Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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O Homem-Aranha e a auto derrota do PT, por Wilson Ferreira

 

Em uma das suas intermináveis lutas na franquia Homem-Aranha, o super-herói, cansado e perplexo depois de mais uma batalha contra vilões bizarros, desabafa: “de onde vem toda essa gente?”. Diante das manifestações Anti-Dilma as esquerdas parecem tentar responder à mesma pergunta perplexa do Homem-Aranha:de onde vêm os manifestantes? Eleitores do Aécio? Classe média branca? Conspiração de magnatas do petróleo dos EUA de olho no pré-sal? Há um “elemento de autoderrota” histórico nas esquerdas, como afirmava o filósofo Herbert Marcuse – o pragmatismo e o economicismo que ignoram a base imaginária e psíquica do funcionamento das ideologias. Enquanto isso, a Direita sabe “de onde vem toda essa gente”: ouve a sociedade profunda por meio de pesquisas etnográficas que perscrutam os novos perfis psicográficos chocados pelo neodesenvolvimentismo do PT.

Depois de enfrentar o Homem-Areia que tentava roubar o dinheiro de um carro-forte, o Homem-Aranha dispara sua teia e salta para um topo de um prédio. Exausto, tira sua máscara e as botas cheias de areia depois de ter sido obrigado a se engalfinhar com o vilão. E então, o herói desabafa: “de onde vem toda essa gente?…”. 

Essa é uma sequência do filme Homem-Aranha 3, mas o estado de espírito do herói ao mesmo tempo cansado e perplexo guarda suas analogias com as reações das esquerdas ao ver a escalada neoconservadora que culminou com os protestos anti-Dilma do dia 15 de março.

Homem-Aranha: “De onde vem toda essa gente?”

E o principal deles, na avenida Paulista em São Paulo, onde milhares de manifestantes revelaram uma bizarra combinação de tipos humanos: militantes da TFP (Tradição, Família e Propriedade – organização católica tradicionalista) recolhendo assinaturas em defesa da Família Brasileira; pessoas dando parabéns a policiais militares e pedindo a eles que dessem um golpe na presidenta Dilma; famílias que entre alguns gritos de slogans raivosos davam um tempo para selfies como se estivessem em algum parque temático político;  jovens que em conversas confundiam os conceitos políticos de Direita e Esquerda (dislexia política?); outros protestavam contra a ameaça da “ditadura comunista” e da “ditadura gay” (o que deve ter chamado a atenção dos militantes da TFP, sempre ávidos por mais assinaturas para seu abaixo-assinado), um manifestante carregando uma bandeira do movimento integralista pedia o fim dos partidos e sindicatos…

O elemento de autoderrota

De onde vem toda essa gente? Talvez a primeira pista esteja na fala do filósofo Paulo Arantes, durante o encontro dos seminários da FFLCH-USP. Remetendo a uma tese clássica da esquerda europeia dos anos 30 de que o fascismo é uma expressão da derrota da esquerda, afirmou: “Se você tem uma massa revoltada, proletária e que vai te massacrar é porque você perdeu. A outra coisa que nos dá medo é o que nós perdemos”.

Isso lembra as reflexões de outro filósofo, Hebert Marcuse, que em seu livro Eros e Civilização de 1966 apontava para um “elemento de autoderrota” em todos os movimentos revolucionários que tentaram abolir formas de dominação e exploração: “Em todas as revoluções parece ter havido um momento histórico em que a luta contra a dominação poderia ter saído vitoriosa… mas o momento passou. Um elemento de autoderrota parece estar em jogo nessa dinâmica. Nesse sentido, todas as revoluções foram revoluções traídas” – MARCUSE, Herbert, Eros e Civilização, Zahar Editores, 6a edição, 1975, p.92.

Antes de entender esse “elemento de autoderrota”, as esquerdas buscam rapidamente racionalizações para, talvez no íntimo, encontrarem explicações tranquilizadoras para uma derrota anunciada. 

Segredos de polichinelo: magnatas do petróleo de olho no pré-sal – conspirações como 
álibi da autoderrota

Por exemplo, nas denúncias de que os magnatas do petróleo e da extrema-direita dos EUA, os irmãos Koch, poderiam estar bancando os “Estudantes Pela Liberdade”(EPL) ou as denúncias das supostas conexões do empresário Rogério Chequer, líder do grupo “Vem Pra Rua”,  com empresários brasileiros e com nomes do setor financeiro dos EUA.

