis que o plano foi colocado em ação.
    Coitados, Lula não prestou juramento perante as universidades, por conclusão de cursos de nível superior que são facilmente esquecidos por muitos que o fazem. Não, a educação de Lula não veio das academias, que tradicionalmente só formavam filhos das elites. Lula veio de uma família de retirantes, que acabou sendo criado só pela mãe, que pelas palavras dele próprio, nas entrevistas, só tinham o nome a honrar. E com isso essa elite(direita raivosa) não contava. São valores que , na maioria vezes não se adquire na escola senão, no sangue, no suor, na dificuldade do dia a dia, nas lágrimas da sobrevivência…Foi por isso que buscaram um erro, um deslise, um proveito próprio qualquer, não encontraram.
    Buscaram então, nas relações, algum elemento que pudesse manchar a honra de Lula, já que a grande imprensa ,vendida, estava lá para, não só divulgar como amplificar e distorcer com um sem número de comentaristas, pudessem manipular.
    Agora, aí está o grande estadista, formado e pós graduado por dona “Lindu” carinhosamente chamada por Ele.
    Feliz um povo que pode dizer, de boca cheia, que um dos seus triunfou perante a elite apesar de toda sorte de perseguição.
    Ele está aí, para envergonhar a elite brasileira e ajigantar-se perante os seus iguais.
    Surge na história, para honrar a classe trabalhadora do Brasil e do mundo,um trabalhador chamado Luis Inácio da Silva- lula.
    O Brasil ficou ainda maior com você, companheiro Lula.
    Que o povo brasileiro, possa, fazer por merecer o senhor “de novo Presidente”
    Lula livre Brasil livre!
    Quero ver Lula Presidente de novo!

  2. Alto lá.Não foram só os “agentes da Lava Jato” que subestimaram o fenômeno Lula como o maior líder político brasileiro e um dos maiores do mundo.O que tem de “gente boa” que embarcou nesse Titanic,dou de cambulhada.Cito apenas um,como emblemático,que acabou de ser sepultado,e suas cinzas politicas serão jogadas em algum açude de Sobral:Ciro Gomes.Como sabem,estudo Lula há mais de 30 anos,seja até pela espiritualidade,sei o que passa pela cabeça dele.Pois bem,solitariamente,esperei os acontecimentos e imaginava o que iria acontecer.Aliás o “fenômeno” Lula ainda falta muito a ser explicado e desvendado,e o acima assinado sabe o enredo dele.

  3. Lula foi de fato uma singularidade no espectro político brasileiro, mas também foi beneficiado por fatores que não vieram dele. Em seus dois mandatos, pôde surfar uma onda de prosperidade no rastro da valorização de nossas commodities, e os tempos ruins sobraram para sua sucessora. Depois, foi transformado em mártir por sua prisão, que também impediu que ele se tornasse presidente outra vez, e assim visse sua imagem dourada dos anos bons ser obscurecida pelos anos ruins da crise.

  4. Eles não erraram.

    Lula foi preso. Bolsonaro presidente, e mesmo que Lula seja solto, o que for alienado do país enquanto essa turma estiver no poder não vai voltar !!! Lula nunca foi de rasgar contratos !!! Não vai ser agora que o fará !!!

    Se é que uma vez no poder eles aceitarão sair !!!

    Esse país está Completamente condenado !!!!

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