Servidor da PF diz que general Heleno e GSI de Bolsonaro controlaram atos golpistas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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"É explícito que o GSI está incitando esses civis, todo mundo sabe disso", disse servidor que denunciou

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Um servidor da Polícia Federal (PF) lotado na Presidência da República denunciou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chefiado pelo general Augusto Heleno, de estar por trás dos atos de vandalismo e golpistas em Brasília, na noite de segunda-feira (12), quando Lula e Alckmin foram diplomados.

A informação foi divulgada pela Revista Fórum, que obteve o relato do servidor público. “O que está acontecendo e, principalmente o que ocorreu ontem em Brasília, é terrorismo de Estado. O GSI está na cabeça disso, e o uso da área do QG, que é militar, é do Exército, não é à toa”, disse.

“O GSI tem hoje poder para controlar mais de mil militares diretamente lá dentro (do QG do Exército e nos acampamentos) e eles estão literalmente bancando, mantendo e abrigando essa gente lá dentro (da área do QG) e logicamente ninguém fardado está aparecendo, porque essa é a forma de operar deles, uma guerra híbrida que alimenta e fomenta tudo que está ocorrendo ali”, continuou.

O portal informa que solicitou ao servidor a documentação de sua contratação, comprovando que ele efetivamente atua em cargo na Presidência da República.

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Segundo a denúncia, a atuação de comandos militares e do próprio chefe do Gabinete de Segurança, comandado por Heleno, configurariam Terrorismo de Estado, estabelecido pelo Código Penal, quando se tenta abolir o Estado Democrático de Direito, com uso de violência ou grave ameaça. A prática é crime que pode levar à prisão de 4 a 8 anos, além de punição por violência.

Não é a primeira vez que o nome do general da reserva surge em meio às tentativas de derrubar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Antes mesmo das eleições, Heleno foi uma das figuras que levantou os primeiros questionamentos contra as urnas eletrônicas.

Ao lado de outros militares, como o general de divisão do Exército Heber Portella, convidado para integrar a Comissão de Transparência das Eleições, criada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram os responsáveis por alardear, falsamente, suspeitas sobre o processo eleitoral brasileiro, conforme mostramos no especial Xadrez da Ultradireita.

No comando do ComDCiber, Portella respondia diretamente ao Ministério da Defesa e ao Departamento de Segurança da Informação do GSI, ambas pastas comandadas por militares aliados de Jair Bolsonaro (relembre aqui, aqui e aqui).

A denúncia divulgada pela revista Fórum indica, agora, que o GSI e os comandos do Exército também estariam diretamente envolvidos com os atos golpistas recentes. “É explícito, para quem está perto, que o GSI está incitando isso com esses civis, todo mundo que está por ali (Gabinete da Presidência) sabe disso”, completou o denunciante.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Repito o comentário que fiz em outra notícia aqui: Logo após os atos terroristas em Brasília, que se sucederam após a diplomação do presidente eleito, começou a circular uma versão de que o vandalismo dos atos foi obra de esquerdistas infiltrados. “De tão velha a porca já não anda”, diria o notório compositor popular. O filme é velho e conhecemos todos os seus “plots”. O roteiro é o mesmo usado no “golpe dentro do golpe” que resultou no Ato Institucional No. 5, o famigerado AI-5, em 1968. Sob as orientações de um general de pijama, Paulo Trajano da Silva, do general Silvio Corrêa de Andrade, chefe da Polícia Federal em São Paulo em 1968 e do general Jayme Portella, então chefe da casa militar da Presidencia, um grupo terrorista praticou naquele ano uma série de atentados (17 comprovados) que as autoridades atribuiam à esquerda. O objetivo, bem sucedido à época, era fabricar pretextos para endurecer o regime. O grupo terrorista paramilitar era chefiado por Aladino Félix um sujeito completamente desequilibrado, chegado a delírios messiânicos e fanático anticomunista. Usava o místico codinome “Sábado Dinotos”. Troque-se o nome dos generais citados por Braga Neto, Mourão e Heleno, e teremos o remake do mesmo filme. Ah, ao invés da Casa Militar, leia-se GSI. E dentre os acampados nos quartéis não faltam alucinados para o cargo messiânico de lider dos atentados. Os golpistas teimosos seguem à espreita. Ainda não entendem que os tempos são outros. É possível que façam vítimas inocentes, mas serão derrotados. E, ao contrário do passado, não escaparão impunes. Quem quiser saber mais detalhes dessas história, recomendamos a leitura da excelente reportagem de Vasconcelo Quadros na Agência Pública e do livro “A direita explosiva do Brasil”, dos jornalistas José Argolo, Kátia Ribeiro e Luiz Alberto Fortunato.

  2. A PF começou hoje a limpar as valas de esgoto cheias desses falsos patriotas. Dia 1º vai ser uma correria danada de gente viajando para passar “férias” no exterior. Mas, se correr o bicho pega, se ficar….

  3. Lamentável essa mesma história, esse pessoal de farda, e sabemos que muitos não são sérios, pois participam de vários esquemas de corrupção, lembra do militar com cocaína no avião da FAB, as milícias, processos de tráfico de tudo e execuções de inimigos pela história, é farto os casos e ninguém faz nada pois sabem que são matadores, mas a sociedade não pode permitir nem se sujeitar aos recruta-zero temos que julgar todos sob a luz da Lei e da Constituição, dia a quem doer, chega de machões e extremistas sanguinários.

  4. Não trabalham no que deveriam. Sugam os recursos, vide tanques italianos. Estão FORA da sociedade brasileira pois sentem-se acima dela sem o ser. Cidadãos maus. Comportamento de casta!

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