Ex-espião corre risco de vida em Miami, diz Cuba

Por wilson yoshio.b…

Do Opera Mundi

EUA colocam vida de ex-espião cubano em risco ao obrigá-lo a ficar em Miami, diz Havana

William Maia | São Paulo

O governo de Cuba afirmou que responsabilizará os Estados Unidos se algo acontecer com René González, um dos “cinco” cubanos presos no país desde 1998 por espionagem. Após cumprir sua pena, ele deverá ser libertado na próxima sexta-feira (07/10), mas uma decisão judicial o obriga a ficar em Miami por pelo menos três anos em liberdade condicional.

González fez parte de um grupo de agentes enviados por Havana durante as décadas de 1970 e 1980 para combater ações de grupos anticastristas em território norteamericano. Cuba alega que os espiões nunca representaram risco à segurança dos EUA e apenas buscavam evitar atos terroristas contra o país –especialmente de grupos exilados após a revolução de 1959, que se concentram justamente na região de Miami.

Um extenso editorial publicado no jornal oficial Granma, na semana passada, pediu o retorno de René González “imediatamente”, alegando que sua vida estar em perigo. As informações são do site cubadebate.cu.

“René permanecerá nos EUA, onde é sabido que pode ter sua vida em perigo, onde se sabe que as pessoas mentem e onde estão as organizações mais importantes do terrorismo anticubano”, disse o jornal.

A deputada cubana Magaly Llort, mãe de outro dos Cinco –Fernando Gonzalez–, disse que René disse que será solto “no mesmo lugar onde estava lutando contra o terrorismo” há mais de dez anos. “É um lugar muito perigoso e uma crueldade, porque ele vai estar separado de sua família”, disse à Europa Press, durante uma visita à Espanha.

Além de René e Fernando González, continuam presos nos EUA Gerardo Hernández, Antonio Guerrero e Ramón Labañino. Todos foram presos em 12 de setembro de 1998 pelo FBI, onde foram acusados, entre outros crimes, de “conspiração para cometer espionagem” para o governo cubano.

Adriana Pérez, esposa de Gerardo Hernández, disse que até agora a família Gonzalez não sabe quais as condições de sua libertação. Sabe-se apenas que ele não poderá visitar lugares onde as organizações terroristas operam em Miami.

“Se algo acontecer as René será responsabilidade dos Estados Unidos, que poderiam evitar essa situação, permitindo que ele volte para Cuba com sua família”, disse Adriana Pérez. “Ele vai correr um grande risco em uma cidade onde os grupos terroristas gozam de impunidade e liberdade para se movimentar”.

O caso

Conhecidos como “os cinco”, os cubanos foram presos por agentes do FBI em 1998. Eles foram descobertos ao lado de outros cinco agentes, que acabaram declarando-se culpados, revelando como o grupo operava, e conseguiram a liberdade.

“Os Cinco”, no entanto, se mantiveram em silêncio e, em 2001, um tribunal federal os condenou a penas que variam entre 15 anos e prisão perpétua por espionagem e conspiração, e por serem agentes não registrados de um governo estrangeiro, entre outras acusações.

Símbolo da disputa entre os EUA e Cuba, o grupo permanece recluso em penitenciárias de segurança máxima. A história serviu de base para o novo livro do escritor brasileiro Fernando Morais, Os Últimos Soldados da Guerra Fria, recém-lançado no Brasil.

As autoridades cubanas confirmam que eles eram agentes do país e alegam que procuravam apenas impedir atos terroristas contra Cuba —especialmente de grupos exilados após a revolução de 1959 na região de Miami— e que não representavam ameaça para a segurança dos Estados Unidos. Críticos da condenação, como a ONG Anistia Internacional, afirmam que os ex-agentes não tiveram um processo justo, e que a decisão da Justiça norte-americana foi política, por conta da falta de evidências durante o julgamento.

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Luis Nassif

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