A queda demográfica e a disputa pelos trabalhadores jovens.

A população mundial poderá começar a declinar na década de 2040. E não está muito longe para que isso aconteça, faltando, portanto, apenas 30 anos. Nessa época, haverá uma população muito grande de idosos, que em teoria, terá suas aposentadorias custeadas pela massa de trabalhadores jovens. A força de trabalho composta de jovens deverá ser altamente cobiçada pelas empresas a partir da metade deste século, e em virtude disso, também será muito bem remunerada, principalmente nos países desenvolvidos, onde muitos estarão ganhando altos salários, e que também, infelizmente, terão que pagar elevados impostos para sustentar as aposentadorias da população idosa. Esse cenário futurístico não é uma utopia, …..será uma realidade.

Hoje, podemos dizer que um dos fatores responsáveis pelo baixo crescimento econômico das nações desenvolvidas é a queda da taxa de natalidade, que gerou uma população com poucos jovens e muitos velhos. Repito, esse fenômeno é apenas um dos fatores do baixo crescimento econômico. Hoje, os jovens já ganham bem nesses países, e tenderão, no futuro, a ganhar ainda mais, diferenciando-se dos jovens existentes nos países pobres pela discrepância salarial, uma vez que a população jovem das nações pobres continuará recebendo salários muito baixos.

O valor dos salários funciona como o valor de qualquer mercadoria, obedecendo as leis do mercado. Pode-se dizer, então, que os salários sobem quando há carência de mão-de-obra e grande oferta de empregos. Por isso, no futuro, os poucos jovens que existirão irão ganhar altos salários. Haverá tanta carência de mão-de-obra que a própria população idosa será motivada a trabalhar. Muitos velhos deverão voltar à ativa. Com relação à previdência, então, esta terá que ser modificada, de forma que só permitirá a aposentadoria dos mais jovens depois dos setenta e tantos anos de idade.

Para resolver a carência de mão-de-obra, os países desenvolvidos terão que abrir as suas portas para a imigração, fato este que irá gerar muitos conflitos entre as nações, porque todas elas precisam de jovens para tocar a economia. Os jovens poderão ser encontrados em relativa abundância apenas nas nações mais pobres, que infelizmente, terão que perder grande parcela de sua população. Os jovens dessas nações serão atraídos para mudar-se para os países ricos, e esse fenômeno, obviamente, irá prejudicar o desenvolvimento das nações miseráveis, uma vez que irá favorecer a perpetuação da pobreza. Os idosos, onde quer que estejam morando, continuarão precisando dos jovens no mercado de trabalho, uma vez que são eles os responsáveis pela produção das riquezas, e os grandes financiadores das suas aposentadorias.

Da mesma forma que os jogadores jovens brasileiros sonham hoje em jogar na Europa, os jovens dos países pobres no futuro sonharão com uma vaga no mercado de trabalho dos países ricos. Entretanto, somente os mais qualificados conseguirão tornar a migração realidade. Os jovens menos qualificados, infelizmente, irão permanecer nos países pobres, tendendo a perpetuar a pobreza.

O crescimento da população brasileira está próximo de atingir esse estágio de equilíbrio, e por isso, as autoridades brasileiras devem começar a adotar políticas para incentivar os jovens a permanecer aqui, estudando e trabalhando, mas para que isso aconteça, devem envidar todos os esforços para que o Estado possa investir pesadamente na educação e na qualificação deles para o trabalho.

O tráfico de bebês e de mulheres jovens para trabalhar e parir também deve aumentar, e por isso os hospitais e maternidades tenderão a adotar mecanismos de controle mais eficazes.

Quanto à imigração, muito provavelmente os países ricos darão prioridade aos jovens brancos, e por isso mesmo, os jovens dos países da América Latina e da Ásia serão preteridos, até porque tendem a ter melhor qualificação que os jovens da África.

O governo brasileiro deve aproveitar os recursos do pré-sal para melhorar a qualificação dos nossos jovens e destinar parcela de suas riquezas para aprimorar o serviço de saúde para melhorar o atendimento das pessoas, a fim de tornar a nossa população mais produtiva e saudável para o trabalho.

A carência de jovens também poderá trazer no futuro problemas sérios para as forças de segurança, em função da necessidade de jovens para compor os seus efetivos. Para compensar a escassez de jovens, terão as forças armadas que optar pela redução de seus efetivos, e ainda, pelo aumento do uso de tecnologias sofisticadas. A respeito disso, o Brasil poderá fazer uso também de parte dos recursos do pré-sal para modernizar as suas forças armadas.

Autor: Luiz Guilherme Menezes Lopes – militar inativo, historiador e adesguiano/SC.

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Fonte: FRIEDMAN, George. Os próximos 100 anos: uma previsão para o século XXI. Editora Best Seller Ltda. Rio de Janeiro: 2009.