Mais brutalidade: mulher foi torturada e estuprada no Carrefour por furtar comida

A vítima era negra, lésbica e dependente química. Ela foi levada para uma sala reservada onde apanhou e foi sodomizada como "lição e castigo", relata juíza

Jornal GGN – Em meio à comoção pelo assassinato de João Alberto Silveira de Freitas, homem negro espancado e asfixiado até a morte por seguranças do Carrefour em Porto Alegre, uma juíza titular da Vara Criminal de Mesquita, na Baixada Fluminense (RJ), decidiu compartilhar nas redes sociais um relato de outra vítima que sofreu violação de direitos humanos na mesma rede de supermercados.

A vítima da brutalidade era do Rio, uma mulher negra e lésbica, dependente química, que foi flagrada por funcionários do Carrefour furtando alguns alimentos. Ela foi levada para uma sala reservada, onde apanhou com um pedaço de madeira e foi estuprada pelo ânus como forma de “castigo e lição”.

Por @CristianaFC, no Twitter

Tenho uma história sobre o Carrefour e racismo para contar. Não é uma vivência pessoal, claro. Mas de uma mulher que foi presa e brutalizada quando eu era juíza de custódia, no Rio de Janeiro. 

Uma mulher, negra, lésbica, pobre, dependente química, foi presa por supostamente furtar comida numa filial do Carrefour, no Rio. Ao chegar à audiência de custódia (que, na época, era realizada no prédio do Tribunal, no centro da cidade), vi que o médico que a examinou ? 
descreveu que ela estava com um curativo no ânus. Ela dizia que havia se machucado ao evacuar, algo assim. Só que a história real não era essa. A audiência começou e a configuração de personagens era assim: eu, de juíza; @edjnewton de Defensor; @wagnercordeiro como secretário ? 
e 1 promotor de justiça que, além de negro, já tinha feito audiência c/ aquela mulher anteriormente e sabia da condição de dependência dela. Ela não relatava o motivo de estar ferida e apesar de ter sido visivelmente torturada recusava-se a narrar o que ocorrera. Eu permiti 
que a companheira dela entrasse na sala. Ela sentava ao lado da mulher e dizia “fale para eles o que aconteceu”. Depois de muita insistência, de eu ter “descido do palanque” (eu detesto tanto essa arquitetura q sempre mando arrancar o tablado por onde passo, mas ali eu era só ? 
mais uma juíza e não tinha essa ingerência)… enfim ela contou que foi flagrada furtando (uma relação de alimentos bem mais módica do que aquela apresentada na nota fiscal pelo mercado). Não era a primeira vez. Mas naquele dia, algo diferente e terrível aconteceu. ? 
Ela foi levada para uma salinha onde foi brutalmente espancada com um pedaço de madeira, inclusive. Não teve coragem de nos contar o mais cruel, e só falou para a psicóloga que a atendeu antes de ser liberada: foi sodomizada, estuprada, como “lição e castigo”. 
Desde então, não consigo entrar num Carrefour. E, depois disso, vieram todas as demais histórias que todos sabem. Essa mulher foi atendida pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que processou o Carrefour. ? 
Até quando isso vai continuar acontecendo, com a complacência de tantos….é o que me pergunto quando vejo cenas como a do assassinato de João Alberto. 

Leia também:

Sete vezes em que o Carrefour atuou com descaso e violência

 

Redação

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  1. Carrefour vendeu lote de celular roubado

    EDUARDO DE OLIVEIRA
    da Agência Folha

    A unidade de Recife (PE) da rede francesa de hipermercados Carrefour fez uma promoção de venda de celulares que faziam parte de uma carga roubada em São Paulo no ano passado.

    É o que revela o inquérito aberto pela Delegacia de Roubo de Cargas de Recife. De acordo com os autos do processo, pelo menos 500 aparelhos da marca Ericsson, modelo DH 668, foram colocados à venda na unidade.

    Os telefones faziam parte de um lote, avaliado em R¹ 1,5 milhão, que foi roubado na rodovia dos Bandeirantes no dia 3 de maio do ano passado.
    A investigação do roubo, que começou a partir de uma representação criminal feita por advogados da Ericsson, apurou uma trama cheia de personagens.

    Um representante da empresa em Pernambuco desconfiou de uma promoção do Carrefour em que os celulares estavam sendo vendidos por R4 199,00. Segundo o funcionário, cujo nome não foi revelado, o preço do modelo, pelas características do aparelho, estava muito abaixo do valor praticado no mercado.

    Ele comprou um aparelho, em agosto do ano passado, e o enviou para a sede da Ericsson, em São Paulo. A empresa constatou, por meio do número de série do aparelho (20407526133) na nota do Carrefour (064044 série F), que o telefone fazia parte do lote roubado na rodovia três meses
    antes.

    Intermediários

    Em depoimento à polícia, Altair da Silva, então gerente da unidade do Carrefour em Recife, afirmou que a carga havia sido comprada da Spryntt Celular Comércio e Serviços Ltda. A reportagem verificou que no endereço a que a nota fiscal remete, em Olinda, existe atualmente uma loja de venda de roupas.

    De acordo com o gerente, o lote de celulares foi oferecido ao hipermercado por Flávio Ferreira da Silva, representante comercial da Brigntpoint do Brasil Ltda., de Barueri (SP), uma das fornecedoras do Carrefour.

    Ouvido pela polícia, Flávio, por sua vez, disse que somente intermediou a informação de que havia no mercado um lote de telefones à venda, que teria sido repassada a ele por Ricardo José Rodrigues Gomes de Matos.

    Engenheiro civil que trabalhara no mercado de celulares de Recife, Matos disse que fora procurado, em junho do ano passado, por Luiz Ricardo Gusmão, que seria o dono da Spryntt e estaria à procura de compradores para um lote de celulares. A polícia não conseguiu localizar Gusmão.

    O delegado Luiz Roberto Bruto da Costa, responsável pelo inquérito, indiciou o então gerente do Carrefour, Altair da Silva, o representante da Brigntpoint, Flávio Ferreira da Silva, e o engenheiro civil pelos crimes de receptação de mercadoria roubada e formação de quadrilha.

    O relator da CPI do Roubo de Cargas, deputado Oscar Andrade (PFL-RO), disse que o episódio “confirma indícios de que grandes grupos empresariais estão envolvidos no roubo de cargas”. “Seria ingenuidade achar que os R$ 500 milhões que são roubados em cargas ano após ano alimentam apenas o comércio informal, o camelô. Hoje, o roubo já é feito sob encomenda”, afirmou.

    Ele disse que o motorista Jorge Meres, principal testemunha da comissão, “afirma categoricamente que já entregou mercadoria roubada no Carrefour de São José dos Campos”.

    “Os nossos trabalhos, na segunda fase da CPI, vão enfocar a questão da receptação de produtos roubados”, declarou o deputado.

    A Ericsson, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não poderia comentar o assunto, por orientação de seu departamento jurídico, pelo fato de estar sub judice.

    De acordo com a empresa, qualquer telefone celular pode ser habilitado em uma operadora desde que exista uma nota fiscal de venda ao consumidor.

    Leia mais:

    Empresa diz que venda de celular roubado é caso isolado

    https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u25942.shtml

  2. Quem são os acionistas do Carrefour?
    Não vai adiantar deixar de comprar em um hipermercado e ir para outro, sendo a participação acionária pertencente a ambos. .
    And follow the money.

  3. Partindo da lógica dos justiceiros…. que tal levarmos os líderes do Carrefour (bando de receptadores) pra “salinha” e dar 1 “corretivo” neles ??

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