O primeiro-ministro do Tibet

Do UOL

Jurista de Harvard assume poder político de Dalai Lama

EFE

Diego Agúndez.

Nova Délhi, 8 ago (EFE).- O jurista educado em Harvard, Lobsang Sangay, recebeu nesta segunda-feira de Dalai Lama a missão de conduzir o poder político do Governo tibetano no exílio, em cerimônia em que prometeu negociar com a China uma maior autonomia para o Tibete.

Sangay, de 43 anos, jurou o novo cargo de primeiro-ministro (“kalon tripa”) do Governo no exílio na localidade ao norte da Índia de Dharamsala, região em que o dalai lama refugiou-se após a fracassada revolta tibetana contra a China em 1959.

“Guiado pela sabedoria de nossos ancestrais, me disponho a continuar com a política que procura uma autonomia genuína para o Tibete dentro da China”, proclamou Sangay em seu discurso.

Da cerimônia participaram milhares de pessoas que ouviram sob chuva o primeiro discurso de seu novo primeiro-ministro, quem estava acompanhado pelo dalai lama.

“Demos todas as responsabilidades políticas ao líder eleito democraticamente”, proclamou em língua tibetana o dalai lama – quem conserva a autoridade como líder espiritual budista -, em declarações da imprensa indiana.

O juramento ocorreu às nove horas, nove minutos e nove segundos, um momento considerado especialmente propício pelas autoridades tibetanas, e durante o mesmo Sangay recebeu o selo centenário do Kashag (gabinete), usado desde o século 18.

Sangay é o primeiro “kalon tripa” que assume plenos poderes políticos e administrativos nas instituições do exílio, depois do dalai lama, de 76 anos, anunciasse em março seu desejo de concentrar-se em suas tarefas religiosas.

“A Carta tibetana recolheu em maio o desejo do dalai lama, portanto está claro que Sangay tem agora os poderes políticos, embora a formação de seu gabinete somente deva ocorrer em setembro”, informou à Agência Efe um porta-voz do Parlamento tibetano no exílio, Tenzin Norbu.

Sangay venceu com folga as eleições de março da comunidade tibetana no exílio, e os analistas coincidem em apontar como a missão mais urgente é pôr ordem à sucessão do líder espiritual tibetano e dar continuidade ao movimento.

O Governo tibetano no exílio não é reconhecido formalmente por nenhum país e precisa de autoridade sobre Tibete, mas o fato de ter sede na Índia é uma das maiores disputas entre esse país e a China, onde está o território.

Nesta segunda-feira, Sangay agradeceu à comunidade internacional pela ajuda prestada aos tibetanos no exílio, e ressaltou que sua luta não é contra “o povo chinês”, nem contra “China como estado”, mas contra as “políticas de linha dura” que esse país pratica no Tibete.

“Após 70 anos, o Tibete não é o paraíso socialista como profetizaram os funcionários chineses. Não há socialismo no Tibete, mas colonialismo”, declarou Sangay, que referendou o compromisso de seu Governo com a “luta pacífica”.

O novo ‘kalon tripa’ encarna uma geração de dirigentes tibetanos que nunca visitaram seu território, nascidos no exílio e chamados a conduzir o movimento no lugar de dalai lama, que com sua renúncia política buscava ordenar sua sucessão.

Sangay foi educado em uma escola para refugiados tibetanos na cidade nortista indiana de Darjeeling, e após estudar Direito na Universidade de Délhi, transferiu-se para Harvard com uma bolsa de estudos de doutorado da Comissão Fulbright.

O dalai lama fez várias tentativas de diálogo com as autoridades chinesas para alcançar uma solução na disputa pelo Tibete, um desértico e pouco povoado planalto situado na vertente norte do Himalaya.

Atualmente, 140 mil tibetanos vivem no exílio, a maioria deles na Índia.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2011/08/08/jurista-de-ha…

Luis Nassif

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