Luciano Hang e os empresários que endossaram golpe de Bolsonaro, segundo a PF

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Áudio revela encontro de Jair Bolsonaro com Luciano Hang, Meyer Nigri, Afrânio Barreira e Sebastião Bomfim, articulando opção de golpe

Foto: Alan Santos/PR

O dono da Havan, Luciano Hang; Meyer Nigri, fundador da Tecnisa; Afrânio Barreira, dono da Coco Bambu, e Sebastião Bomfim, dono da Centauro encontraram-se com Jair Bolsonaro, em novembro de 2022, para endossar a tentativa de golpe pelo então governo.

A informação consta em áudio apreendido no celular do tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsoanro, no âmbito da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na semana passada.

Segundo a PF, o áudio de Mauro Cid revela que os empresários participaram de uma reunião, no dia 7 de novembro de 2022, quando Bolsonaro já figurava como derrotado nas urnas eletrônicas. O encontro ocorreria para discutir uma “posição mais radical” sobre o resultado das eleições.

Mauro Cid, hoje delator do esquema no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), enviou a mensagem ao então comandante do Exército, o general Freire Gomes.

Estavam presentes empresários bolsonaristas, com destaque para Luciano Hand e Meyer Nigri, que teriam, segundo o delator, incitado Bolsonaro para que o Ministério da Defesa produzisse um relatório contra as urnas eletrônicas para “virar o jogo”, em referência à tentar desqualificar o resultado eleitoral e não empossar Lula.

Mauro Cid narra que “na conversa que ele [Bolsonaro] teve depois com os empresários, ele estava, tava o Hang, estava aquele cara da Centauro, estava o Meyer Nigri. É, estava o cara do Coco Bambu também, quem falou ‘ó… O governo Lula. Vai, vai, vai, vai cair de podre, né?'”.

Nas palavras do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, “os empresários estavam querendo pressionar o presidente a pressionar o MD [Ministério da Defesa] a fazer um relatório, né, contundente, duro, para virar o jogo…”

A Polícia Federal entendeu que o áudio de Mauro Cid “revelou que os empresários Meyer Nigri e Luciano Hang, investigados pela prática de atos antidemocráticos, com disseminação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro, teriam reiterado a prática de condutas ilícitas, instigando o então presidente para que o Ministério da Defesa fizesse um relatório mais duro, contundente com o objetivo de ‘virar o jogo'”.

Luciano Hang, dono da Havan, é um dos mais conhecidos apoiadores de Jair Bolsonaro. Além de ajudar no financiamento das campanhas eleitorais e fazer propagandas públicas, esteve ao lado de Bolsonaro no desfile militar de 7 de setembro de 2022, e foi investigado por pressionar seus trabalhadores a votarem em Bolsonaro.

O fundador da Tecnisa também é aliado de Bolsonaro e investigado por divulgar Fake News durante a campanha eleitoral de 2022. Ele foi investigado por defender o golpe de Estado no WhatsApp, em 2022.

O proprietário do Coco Bambu, Afrânio Barreira, foi também um desses empresários investigados no inquérito das milícias digitais, por incitação de atos antidemocráticos no dia 7 de setembro de 2022 e na defesa de golpe nas eleições de outubro.

Ainda que mais discreto, o dono da Centauro, Sebastião Bomfim, sempre declarou publicamente seu apoio a Jair Bolsonaro.

Apesar do apoio declarado, Sebastião Bomfim enviou ao GGN um posicionamento sobre as alegações da Polícia Federal: “Sebastião Bomfim afirma que não participou da reunião citada e que jamais defendeu iniciativas para reverter o resultado das eleições ou atentar contra a ordem e as instituições democráticas.

Em informação à imprensa, os empresários negaram ter pressionado por atos ilícitos.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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