Magnatas do petróleo de olho no pré-sal e empresários financiando movimentos golpistas? Ahh!!! Vááá!!!! Segredos de polichinelo que surgem como denúncias bombásticas para encontrar um álibi racionalizador que esconda esse “elemento de autoderrota” – auto-piedade e auto-indulgência que parecem sempre assombrar as esquerdas nos momentos decisivos de tentar consolidar projetos ou vitórias.

A instituição imaginária da sociedade

Mas o que é esse “elemento de autoderrota”?. Acredito que a resposta esteja conectada com a reposta da pergunta que faz o perplexo Homem-Aranha: de onde vem essa gente? Poderíamos então acrescentar: Qual serpente chocou os ovos de onde veio toda essa gente? 

Cornelius Castoriadis

Marcuse, assim como outro filósofo chamado Cornelius Castoriadis (1922-1997), apontavam para displicência das esquerdas em relação à necessidade de compreender do funcionamento imaginário da sociedade: presos que estão ao pragmatismo da ação política e do economicismo, ignoram as bases simbólicas ou psíquicas do funcionamento das ideologias nas quais se fundamentam a instituição imaginária da sociedade.

Por exemplo, Castoriadis   lembrava que a aplicação da chamada administração científica e dos métodos fordistas na Rússia pós-revolução bolchevique para acelerar o desenvolvimento econômico reproduziram as estruturas verticais de poder burguesas, contaminando a experiência socialista soviética, levando-a à ditadura stalinista – veja CASTORIADIS, Cornelius, A Instituição Imaginária da Sociedade, Paz e Terra.

Da mesma forma, a estratégia economicista ou neodesenvolvimentista dos governos petistas com a  inclusão de grande parte dos brasileiros na sociedade de consumo resultou nos ovos chocados pela serpente cujos filhotes agora armam o bote. Acreditava-se que, por si mesmo, a inclusão na sociedade de consumo significaria inclusão social e desenvolvimento da consciência de cidadania. 

Novos perfis psicográficos

Bem diferente disso, a última década mostrou o surgimento de uma variedade de novos perfis psicográficos ou tipos-ideais que esse humilde blogueiro vem mapeando em postagens recentes: – simples descolados, coxinhas, coxinhas 2.0, novos tradicionalistas, rinocerontes etc. – sobre esses tipos-ideais clique aqui e aqui.

A Direita compreende os novos perfis psicográficos

O crédito público educativo do FIES colocou milhares de brasileiros em faculdades privadas. Se por um lado proporcionou a oportunidade de inclusão e melhoria de vida, por outro permitiu que fossem, durante quatro anos de curso, diariamente doutrinados nas salas de aulas dentro da ideologia da meritocracia e empreendedorismo – a percepção de que o sucesso é puramente individual, ignorando de que também é o resultado de um investimento da sociedade no indivíduo.

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Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

33 Comentários

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  1. Que tal algo mais simples?

    Se o país tivesse crescido nos últimos quatro anos e o governo não tivesse feito o que fez na Petrobrás, não haveria “inimigos” se manifestando nas ruas. Simples assim.

    1. Perfeito comentário.

      Perfeito comentário. Acrescente-se a isso o estelionato eleitoral de Dilma e tem-se a resposta simples e objetivo do que está acontecendo agora. 

      1. cada troll

        Já em SP da dengue, da falta d’água; em Minas dos administradores exemplos de competência; no Paraná falido economicamente e sobretudo moralmente isto pode ser chamado de….

        Sei lá qual a tua bandeira na “promenade” de hoje, estou sem inspiração.

          1. bolsa troll

            Tá na lista do hsbc? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

            Tá na lista da operação “zelote”? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

          2. bolsa troll

            Tá na lista do hsbc? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

            Tá na lista da operação “zelote”? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

  2. serpentes?

    Enquanto o PT ficava vislumbrado com o poder e seus encantos, em brigas internas para ocupação de espaços na administração pública, a serpente colocava seus ovinhos nas universidades, nos campos, cidade e nos movimentos populares. Agora esses começaram a eclodir e as serpentes colocam suas cabeças para fora, dominando o terreno que outrora foi do PT. 

