Liga Árabe reage à ameaça de Bolsonaro transferir embaixada do Brasil para Jerusalém

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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do Instituto Brasil Palestina 

Liga Árabe reage a ameaça de Bolsonaro transferir embaixada do Brasil para Jerusalém

por Lúcia Rodrigues, da Ibraspal

Grupo ressalta que mudança pode afetar relações com países do bloco

A insatisfação foi externaliza em uma carta assinada pelo secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, entregue ao Ministério das Relações Exteriores.

Embaixadores árabes também devem se reunir em Brasília nos próximos dias para traçar estratégias sobre a ameaça de Bolsonaro.

Até o momento apenas Estados Unidos e Guatemala transferiram suas representações de Tel Aviv para Jerusalém.

Se efetivar a ameaça, Bolsonaro estará reconhecendo Jerusalém como a capital de Israel, contrariando o Direito Internacional e se chocando frontalmente com as resoluções da ONU, a Organização das Nações Unidas, que refutam essa interpretação.  

“Dar um passo como esse não apenas atingiria os interesses palestinos, mas reduziria drasticamente as oportunidades de alcançar uma paz mais ampla”, ressalta trecho do documento assinado por Aboul Gheit.  

O representante da Liga Árabe reivindicou que Bolsonaro reconsidere a decisão como forma de “preservar a duradoura amizade”.

A tradição da diplomacia brasileira sempre foi de atuar para a consolidação dos dois Estados visando a resolução do conflito israelense-palestino.

Mas a ameaça de Bolsonaro pode alterar de forma abrupta a rota da política externa brasileira.

E isso pode impactar as contas do país. A Liga Árabe representa um importante mercado para exportações brasileiras.

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne halal do mundo. O abate do gado e de aves segue a norma muçulmana e por isso faz sucesso nos países do bloco.

Mas o comércio destes produtos está seriamente ameaçado caso Bolsonaro ignore os argumentos árabes e transfira a Embaixada para a Palestina.

Os impactos provocados por um corte drástico nas importações de carne bovina e de aves pelos mercados do Oriente Médio vão atingir em cheio os produtores rurais brasileiros.

O comércio com os 22 países do bloco árabe representaram um superávit de 7,1 bilhões de dólares para o Brasil, enquanto as negociações com Israel registraram um déficit de 419 milhões de dólares.

Os exportadores de carne já pressionaram Bolsonaro para rever a ameaça. Os únicos satisfeitos com a transferência da Embaixada do Brasil para Jerusalém são os Estados Unidos e Israel.

De acordo com a equipe de transição do novo governo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já declarou que pretende participar da posse de Bolsonaro no próximo dia primeiro de janeiro.

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

7 Comentários

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  1. Netanyahu talvez seja o único Chefe de Estado presente

    Tô achando que Bibi será o único dignatário presente na posse do Bozo. Quero ver se o tão-amado Topetudo vai aparecer…

  2. O Egito sozinho é um parceiro

    O Egito sozinho é um parceiro comercial mais relevante para o brasil do que Israel.

    Se Netanyahu vier ao Brasil para a posse presidencial isso só vai azedar de vez as relações com a Liga Árabe. Ai só falta Bolsonaro fazer a sua caca com os chineses, aqueles  “comunas”,  para a pauta de exportações brasileira virar fumaça da noite para o dia. Por enquanto a liga árabe está usando a típica linguagem diplomática, educadamente fria, com as ameaças nas entelinhas, depois eles pegam o porrete. O problema é que Bolsonaro não enxerga nas entrelinhas, e nem nas linhas.

    1. Boicote

      Se houver boicote, será mais do que merecido. E os exportadores cretinos que apoiaram a  implantação da política externa  boçal pagarão merecidamente por isso. Lamento  que os seus empregados também sofrerão, na hipótese de que não tenham agido como pobres burros de direita, votando contra seus próprios interesses.

  3. Mil e Uma Noites

    Nassif: tenho prá mim que esses donos de camelos e dromedários vão se dar mal. O daBala está muito comprometido com o pessoal da colônia dominada pelo Príncipe de Paris, que arquitetou o plano. E a capital vai mesmo prá Jerusalem, pois este foi o acordo para que a colônia da EstrelaAmarela entrasse com gente e grana na parada eleitoral. Até porque os descententes de Caim já levaram o controle da segurança brasileira e vão fornecer knowhow para as colônias a serem instaladas em Goiás, logo após a posse. Dizem que os tais estão felizes com a chegada do Messias.

    O Messias (eleito) é pessoa de palavra. Macho pacas. Vai cumprir o combinado. Que se danem esses mascates das arábias. Se necessário serão fechadas a 25 de Março (SP) e a SAARA (RJ).

    A única coisa que deles pode interessar hoje (e a partir de 2 de janeiro) são os 40 ladrões. Como príncipio de governo…

  4. Solução ” Canguru “

      Em outubro passado durante a eleição meio-termo australiana, o Primeiro Ministro Morrison em campanha considerou mudar a embaixada australiana para Jerusalem ( lógico, afinal dependia dos votos judeus de seu distrito ), deu o maior rolo pois colocou em sério risco um tratado de comércio que estava sendo negociado com a Indonésia ( US$ 16,5 Bilhões ), alem de um risco de segurança sério comunicado a ele em uma reunião de emergencia com 13 paises muçulmanos.

       Reeleito ele “salomonicou”, pois agora em dezembro, espertamente comunicou ao Parlamento que reconhecerá Jerusalem como “capital” do Estado de Israel, mas respeitando os acordos internacionais manterá a embaixada em Tel Aviv.

       P.S.:  Um setor industrial exportador sério para paises arabes/muçulmanos, o qual conheço um pouco, e grande entusiasta da candidatura Bolsonaro desde o começo, encontra-se tão ou mais preocupado com esta possivel mudança, a perda de mercado e até de contratos já firmados e/ou alinhavados ( ASaudita, Emirados, Paquistão e Indonésia ), seria uma tremenda porrada, e pior ainda……..parte deles iria para ooutros concorrentes, até mesmo – ironicamente – Estados Unidos.

  5. Discordo completamente da

    Discordo completamente da posição do Boça, mas ele é justamente aquele estereótipo “se é dos Estados Unidos, então é bom”.

    O preço a se pagar com isso é a destruição de anos e anos de diplomacia (herança petista, aliás… o que está escondido na decisão, claro) e de negócios.

    Nessa linha, faz dupla com a Lava-Jato e a destruição no know-how de engenharia internacional. 

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