Os assassinatos de pesquisadores nucleares no Irã

Ivan, acho que você tem razão.

Do UOL

Serviço secreto de Israel pode estar por trás de assassinatos de pesquisadores nuclares no Irã


Der Spiegel 

Ulrike Putz Em Jerusalém (Israel) 03/08/2011

Um pesquisador nuclear atrás do outro está morrendo em uma série de assassinatos recentes no Irã. Será que o Mossad de Israel está tentando sabotar a fabricação de uma bomba nuclear com os ataques? As autoridades em Israel não negam nada. Os generais israelenses são ainda mais linhas-duras, com seus pedidos de ataques aéreos contra o Irã crescendo cada vez mais.

“Israel não está respondendo”, disse o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, no início desta semana, quando perguntado se seu país estava envolvido no mais recente assassinato de um cientista nuclear iraniano. Não soou exatamente como uma negação, e o sorriso no rosto dele sugeriu que Israel não está preocupado com as suspeitas de que é o responsável pela série de assassinatos dos físicos envolvidos no controverso programa nuclear iraniano.

Há pouca dúvida no mundo obscuro das agências de inteligência de que Israel está por trás do assassinato de Darioush Rezaei. “Essa foi a primeira ação séria tomada pelo novo chefe do Mossad, Tamir Pardo”, disse uma fonte na inteligência israelense para a “Spiegel Online”.

Em 23 de julho, Rezaei se tornou a mais recente vítima de uma série misteriosa de ataques ao longo dos últimos 20 meses, que está causando uma dizimação virtual da elite de físicos da república islâmica. O físico de 35 anos morreu após ser baleado na garganta diante do jardim de infância de sua filha, no leste de Teerã. A imprensa iraniana noticiou que os dois supostos perpetradores do ataque escaparam em uma motocicleta.

Um revés para o programa nuclear do Irã

E quem era o homem que foi baleado diante de sua esposa e filha? Segundo a agência de notícias “The Associated Press”, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena, já confirmou o que já foi noticiado pela imprensa israelense –que o estudante de física trabalhava no desenvolvimento de sistemas comutadores de alta tensão, um componente-chave que é crucial para disparar as explosões necessárias para acionar uma ogiva nuclear. O físico aparentemente era visto diariamente em um centro de pesquisa nuclear no norte de Teerã.

O fato da morte de Rezaei ter atingido um nervo no Irá é aparente devido à reação oficial à morte. Kazem Jalali, o chefe do comitê de segurança nacional no Parlamento iraniano, disse que o assassinato de físicos iranianos mostra que os Estados Unidos e Israel estão “desesperados” diante das ambições nucleares de Teerã.

Rezaei é o terceiro físico nuclear iraniano que pagou seu emprego com sua vida desde o início de 2010:

-Em janeiro de 2010, o físico nuclear Masoud Ali Mohammadi morreu quando uma bomba detonada remotamente, ligada a uma moto, explodiu ao lado do carro dele. Especialistas ocidentais consideravam Mohammadi como um dos principais cientistas nucleares do Irã.

-Em 29 de novembro de 2010, perpetradores desconhecidos realizaram dois ataques envolvendo motociclistas fixando artefatos explosivos contra os carros de suas vítimas em movimento. Majid Shahriari, um professor de física nuclear que era especializado no transporte de nêutrons, que é relevante para a fabricação de bombas, foi morto quando seu carro explodiu. Sua esposa ficou seriamente ferida no ataque.

-Fereidoun Abbasi foi alvo em um ataque simultâneo. Abbasi, um especialista em separação de isótopos nucleares, notou o motociclista suspeito e ele e sua esposa pularam para fora do carro. Ambos ficaram feridos na explosão. Depois que Abbasi se recuperou, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o nomeou como um dos vice-presidentes do Irã e também como chefe da Organização de Energia Atômica do Irã.

O Irã suspeita que um “triângulo de perversidade”, composto pelos Estados Unidos, Israel e seus cúmplices contratados, esteja por trás dos ataques, segundo fontes em Teerã. Washington nega qualquer responsabilidade: “Nós não estivemos envolvidos”, disse uma porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos em resposta à morte de Rezaei. Israel, por sua vez, optou por uma política de silêncio ambíguo.

Parte de uma campanha

Segundo fontes na inteligência israelense, as mortes fazem parte de uma campanha para sabotar, ou ao menos atrasar, o programa nuclear do Irã. A suposta campanha também envolve outras táticas, assim como assassinatos. O ciberataque utilizando o vírus de computador Stuxnet, que paralisou grande parte do programa nuclear iraniano em meados de 2010, supostamente também faz parte da campanha secreta do Israel contra o Irã.

Mas para os linhas-duras das forças armadas israelenses, a ação secreta não vai longe o suficiente. Os pedidos para bombardeio contra o Irã estão ficando mais fortes, especialmente entre os oficiais da Força Aérea Israelense, disse o informante à “Spiegel Online”. Aparentemente há um debate acalorado a respeito da eficácia dessas campanhas de assassinato e se podem de fato cumprir sua meta, disse Yossi Melman, um especialista em inteligência do jornal israelense “Haaretz”. Além disso, Israel já enfrentou fortes críticas por outros assassinatos supostamente cometidos por seus agentes em países estrangeiros.

Até agora, os especialistas do Mossad têm conseguido convencer aqueles que tomam as decisões de que a fabricação de uma bomba iraniana pode ao menos ser atrasada por meio de ataques contra figuras-chave e instalações nucleares. Mas não está claro por quanto tempo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu continuará seguindo esse conselho. Políticos em Jerusalém sabem que o Mossad atua em interesse próprio quando argumenta que seus agentes devem estar na liderança na luta contra o Irã.

“Enquanto o Mossad estiver liderando a luta contra a bomba, ele receberá verbas maiores”, disse a fonte. Se haverá um ataque aberto contra instalações nucleares do Irã no futuro dependerá, em parte, de quem vencer a disputa interna de poder, os militares israelenses ou a inteligência, disse a fonte. “Assim como em tudo, isto também envolve prestígio.”
Tradução: George El Khouri Andolfato

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2011/08/03/servico-sec…

Luis Nassif

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