  3. Enfim, alguém que faz uma

    Enfim, alguém que faz uma análise sociológica um pouco mais próxima do que a gente percebe no dia-a-dia, nas conversas com jovens empreendedores e na convivências com as diversas tribos que existem nas faculdades…

    Vamos às disgrssões… no meu tempo de graduação, os estudantes ligados aos movimentos estudantis tinham um perfil clássico: aqueles mais infiltrados tinham um discurso linear contra o autoritarismo vigente, a favor de cuba e do socialismo albanês, etc, etc. Nunca pegavam em um livro didático e para passar de semestre se valiam do saber de seus pares, que os alimentavam com pescas/colas. Os menos infiltrados, chamados simpatizantes, compunham a verdadeira esquerda festiva. Passavam a noite em botecos, discutindo filosofia e os destinos da humanidade… esses estudavam e “patrocinavam” via pescas/colas aqueles do primeiro grupo.

    Os que não compunham nem um grupo nem outro eram os “alienados”, em geral estudantes de medicina/direito/algumas engenharias. Os coxinhas de hoje,enfim…

    O que foi feito desses grupos,como passar do tempo? Os primeiros, aqueles bastante entranhados no ME, em geral, tornaram-se políticos, dirigentes de ONGs, vinculados aos movimentos sociais. Se chegaram a se formam (sim, poiss não raro, viviam anos na Universidade, eram jubilados,reingressavam, continuavam na vida acadêmica, faziam mestrado – quando defendiam a tese, contavam com o auxílio de uma banca camarada – e ficavam por lá), tecnicamente são medíocres e, se chegaram a se empregar, foi via concurso público. Quando “resolveram sua vida ” via concurso (nunca foram burros, e sim encostados, ou seja: tinham capacidade para estudos e para um foco, mas, na vida estudantil, suas preocupações estavam muito além desse mundinho pequeno burguês), logo passaram a fazer parte de um sindicato e trabalhar que é bom,necas… afinal, suas precupações sempre foram voltadas para o destino da humanidade como um todo e essas coisinhas do dia-a-dia, como a busca pela excelência aplicada ao trabalho, é algo muito pequeno. Nesse grupo, estão os apoiadores convictos (seja por ideologia, seja por necessidade) da dilma e do petismo.

    Os segundos, que não se identificavam tão profundamente com a causa e sim tinham simpatia por algumas de suas idéias, formaram-se rapidamente (dentro do tempo médio de cada curso), caíram em campo em busca de trabalho/emprego/renda, quando não acharam se  viraram nos concursos), adentraram em seus órgãos (MP, PF, BC, CVM) e se tornaram, rapidamente, chefes. Não têm gosto pela vida sindical e hoje em dia compôem a classe média-média e alta. A grande maioria não é rica, sempre votou nas esquerdas – particularmente no PT, que vinha com uma promessa de socialismo light, sem aquele traço ortodoxo dos partidos comunistas, PCB e PC do B – e tem uma relação hoje em dia com a política bem crítica. Nesse grupo devem estar os maiores críticos atuais da Dilma e do petismo.

    Os coxinhas de então são hoje empresários, profissionais liberais ricos, financistas, alguns estão em órgãos públicos também. Querem que tudo funcione no país, para que eles possam levar a vida deles em paz e sem sobressaltos. Como vêm as  esquerdas como aquilo que efetivamente são – um poço de boas intenções, mas sem o juízo certo para implementá-las, pois que para implementá-las há que se ter muuuito dinheiro e para que se tenha muuuito dinheiro todos têm que ser tributados e para que a tributação seja adequada reformas são muito necessárias, etc, etc – raramente votam nelas.

    O que há de novo hoje em dia? Um grande contingente que não se enquadra nos modelos acadêmicos anteriormente falados. Desde que podem se conectar, adquirem conhecimentos acerca da vida prática de países desenvolvidos, vêm como as coisas acontecem disfuncionalemente por aqui, seja em que área for, e não se identificam com quaisquer discursos ideológicos proferidos… simplesmente porque eles não cabemem sua experiência cotidiana… detestam sim esse ideário do coitadismos, das bolsas e das cotas, apesar de alguns serem deles beneficiados, porque já sentiram ne pele que  – até pode ser que essa “ajuda” inicial lhes benefciem – mas depois eles estaão por si só e para conseguirem sobreviver é necessário o mérito sim. É necessário que sejam bons, é necessário que sejam desafiados a se superarem.

