Nem as pesquisas escapam das manipulações do golpe, por Gleisi Hoffmann

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Jornal GGN – Em artigo publicado nesta terça (19) no Brasil 247, a senadora Gleisi Hoffmann (PT) questiona a leitura feita pelos principais jornais impressos a partir da recente pesquisa Datafolha, apontando que 50% dos entrevistados preferem Michel Temer no poder à presidente Dilma Rousseff. Segundo Gleisi, é “inacreditável” que a pesquisa tenha registrado dados tão opostos ao que foi medido há um mês pela CNT/MDA, onde 60% queriam novas eleições, ante apenas 3% do Datafolha. Para a senadora, o que ocorre é uma manipulação midiática afim de exaltar Temer, justamente quando Dilma tem reunido forças para barrar o impeachment no Senado.

Por Gleisi Hoffmann

Inacreditável a pesquisa Datafolha publicada neste domingo. Como num passe de mágica houve inversão de resultados apurados há mais ou menos um mês por um outro prestigiado instituto de pesquisa, CNT/MDA. O presidente interino, Michel Temer, passou a ser bem avaliado, com preferência sobre Dilma; apenas 3% da população quer eleições diretas, contra 60% que as queriam fazem trinta dias; e o otimismo do brasileiro em relação à economia do país voltou. Aliás, fazia algum tempo que o Datafolha não publicava pesquisa. Também voltou!

Coincidência ou não, essa leitura otimista do governo Temer e mais positiva da economia acontece após uma melhora nas expectativas de se reverter o processo de impeachment no Senado. A apresentação do resultado da perícia, solicitada pela defesa da presidenta Dilma, comprovou que não há ato dela nas chamadas pedaladas fiscais junto ao Banco do Brasil. Também diminui para três os decretos de suplementação orçamentária que teriam sido editados sem previsão legal! Lembremos que o processo começou com seis decretos.

Some-se a isso decisões recentes do Ministério Público Federal que mandou arquivar dois. Procedimentos Investigatórios Criminais referente à prática de crimes previstos no Código Penal: operações de crédito sem autorização legislativa e despesas não previstas em lei. Um desses procedimentos era, exatamente, o do atraso no pagamento das subvenções dos juros do Plano Safra junto ao Banco do Brasil. Isso, com certeza, está causando desconforto entre senadores que julgam a presidenta.

Como condená-la se o Ministério Público, que tem prerrogativa constitucional de determinar a prática de um crime, entendeu que as pedaladas não configuraram operações de créditos e, portanto, não são crime!

A articulação política no Senado também vai adiantada. Um grupo de senadores independentes tem se reunido com frequência com colegas para debater o processo de impeachment e mostrar que a presidenta é inocente quanto às acusações que lhe fazem. Já reverteram votos e estão crescendo nesse objetivo. Para mim, são esses resultados que “influenciaram” a pesquisa Datafolha.

Quanto à economia, vão vender terreno na lua ao povo brasileiro. Vão repetir a intensa propaganda midiática que fizeram contra Dilma a favor de Temer. A grande mídia tem esse compromisso. Aliás, ao olharmos as matérias jornalísticas do final de semana, nenhum grande veículo deu destaque a decisão do Ministério Público Federal sobre a não existência de crimes nas pedaladas fiscais. E agora?!

Fiquemos atentos porque nos próximos dias que antecedem a votação do impeachment o governo interino de Temer será exaltado. Essa será a prática política e midiática.

Não posso terminar este artigo sem deixar de falar no golpe da Turquia. A oposição a presidenta Dilma poderia ter a grandiosidade e compromisso com a Nação que está tendo a oposição turca, através de seu líder Kemal Kiliçdaroglu que se manifestou: “A Turquia sofreu muito no passado pelos golpes de Estado. Estamos com a democracia e a República”.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O dinheiro compra tudo?

    Também não acredito em coincidências. Quando a realidade não apenas bater à porta, mas arrobá-la, aí não haverá transe teleguiado que segure a onda. Os barões da mídia hoje estão enebriados com a aparente vitória que não se sustentará no caminho sem volta da perda de credibilidade. Este é o preço do vale-tudo que ainda não entenderam, não há ato sem consequência.

    Acreditam mesmo que o pote de ouro no fim do arco-íris é o conluio TSE (urna sem comprovante) – mídia – institutos de pesquisa? Ahh e eu ia me esquecendo… de um auxílio luxuoso do judiciário/MP?

    Fórmulas infalíveis já demonstraram ser extremamente instáveis…. perde-se o controle sem acreditar no que salta aos olhos. Vide o exemplo PT/Realpolitik.

    P.S. Dilma, teimosa do jeito que é, irá incomodar bastante caso o impeachment/golpe seja consumado.

  2. The Intercept desmascara a fraude.

    O site norte americano The Intercept do joralista Glenn Greenwald revela: “Última pesquisa Data Folha é uma fraude pois foi manipulada.

  3. Pesquisas
    Eu acredito sim no apoio ao presidente Temer, pois eu também não acreditava nele, e hoje já vejo melhorar as na economia, espero que ele continue, e a Dilma não volte.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador