Foi publicada nesta sexta (16), na coluna do jornalista Tales Farias, a versão que o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, ventilou nos bastidores para explicar o fato de não ter denunciado às autoridades competentes a tentativa de golpe que o alto escalão do governo de Jair Bolsonaro preparou ao longo de 2022.
“A amigos, Freire Gomes tem dito que se denunciasse ao STF as intenções do então chefe do Executivo simplesmente criaria uma crise institucional no país, com chances de acabar propiciando uma ruptura, que era exatamente o que Bolsonaro pretendia. (…) É esse argumento que o ex-comandante do Exército deverá apresentar à Polícia Federal em seu depoimento: ele não foi omisso, nem prevaricou. Usou seu cargo para atuar objetivamente contra o golpe junto aos colegas do generalato”, resumiu Tales Faria.
Freire Gomes foi tratado por membros do gabinete do golpe como um oficial “cagão” – nas palavras do ex-ministro Braga Netto – por não ter embarcado na aventura golpista. Trechos de relatório da Polícia Federal que constam em despacho do ministro Alexandre de Moraes, a que o GGN teve acesso, mostram que Freire Gomes sofreu pressão de colegas militares para aderir ao golpe, mas não envergou.
“Meu amigo, infelizmente tenho que dizer que a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá e do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente”, escreveu Braga Netto em uma mensagem capturada pela PF.
Entre outras formas de pressão, Freire Gomes teria recebido uma carta do militar Bernardo Romão Correa Neto, que operou como “braço direito” de Mauro Cid no planejamento do golpe. No relato da PF, a carta foi usada “como instrumento de pressão direcionado ao então Comandante do Exército.”
Correa Neto teve prisão preventiva solicitada pela Polícia Federal na Operação Tempus Veritatis, que apurou que o militar estava em solo americano pois fora designado para exercer missão em Washington até julho de 2025, com “total ônus para o Comando do Exército”. A saída do País foi interpretada como ação para “se furtar ao alcance de investigações e consequentemente da aplicação da lei penal”. Ele retornou ao Brasil para cumprir a prisão.
AS IMPLICAÇÕES PARA FREIRE GOMES
Apesar de não ter embarcado na aventura golpista, Freire Gomes terá de explicar à Polícia Federal por que participou de reuniões para planejamento do atentado à democracia, inclusive na presença de Jair Bolsonaro, sem nunca ter denunciado a tentativa de ruptura institucional.
No relatório da PF, consta que Freire Gomes esteve presente na reunião onde Bolsonaro apresentou aos comandantes das Forças Armadas a chamada minuta do golpe, um decreto que previa interferência em outros poderes e prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal.
A PF também aponta que Freire Gomes assinou uma nota em defesa dos acampamentos golpistas, “reputada como importante por MAURO CID, para fins de manutenção e intensificação das manifestações antidemocráticas, em vista do suposto respaldo das Forças Armadas ao movimento”.
As investigações mostram ainda que Freire Gomes possivelmente sabia que empresários do agronegócio financiavam as manifestações golpistas. “Em 16 de novembro de 2022, MAURO CID enviou um áudio, possivelmente para o General FRIERE GOMES, pelo aplicativo UNA, em que cita o financiamento das manifestações em Brasília, por empresários do ‘Agro’.”
Além disso, Freire Gomes soube também através de Mauro Cid que Bolsonaro havia editado pessoalmente o decreto do golpe.
“Mensagens encaminhadas por MAURO CID para o General FREIRE GOMES sinalizam que o então Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO estava redigindo e ajustando o Decreto e já buscando o respaldo do General ESTEVAM THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA (há registros de que este último esteve no Palácio do Planalto em 9/12/2022, fls. 169), tudo a demonstrar que atos executórios para um golpe de Estado estavam em andamento”, aponta a PF.
A adesão do General Gaspar de Oliveira era importante porque seu destacamento era o que continha o maior contingente de militares do Exército. De acordo com a PF, Gaspar de Oliveira “teria concordado em executar as medidas que culminariam na consumação do golpe de Estado, desde que o então Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO assinasse o decreto que vinha sendo debatido e ajustado, embora não se contasse com a adesão do General FREIRE GOMES.”
Leia também:
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.
Para não desencadear eventual crise institucional, que acabaria por propiciar uma ruptura que favoreceria a supressão da democracia, deixou-se os golpistas agirem livremente. Se corresse, o bicho pegava; se ficasse, o bicho comia. O General Freire Gomes preferiu ser comido.
Saímos do século XX com um saldo vergonhoso de duas guerras mundiais, duas grandes ditaduras e diversas tentativas de golpes militares. Mais de meio século perdido, além das boas cabeças que rolaram. Restou pouco tempo para a prática da democracia. O século XXI, pelo andar da carruagem, não será diferente.
Exércitos sempre foram constituídos com o lixo da sociedade e só se dedicam a três coisas: destruição, matança e pilhagem. Somente homens desonrados, estúpidos, vagabundos, violentos, imprestáveis, assassinos e desonestos são recrutados. Os comandantes deles são capazes de enviar milhares para a morte enquanto sorriem tomando espumantes, comendo caviar (usando viagras e implantando próteses penianas no caso dos generais brasileiros). Sempre que uma guerra começa o povo trabalhador empobrece enquanto os oficiais militares e os fornecedores de armamentos enriquecem. Aqueles que ganham a guerra continuam explorando seu povo: desde a Guerra do Paraguai as filhas solteiras dos oficiais militares brasileiros recebem pensão integral, algo que criou toda uma categoria de mulheres vagabundas bem pagas com dinheiro público. Os que perdem acabam incinerados em pilhas de cadáveres, como os meninos paraguaios de 10 e 12 anos nas últimas batalhas da Guerra do Paraguai. Exércitos como o de Israel em Gaza matam crianças aos milhares e dizem que isso é algo virtuoso. Eu nunca vou aplaudir exército nenhum, muito menos essa merda de Exército brasileiro golpista que deixou um bando de terroristas fanáticos bolsonaristas invadir, pilhar, destruir e defecar no Congresso, no Palácio do Planalto e no STF. Se dependesse de mim o Exército brasileiro seria desmobilizado e todos esses generais e coronéis vagabundos, ladrões e golpistas morreriam de fome.
.