    E quem lhes dá esse referencial? As atuais esquerdas? Sinto muito… elas estão a léguas de distância desse desafio. A direita? Pode até ser, porque elas têm um discurso que foca no indivíduo e não no coletivo…

    Creio que quem desenvolver um discurso coerente e equilibrado entre o ter e o ser e entre o coletivo e o individual vai nadar de braçada nesse público.

  4. Mais um conjunto de besteiras

    Criando o clima em contexto para destilar menosprezos e desqualificações que não contribuem ao debate; Essa é a face da “esquerda” (esquerda?) de hoje: inventar apelidos para o que não compreende.

    A “auto-derrota” do PT, e que tais, se explica de maneira simples: Chegou ao Poder, sem poder.

     

     

    1. parece… mas é troll

       

      Tá na lista do hsbc? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

      Tá na lista da operação “zelote”? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

    2. todo troll tem os seu 15 minutos de visibilidade

       

      Tá na lista do hsbc? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

      Tá na lista da operação “zelote”? Acho que não, muito bagrinho por lá estar, mas bastante bobo por defender quem nela está.

      1. Olha no espelho, Ugo sem “H”, é lá que está o teu troll

        Ah, e parabéns pela criatividade: Você já tem duas frases inteirinhas agora.

        Com o tempo, talvez aprenda a concatenar ideias, não desista.

  5. De fato,   estamos vivendo

    De fato,   estamos vivendo  tempos difíceis, mas pergunta que fica é a seguinte: Será que ainda  da tempo pra o governo, Trabalhista/Desenvolvimentista da presidentes Dilma recupera essa massa de alienados,  estudante pobres  da periferia das grande cidades beneficiados com créditos  educativo das ETEC/FIES,da epoca do governo Lula, coloca-los nos eixo da boa informação? Infelizmente, esse serão os desempregados do amanha, com esse congresso de hoje  (balcao de negocio) com esse Eduardo Cunha com essa Midia, tudo vira pó voltemos ao passado, a precarização das leis trabalhista arrocho salarial. Apagão elétrico. Escândalos. Mendigagem ao FMI e, claro… privatizações do passado.

     

  6. Quanto esclarecimento!

    […] e o governo não tivesse feito o que fez na Petrobrás […]

    Assim fica difícil!

    Será ignorância, ou má-fé mesmo?

    O que o governo fez na Petrobras, que não haja sido investir, reestatizá-la, e transformá-la em ponta de lança do desenvolvimento nacional?

  7. A auto derrota auto

    A auto derrota auto provclamada pelo autor é da esquerda eternamente crítica e que se recusa a quebrar ovos para fazer omeletes. Pullitzer já preconizava que uma mídia corrrupta e sem escrupulos iria formar uma audiancia igualmente deletéria. O que vemos é ódio conservador de que quem se acha melhor que os outros e não gosta que a maioria pense na maioria. Vimos isto pelo mundo todo. Muitos vão pra fazer selfies históricas por acharem que fazem história, mas, como massa de manobra. Pra mim o brasileiro está com nojinho, como disse o capitão Nascimento, aliás, herói dessa gente. A direita é pragmática, ódio é mais forte que amor, afinal a direita matou Jesus Cristo, em manifestação de rua, não é mesmo???

  8. A auto derrota auto

    A auto derrota auto provclamada pelo autor é da esquerda eternamente crítica e que se recusa a quebrar ovos para fazer omeletes. Pullitzer já preconizava que uma mídia corrrupta e sem escrupulos iria formar uma audiancia igualmente deletéria. O que vemos é ódio conservador de que quem se acha melhor que os outros e não gosta que a maioria pense na maioria. Vimos isto pelo mundo todo. Muitos vão pra fazer selfies históricas por acharem que fazem história, mas, como massa de manobra. Pra mim o brasileiro está com nojinho, como disse o capitão Nascimento, aliás, herói dessa gente. A direita é pragmática, ódio é mais forte que amor, afinal a direita matou Jesus Cristo, em manifestação de rua, não é mesmo???

