Militares envolvidos no 8/1 serão acusados de agir por vontade própria

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Governistas, oposição e direção da CPMI 8/1 têm um consenso: não haverá a imputação de culpa ao Exército, Marinha ou Aeronáutica

Militares envolvidos nos atos golpistas se associam ao governo Bolsonaro, Exército e mobilizações pró-golpe. Crédito: Reprodução/ Redes sociais

Governistas, oposição e a direção da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre o 8 de janeiro têm um consenso: não haverá a imputação de culpa ao Exército, Marinha ou Aeronáutica. Militares envolvidos nos atos golpistas serão acusados de agir por vontade própria.   

Para o presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA), “o fato de alguns militares terem eventualmente se envolvido com essas movimentações antidemocráticas, tem de ser separado, totalmente separado, das Forças Armadas”.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), declarou que seu parecer vai apontar culpas individuais sem envolver as instituições militares. As informações que constarão no relatório ainda estão sendo estudadas, podendo sofrer alterações, mas as Forças Armadas serão poupadas. 

Na última semana, Maia esteve no quartel-general do Exército, em Brasília, para um encontro com o comandante da instituição, general Tomás Ribeiro Paiva. Após a reunião, Maia elogiou o Exército, que chamou de “fundamental à democracia”. 

Forças militares implicadas 

A implicação do Exército é tamanha que na quinta-feira (24) o tenente-coronel Mauro Cid prestou depoimento na CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal, enquanto, no Congresso Nacional, o sargento Luis Marcos dos Reis dava explicações à CPMI.

Pode haver imputação de crimes aos dois militares, mas o Exército será preservado. Ambos estão presos desde maio e trabalhavam na Ajudância de Ordens da Presidência durante a gestão Jair Bolsonaro (PL).

Outro constrangimento às Forças Armadas deve acontecer no próximo dia 31, com o depoimento do general Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), no dia do vandalismo no Planalto. Ele apareceu em imagens sem reagir aos invasores.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

2 Comentários

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  1. Será que entendi? As FFAA quer que o nome das instituições sejam preservados? Mesmo tendo reuniões golpistas, reuniões com hacker, manifestações encontradas em gravações que indicam apoio ao golpe de estado feitas por oficiais e a total complacência com os acampamentos repletos de terroristas e subversivos, que além receberem /manipularem/estocarem e transportarem artefatos de alto teor explosivo (bombas), exatamente no espaço em frente ao QG Central do Exército, ainda receberam a total e bondosa segurança, que , inclusive, impediu que a Policia Militar executasse a urgente e necessária operação de desmonte do ilegal acampamento, fato que evitaria a tragédia dos atos terroristas e subversivos que atentaram contra a segurança nacional e as Instituições públicas dos três Poderes da República Federativa do Brasil. Ainda assim, com o respeito que as FFAA merecem e a reconhecida recusa que tiveram ao não apoiar oficialmente o golpe, não percebem que estão cometendo mais um crime, além do que cometeram com a omissão em não agir como deveriam, que é o crime de corromper o trabalho investigativo e punitivo que está em fase adiantada de apuração. Que autoridade moral a FFAA terá para extirpar de suas fileiras, todos os focos de sementes daninhas que ainda possam existir enraizadas em seus quartéis, se a soberba e teimosia Intimidatória insistem em falar mais alto do que a mea culpa e do que o reconhecimento do erro? Penso que o uso da coragem e do altruísmo para cortar da própria carne é a arma indispensável, para o resgate da confiança e do respeito maior na instituição. Pode ser um outro grave erro insistir no pedido indevido do corrompimento simbólico, para que não seja citado os nomes das instituições militares. Mas, com certeza, não evitará que todos saibam e vejam a verdade, como aconteceu na conhecida fábula do Rei nu.

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