Exército gastou recursos da Covid-19 com salgadinhos, sorvetes e picanha, mostra TCU

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Exército gastou recursos destinados às ações de combate à pandemia em salgadinhos e carnes nobres

Reprodução

O Exército gastou recursos destinados às ações de combate à pandemia de Covid-19 em salgadinhos, sorvetes, refrigerantes e em carnes nobres, como picanha e filé mignon.

A informação consta de relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), em julgamento realizado na última quarta-feira (29), e divulgado nesta segunda por reportagem da Folha de S.Paulo.

No documento, os ministros do tribunal constatam diversas irregularidades cometidas pelas Forças Armadas durante o governo de Jair Bolsonaro. Em 2020 e 2021, durante a pandemia, foram remetidos R$ 15,6 milhões aos militares para ações e logísticas de enfrentamento ao Covid-19.

Destes recursos, contudo, uma parte foi destinada a esses itens fora de prioridade.

O TCU menciona R$ 256 mil gastos pelo Exército para salgadinhos, sorvetes e refrigerantes para eventos. Auditores do tribunal ainda mencionam que estes alimentos “muito provavelmente” não foram usados “para o reforço alimentar da tropa empregada na Operação Covid-19”.

Com outros R$ 447 mil destinadas às ações de Covid, militares compraram 12 mil quilos de carnes nobres, filé mignon e picanha. A título de comparação, os técnicos do TCU informam que esse montante representa 22% dos gastos de 45 organizações militares com carnes bovinas em geral.

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Apesar da compra dos alimentos, carnes bovinas, estarem contempladas nos gastos destinados ao Exército, além de estarem fora da finalidade da pandemia, também ultrapassam os princípios de razoabilidade e de interesse público, aponta o Tribunal.

“Nesse sentido, entende-se que violou tais princípios a utilização de recursos tão caros à sociedade, oriundos de endividamentos da União que agravaram ainda mais a crise econômica e social vivenciada pelo Brasil, para a aquisição de artigos de luxo, quando disponíveis alternativas mais baratas e que igualmente cumpriam a finalidade pretendida.”

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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