  9. TEM QUE TER CORAGEM PARA DERROTAR A MÍDIA GOLPISTA

    Não tem nada a ver essa fantasiosa ligação que o autor quer fazer entre a esquerda brasileira e o   homem aranha demonstra apenas sua submissão colonial  aos norte americanos.  O que houve foi uma acomodação da direção partidaria quando chegou ao poder, repartiram os cargos entre os dirigentes mais graduados e passaram a tratar a militância como massa de manobra e cidadãos de segunda classe enquanto desfrutavam das benesses do poder. Assim deixaram os sindicatos para os mais submissos e pouco competentes, que por sua vez começaram a se a fartar com as sobras. Não esperavam a reação da direita. Quando veio a reação da direita pegaram a direção se fartando nos palacios e menosprezando as bases. Aqui em minha cidade ganhamos a eleição e aqueles que durante 20 anos carregaram a bandeira da esquerda foram esquecidos, não são nem recebidos na prefeitura. todos os cargos de confiaça foram loteados entre membros da direita local e alguns dirigentes trazidos de são paulo. Os militantes locais ficaram como cidadãos de 2ª classe e são gozados pela elite local, pois nenhum deles foi aproveitado pela administração municipal, gerando mágoa, muita mágoa. Como pode subsistir um partido que se elitizou e virou as costas para a militancia? Muitos companheiros que militaram comigo na época do collor hoje estão passeando pela cidade em carrões de luxo e nem cumprimentam mais ninguém. Veja se maluf agiu assim. O que aconteceu com o PT é que quem assumiu cargo passou a se achar a última bolacha do pacote e abandonou os companheiros da base a quem passaram a tratar com arrogância. Esse idiota do Mercadante por exemplo veio aqui em minha cidade certa vez todo cheio de empáfia. Não acho que o PSDB seja melhor, muito pelo contrário, mas entre eles da elite eles não se abandonam não.

  10. Governo desenvolvimentista?

    Que Governo é desenvolvimentista? A Dilma?  Fala sério.

    Com o pior crescimento de PIB de todos os tempos, ( pior ainda do que a década de 90 que tinha a dupla Collor, FHC) não acredito que ainda exista alguém que a chame de desenvolvimentista. As únicas coisas que realmente tem se desenvolvido no Governo Dilma, são o aumento da dívida pública ( brindadas com ajuste fiscal) , e agora também do desemprego, que embora ainda relativamente baixo, não para de aumentar, a cada dia com mais notícias de centenas de demissões.

    Desenvolvimentista era o Lula, que terminou o mandato com PIB subindo em 7,5%, e com o menor desemprego de todos os tempos.

     

  11. Derrota de uns, vitória de outros

    “(…) presos que estão ao pragmatismo da ação política e do economicismo, ignoram as bases simbólicas ou psíquicas do funcionamento das ideologias nas quais se fundamentam a instituição imaginária da sociedade”.

    Bom, entre o primeiro e o segundo turno das últimas eleições eu tentei escarafunchar as razões simbólicas de alguns estupores políticos que hoje se transformaram na trivialidade dos dias que passam. Naquela época, tentei diagnosticar aquilo que chamava por então de “a vitória da Nova Política”:

    https://www.academia.edu/8870715/A_vit%C3%B3ria_da_nova_pol%C3%ADtica_2014_

  12. Informar sobre a sociedade real é tarefa educacional da esquerda

     

    Wilson Ferreira,

    A imagem do filme Homem-Aranha 3 pareceu, a mim, bem adequada. Eu pensei nisso durante a manifestação. É claro que a imagem do filme Homem-Aranha 3 (embora Homem Aranha seja herói de ficção americana) cai ainda de modo mais perfeito na esquerda quando se considera que a esquerda hoje reconhece que ela não gostaria de estar entre os homens areia.

    Há também o parágrafo que transcrevo a seguir que parece, a mim, bem pertinente. Afirma você:

    “Marcuse, assim como outro filósofo chamado Cornelius Castoriadis (1922-1997), apontavam para displicência das esquerdas em relação à necessidade de compreender do funcionamento imaginário da sociedade: presos que estão ao pragmatismo da ação política e do economicismo, ignoram as bases simbólicas ou psíquicas do funcionamento das ideologias nas quais se fundamentam a instituição imaginária da sociedade”.

