Ministro da Justiça pode ter provocado sua saída do cargo, por Andrei Meireles

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Torquato Jardim, ministro da Justiça, está com a “cabeça na bandeja”, segundo o colunista de Os Divergentes, Andrei Meireles. O titular já vinha recebendo críticas no governo por não corresponder às expectativas de alterar o time que atua na Lava Jato. Agora, decidiu atacar o Planalto em duas frentes: numa, minando as relações com o Rio de Janeiro; noutra, defendendo a prisão a partir de decisão em segunda instância.

Por Andrei Meireles
 
Em Os Divergentes
 
Ministro chuta pau da barraca, põe Temer na berlinda e cabeça à prêmio
 
Torquato Jardim virou um fio desencapado. Ele foi escalado para o Ministério da Justiça como peça chave para barrar a Lava Jato.
 
Por esse script, seu primeiro ato seria trocar o comando da Polícia Federal. Ao chegar, ele até alimentou essa expectativa. O tempo passou, mas tudo continuou igual. Desistiu da mudança.
 
TJ, como é chamado nos zaps internos no governo, aos poucos foi-se distanciando do que os palacianos esperavam dele. Não estava ajudando, mas até essa semana atrapalhava pouco.
 
Era tido apenas como muito vaidoso, alguém que se acha dono da verdade, e chamado entre os colegas de Dr Sabe Tudo. Tipo um cara meio pancada, mas protegido pelo chefe Michel Temer, que gosta dele.
 
Na segunda-feira (30), Torquato Jardim deu a primeira paulada. Na contramão da base governista e de ministros do STF interessados em cortar as asinhas da Lava Jato, bateu forte.
 
Saiu em defesa da aplicação de pena a partir da condenação em segunda instância, questão crucial para o futuro da Lava Jato. “A alegada motivação política não fica bem para a biografia do Supremo. Sou a favor do recolhimento na segunda instância. Deve-se manter a decisão anterior”, afirmou o ministro da Justiça, para surpresa dos aliados do governo.
 
Era tudo o que os caciques governistas e seus colegas no Palácio do Planalto não queriam ouvir. A cobrança foi pro caderninho para quando Michel Temer retornasse do tratamento de saúde em São Paulo.
 
Aí, todos eles foram surpreendidos mais uma vez. Nessa terça-feira (31), em entrevista ao craque Josias de Souza, Torquato Jardim deu uma paulada muito mais forte com repercussões ainda não dimensionadas.
 
Para espanto dos ministros Raul Jungmann (Defesa) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional), seus parceiros nas tratativas com as autoridades do Rio de Janeiro para o enfrentamento do crime organizado, TJ chutou o pau de todas as barracas erguidas com o apoio do governo federal no Estado.
 
Na avaliação em Brasília, ele conseguiu a proeza de não deixar pedra sobre pedra. Detonou o governo Pezão, seu secretário de Segurança, as polícias do estado, os comandantes da PM, os escalões intermediários, disse que estão a serviço de uma parceria entre deputados e o crime organizado….
 
Mesmo que até tenha alguma razão, porque a promiscuidade no Rio de Janeiro ultrapassou todos os limites, ao generalizar, Torquato Jardim, mais do que cometer eventuais injustiças, fechou portas na desconfiada parceria entre autoridades de segurança do Rio de Janeiro e do governo federal.
 
Não dá para mantê-las assim. Na berlinda, Michel Temer vai ter que destravá-las.
 
A cabeça de Torquato Jardim está na bandeja.
 
A conferir.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. Torquato adere de vez à onda
    Torquato adere de vez à onda denuncista.
    Talvez, com pretensões eleitorais.
    Defende a prisão após julgamento em segunda instância, sem o trânsito em julgado, contrariando a constituição.
    Não bastasse, denuncia, de forma inconsequente, toda a cúpula da PM e da segurança pública do Rio.
    Algo inconcebível para um Ministro da Justiça.
    Se tem provas, que as apresente e denuncie de maneira embasada. Um dever de ofício.
    Se não tem, cale-se.

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