Nordeste teve mais policiamento no 2º turno do que no São João

Agente da PRF de costas, durante uma operação nas estradas — Foto: Polícia Rodoviária Federal/Agência Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, apresentou nesta quarta-feira (20) um relatório da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em cumprimento a uma determinação da Controladoria Geral da União (CGU), para esclarecer as ações de policiamento do órgão no segundo turno das eleições presidenciais.

Dino ressalta a incidência de uma série de atipicidades no trabalho da PRF no último 30 de outubro, em especial a concentração de recursos na região Nordeste, berço eleitoral do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Houve alguns casos em que a operação do dia 30 ultrapassou o total de operações daquele estado durante todo o ano”, adiantou.

Chefe de gabinete, Dino apontou três anomalias retratadas nesse documento. A primeira anomalia: muito mais operações na região Nordeste do que na demais. Entre os dias 28 e 30 de outubro, a PRF fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste. Nas demais, o número não chegou a mil [veja a demonstração completa abaixo].

Segunda anomalia

O chefe da pasta apontou ainda que os relatórios da PRF indicam mudança no planejamento sobre a operação dos policiais do primeiro para o segundo turno das eleições. Inicialmente foi previsto que o governo investiria R$ 3,5 milhões para garantir a segurança nas duas etapas do processo eleitoral.

Mas após o resultado do primeiro pleito, que levou o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e Lula para a disputa final pelo Executivo Federal, o montante de recursos alocados foi dobrado. “Houve uma determinação nova, específica para o segundo turno, com mais R$ 3,5 milhões”, afirmou Dino.

O ministro garantiu ainda que a complexidade da cobertura policial para o primeiro turno é muito maior em comparação ao segundo pleito, tento em vista que no primeiro disputam mais candidatos e houve estados em que não houve votação senão para o cargo de presidente, pois os governadores se elegeram já no dia 2. Esta é, para o ministro, a segunda anomalia do relatório da PF.

Participação da Polícia Federal

A terceira atipicidade apontada pelo ex-governador do Maranhão foi a medida que determinou que a PRF atuasse com mais rigor e em parceria com a Polícia Federal.

Apresentados os dados à CGU, agora os processos administrativos e disciplinares serão abertos na PRF. O relatório será submetido ainda ao Poder Judiciário por meio da Polícia Federal.

Demonstração relativa dos dados da Polícia Rodoviária Federal

Pontos de fiscalização
Norte: 96
Nordeste: 290
Sudeste: 191
Sul: 181
Centro-Oeste: 153

Policiais efetivos na operação (plantonistas e os que foram convocados especialmente para a ação)
Norte: 230
Nordeste: 795
Sudeste: 528
Sul: 418
Centro-Oeste: 381

Número de ônibus fiscalizados entre os dias 28 e 30 de outubro
Norte: 310
Nordeste: 2.185
Sudeste: 571
Sul: 632
Centro-Oeste: 893

Ônibus fiscalizados apenas no dia 30 de outubro
Norte: 76
Nordeste: 324
Sudeste: 79
Sul: 65
Centro-Oeste: 152

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