    Eu tenho nos últimos trinta anos criticado o que eu poderia, utilizando a sua expressão, construída a partir do pensamento de Marcuse e Cornelius Castoriadis, chamar de “funcionamento imaginário da sociedade”. Há uns trinta anos eu considero que a sociedade faz análises a partir de idealizações que são imaginárias e não reais. A sociedade idealiza a democracia, idealiza a democracia representativa, idealiza o capitalismo, idealiza a burocracia estatal, idealiza o funcionamento do Estado.

    A democracia idealizada é a de Platão. O capitalismo é idealizado a partir da visão dos austríacos. Um capitalismo sem Estado, com empresas competitivas, pequenas e boas que vencem a competição contra empresas pequenas e ruins e continuam competitivas e pequenas e só deixam de ser boas quando perdem a competição para empresas competitivas, pequenas e boas.

    A burocracia estatal é idealizada no modelo weberiano. O Estado é aceito porque seria um mecanismo imparcial e neutro para evitar qualquer encaminhamento do capitalismo fora do modelo imaginado pelos austríacos.

    A democracia representativa funciona sem o fisiologismo, quando o fisiologismo – prática do toma-lá-dá-cá em toda negociação – feito dentro da lei, é da essência do processo democrático da composição dos conflitos.

    Todas as idealizações são falsas. E é uma idealização na qual a esquerda cresceu. A frase de Lula dos 300 picaretas no Congresso tem relação com a necessidade de pegar o voto dessa gente. No fundo é isso, a idealização já alcançou toda a sociedade da direita até a esquerda. A maioria das críticas que Luis Nassif faz aqui no blog dele é com base em uma idealização. E é uma idealização que em muito o aproxima da esquerda.

    A esquerda, por exemplo, idealiza a democracia direta. Ora, há muito se sabe que mesmo que fosse funcional, suponhamos um país de 100 habitantes, a democracia direta, em que não há discussão do assunto em um processo em que as partes possam avaliar suas forças como se faz na democracia representativa, e conquistar pela argumentação apoio a sua causa, constitui em uma ditadura da vontade majoritária que exclui os grupos minoritários. Então a democracia direta, pelo caráter de exclusão dos grupos minoritários, é um modelo de direita e, no entanto, a esquerda é a grande defensora da democracia direta.

    Frases como o grande problema do Brasil é moral, ou o grande problema do Brasil é a corrupção, são frases que existem em todo lugar do mundo e que é fruto da construção de uma sociedade imaginária, é fruto de uma idealização.

    A desconstrução dessa sociedade imaginária é uma das grandes tarefas da esquerda. É uma tarefa de longo prazo e em meu entendimento a esquerda não pode transformar esta tarefa imprescritível, inarredável, insubstituível e permanente, em uma tarefa prioritária. Prioritário para a esquerda é alcançar o poder e manter-se no poder. É claro que isso deve ser feito dentro da lei e quem cometer algum desvio deve ser penalizado por isso.

    Agora a ideia de autoderrota em Hebert Marcuse não me parece ser a expressão que se deve utilizar para qualificar a situação do PT diante das manifestações. O que o PT poderia fazer? Se você faz o questionamento junto as pessoas representativas dos meios de comunicação a resposta imediata é melhorar e aumentar os gastos com a propaganda. Se faz junto ao grupo de juízes e promotores eles vão exigir o cumprimento da lei. Se se faz a pergunta junto a economistas eles vão lembrar que o grande problema é a falta de crescimento econômico. Cada grupo tem uma resposta específica.

    De quem é a razão? É claro que o cumprimento da lei é obrigação. Ter ficado contra o ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes foi erro não só político eleitoral como também educacional. Poderia criticar Joaquim Barbosa pelos erros dele, apontando para os pontos fora da lei que ele assumia, mas a condenação pelo recebimento de vantagem indevida até então considerada como crime de caixa dois mesmo quando o funcionário público tinha a gama de poderes de um deputado federal foi um avanço para a democracia brasileira e por isso ele mereceria ser elogiado. Aqui talvez pudesse dizer que o PT errou em apoiar o braço levantado de André Vargas diante de Joaquim Barbosa. Não chamaria tanto o erro de ficar contra o ex-ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, como o erro de apoiar o  levantar de braço com os punhos cerrados de André Vargas como uma autoderrota do PT.

    Agora parece-me que todos os problemas surgem na esteira de problemas econômicos. Se a economia estivesse correndo a passos firmes dificilmente as manifestações atingiriam tal magnitude. Um parte disso é porque junto com a idealização há também o problema do medo. E o medo surge da insegurança. Na Europa, o medo quando da crise de 1930 redundou no Nazismo e no Fascismo. Aqui no Brasil, a manifestação de 15/03/2015 não foi a manifestação do medo. Houve muitos grupos de extrema direita que aproveitaram para fazer discurso. Não vi, entretanto, como cerne da manifestação a presença do medo. Talvez no medo da insegurança em que nos sujeitamos a furtos e assaltos e a homicídios se possa falar que parte da manifestação originou-se desse temor.

    De todo modo, penso que a crise econômica foi fator preponderante para juntar um milhão de pessoas nas principais capitais do pais, mas não pelo medo. Talvez o ajuntamento tenha sido facilitado em virtude das redes sociais. Agora a essência da manifestação de 15/03/2015 é o fato de se tratarem de pessoas que vivem em uma falsa idealização e que a ocorrência dos escândalos e da crise econômica deu justificativa para eles se manifestarem e se comunicaram pelas redes sociais. Não foi estranhável que nas pesquisas de popularidade feito pelos institutos de pesquisa após a manifestação de 15/03/2015 na amostra dos pesquisados era ínfima a presença de manifestantes.

    Como vivem em uma sociedade imaginária em o que se acentua é a crise econômica, há a percepção de que os escândalos são a causa da crise. E os nossos políticos são uns corruptos e, portanto, são a causa da crise. Há então a construção de uma sociedade imaginária.

    Então para mim, não faz sentido chamar a reação da esquerda que guardaria relação com a reação do homem-aranha de autoderrota. Eu diria que a esquerda ficou em um primeiro momento estupefata com as manifestações. Em um segundo momento ficou triste em saber que aquela era uma manifestação contra ela e não em favor dela. E em um terceiro momento a esquerda ficou satisfeita em saber que ela não estava naquela manifestação, pois evidentemente salvo em ser contra a corrupção não há nada nas manifestações que seja útil para a esquerda.

    Assim gostaria que você mais bem desenvolvesse a idéia de autoderrota do PT ainda mais diante das manifestações. Em Hebert Marcuse a tese de autoderrota é para demonstrar que foi a traição dos revolucionários aos ideários de destruição das formas de dominação e exploração que os derrotou na batalha pela destruição das formas de dominação e exploração. O PT é um partido democrata e como tal não pode ser tido como um partido revolucionário, apesar de existirem muitos revolucionários que optaram por ficar no PT.

    Um partido democrata é essencialmente um partido pela igualdade e nesse sentido o PT é pela destruição das formas de dominação e exploração, mas sendo democrata essa destruição não é feita revolucionariamente. Quando o PT optou pela democracia, os revolucionários que permaneceram no PT impuseram a si uma derrota e em relação a eles houve naquele momento uma autoderrota, no sentido de uma derrota imposta a si próprio.

    Agora, em meu entendimento, não faz sentido qualificar como autoderrota do PT o que aconteceu em 15/03/2015. Talvez se possa falar em autoderrota fruto de traição aos seus princípios se se toma como princípio a crença do PT na frase do Lula de que há 300 picaretas no Congresso Nacional. A frase se Lula acreditava nela era fruto do imaginário da sociedade na qual Lula se inseria. Se Lula não acreditava na frase, ela era dita apenas porque Lula compreendia o “funcionamento imaginário da sociedade” e queria conquistar o voto que existia nesse grupo apesar de parte desse grupo ser de direita. Não mais pertencer a este grupo que acredita que há 300 picaretas no Congresso é um avanço do PT e não uma autoderrota.

    De certo modo, as manifestações de junho de 2013 não diferem muito das manifestações de 15/03/2015, salvo que as manifestações de junho de 2015, foram mais elitistas na sua composição, mais pacíficas e mais específica nas suas reivindicações, pois, segundo a Rede Globo, tratava de manifestação contra o PT, contra o governo e contra a corrupção.

    Na equiparação das duas manifestações, vale lembrar o que eu sempre critiquei nas manifestações de junho de 2013. As manifestações não trouxeram nada de bom, salvo as manifestações em si que é prova da vitalidade da democracia, nem nada de novo salvo as redes sociais. Parece que houve após as manifestações certa resistência às propagandas oficiais. Se essa resistência à propaganda oficial foi fruto das manifestações eu tomo como algo bom que as manifestações produziram na sociedade.

    Pode ser também que as manifestações de junho de 2013 impactaram no PIB no trimestre seguinte. Se a queda do terceiro trimestre de 2013 foi fruto das manifestações de junho de 2013, então isso se constituirá em algo de ruim que as manifestações de junho de 2013 causaram. Agora não creio que as manifestações de 15/03/2015 terão algum impacto no PIB do segundo trimestre de 2015. Em relação às propagandas oficiais eu espero que elas sejam motivo para que haja uma retração nessas propagandas, salvo as de caráter informativo.

    De todo modo, o que eu mais gostava de dizer sobre as manifestações de junho de 2013 era que os manifestantes tinham um absoluto desconhecimento sobre o funcionamento da democracia representativa, do capitalismo, do orçamento público, dos órgãos de controle dos gastos públicos em um sistema democrático, do papel do Estado e assim por diante. Não tenho dúvida em dizer a mesma coisa sobre os manifestantes das manifestações de 15/03/2015. Todos eles compartilham o funcionamento imaginário da sociedade. E é o esclarecimento da realidade como ela é que deve ser uma das grandes tarefas da esquerda. Ela se autoderrotará se não se incumbir dessa tarefa.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 12/04/2015

    1. Ao herói, o vilão.

      Prefiro contrapor o Dr. Octopus. Há, sim, realidades conspiratórias. Veja Koch Brothers EXPOSED: 2014. De onde sai, aliás, uma das imagens que ilustram o post. Não vivemos em projeções; linguagem e emoção não tem todo esse alcance. O curioso é que os irmãos Koch fazem justamente jogos de produção de realidade para acompanhar a movimentação de suas finanças.

  13. A esquerda deveria aprender a

    A esquerda deveria aprender a ouvir o povo. Sim, o capital estrangeiro tenta desestabilizar a economia brasileira; sim, os derrotados da eleição estão inconformados com o resultado; sim, a rede globo manipula, mas o povão não engoliu a novela das 9.

  14. O homem aranha está a serviço da globo

    O filme escolhido para fazer a analogia do texto “Homem Aranha” foi imposto pela Globo no horário que seria dedicado ao futebol. Desta forma, a emissora frustrou os torcedores do Santos e do XV de Piracicaba que não puderam ver seus times disputando a vaga na semifinal do Campeonato Paulista.

    Aliás, a negação ao futebol começou antes, quando a programação dos programas esportivos gastava mais tempo conclamando o público a protestar contra o governo. ou seja, além de querer impor o candidato derrotado na presidência, a emissora compra os direitos de transmissão do campeonato paulista para proibir os concorrentes de transmitir jogos que não sejam do Corínthias e do Flamengo.

    Enfim, o caráter ditatorial desta emissiora quer banir a democracia tanto no campo político ( quando desestabiliza os governos que não têm o seu aval), quanto no campo esportivo, ( quando veta aos torcedores o direito de assistir jogos dos times que não fazem parte de seu plano de marketing). É isso que chamam de “liberdade de imprensa”.

  15. Conhecer-se e ao outro
    Gosto de críticas à autopiedade; sentir-se miserável ou colocar a culpa nos outros não costumam ser mesmo as melhores opções. Mas, em se tratando da convocação para as manifestações, não é possível não apontar o dedo; e não dá para brincar de “Ahh!!! Vááá!!!! Segredos de polichinelo”. Soa quase irresponsável não acompanhar os movimentos dos irmãos Koch – filhos de Fred Koch, que assinou um contrato para explorar petróleo na Rússia de Stalin em 1929 e usou muito o anticomunismo como arma de propaganda – ou de Jorge Paulo Lemann e de seus porta-vozes. Lemann está na capa da revista Exame desta semana e a revista Exame – que se autoproclama “Você Sempre Informado Sobre o Mundo dos Negócios”, hoje, domingo, bolsa fechada, passou a tarde com as manifestações na cabeça do site; a chamada “ao vivo” foi “Manifestações pedem saída de Dilma – Paulista se enche de gritos de ordem contra o governo”. Isso não tem nada de auto derrota; pelo contrário, saber que o grande capital internacional interessa-se em enfraquecer Governo Federal e Petrobras é uma leitura importante para tratar o assunto. 

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