O ponto de encontro entre Temer e Eduardo Cunha, por Janio de Freitas

Jornal GGN – Em sua coluna de hoje na Folha de S. Paulo, Janio de Freitas comenta o encontro entre o presidente interino Michel Temer e o deputado afatado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Palácio do Jaburu, no último domingo. “Michel Temer e seu governo agem para salvar Eduardo Cunha na Câmara”, diz Janio, ressalta que o “encontro sorrateiro” foi negado pelo deputado, comprovando que a combinação era de que a reunião fosse secreta. 

Eduardo Cunha articula para tentar salvar seu mandato na Câmara, e já na segunda-feira pós-encontro os aliados de Temer já agiam para eleger Rogério Rosso (PSD-DF), preferido por Cunha, para a presidência da Casa. “E viva a nova (i)moralidade”, diz Janio.

Em outro ponto, o colunista comenta que a ordem de Temer para suspender a cobertura oficial de sua presença fora de Brasília não tem o alegado objetivo de reduzir gastos, mas sim em razão da “impossibilidade de eliminar, nas gravações, o frequente “Fora, Temer””. Leia a coluna completa abaixo:

Da Folha

Ponto de encontro
 
Janio de Freitas

Michel Temer e seu governo agem para salvar Eduardo Cunha na Câmara. Talvez não fosse preciso dizer mais nada sobre a atitude de Temer. Afinal, apesar de todo o esforço da Lava Jato e dos pró-impeachment para incriminar petistas, na opinião nacional ninguém simboliza mais a calamidade política do que Eduardo Cunha. Está dito quase tudo sobre protetor e protegido. Mas Temer leva a algumas observações adicionais.

Descoberto por jornalistas o encontro sorrateiro de Cunha e Temer na noite de domingo (26), o primeiro fez o que mais faz: negou. Não falava com Temer desde a semana anterior. Com a mentira, comprovou que a combinação era de encontro oculto. O segundo deu esta explicação: “Converso com todo mundo. Embora afastado, ele é um deputado no exercício do seu mandato”.

A frase é uma medida da lucidez de Temer ou da honestidade de sua resposta ao flagrante: “afastado” mas “no exercício do mandato”. Nada de muito novo. Mas a pretensa justificativa de que “conversa com todo mundo” excede o aspecto pessoal. Se é isso mesmo, em quase seis anos de convívio com o Poder ainda não o compreendeu. À parte a liturgia do cargo, de que Sarney tanto falou, o Poder requer cuidados com sua respeitabilidade. Ao menos no sentido, tão do agrado de jornalistas brasileiros, cobrado às aparências da mulher de César.

O sítio de alto luxo não combina, mas não tira o título do Palácio do Jaburu, nem, muito menos, a sua condição de uma das sedes do mais alto poder governamental. O recepcionado aí para a barganha de espertezas não é, porém, como “todo mundo”. É um múltiplo réu no Supremo Tribunal Federal, tão excluído do exercício de mandato que está proibido até de simplesmente entrar na Câmara dos Deputados, Casa aberta a todos. Proibição, ao que consta, sem precedente. Não no conceito, de moralidade ao menos duvidosa, que o atual morador aplica ao uso do palácio de governo.

Eduardo Cunha viu-se necessitado de reforço em duas instâncias. Na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, à qual encaminhou recurso contra a decisão do Conselho de Ética, que o considerou passível de perda do mandato. E também na substituição de Waldir Maranhão, em exercício na presidência da Casa, por alguém de sua confiança, para assegurar-lhe decisões favoráveis nas manobras de defesa ao ser julgado em plenário.

Já na segunda-feira (27), Temer fazia iniciar a ação do seu pessoal em favor da eleição de Rogério Rosso para presidir a Câmara. É o preferido por Eduardo Cunha. E viva a nova (i)moralidade.

POR DENTRO DO FORA

A ordem de Michel Temer para suspender a cobertura oficial de sua presença fora de Brasília não é, como alegado, para reduzir gastos. É nenhum o custo de um fotógrafo ou cameraman já integrante da comunicação oficial. O problema está na impossibilidade de eliminar, nas gravações, o frequente “Fora, Temer”, dito ou escrito. Sem encontrar outra solução, foi considerado preferível eliminar os registros.

Apesar de imprensa e TV não o noticiarem, coros de “Fora, Temer” estão pelo país todo. No espetáculo do Prêmio da Música Brasileira, por exemplo, o Teatro Municipal do Rio explodiu em repentino “Fora, Temer”. Coisas assim acontecem todos os dias, numerosas.

ACHADO PERDIDO

Por falar no mal ou não noticiado, a Lava Jato encontrou nas ligações de celulares de Léo Pinheiro, presidente da OAS, troca de mensagens com Fernando Bittar tratando das obras no sítio de Atibaia, como proprietário associado a Jonas Suassuna Filho. Não foi um bom achado para a tese da Lava Jato e da imprensa/TV sobre a propriedade. 

 

Redação

8 Comentários

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  1. Três

    Uma pena que não tenha comparecido ao encontro outro nobre cidadão brasileiro de nome Caiado, Jucá, Eliseu, Çerra, Gilmau, etc.

    Jurisprudência sobre FORMAÇÃO DE QUADRILHA ART. … Art. 288 – Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer 

  2. O Brasil, nas mãos desta

    O Brasil, nas mãos desta gente, conseguiu se tornar mais baixo do que o estado de SP durante o governo Maluf. Maluf “arranjou” votos para se tornar candidato a presidente pelo PDS, Sarney “arranjou” apoio para conquistar mais um ano de mandato, fhc “arranjou” votos para aprovar a emenda da reeleição que o favoreceria diretamente. temer conseguiu ser mais infame do que qualquer um: está “arranjando” votos para consolidar um golpe de estado e “arranjando” apoio para livrar a cara do maior desqualificado do cenário político brasileiro. Que este tal de temer já entrou para a lata de lixo da história, é fato, mas não é suficiente. Este anão moral deveria ser punido por seus atos já. Argentinos prenderam Meném, peruanos predenram Fujimori. Não custa sonhar, mas acho que é só sonho. Isto aqui é o Brasil, afinal de contas.

  3. ACHADO PERDIDO
    “Por falar no

    ACHADO PERDIDO

    “Por falar no mal ou não noticiado, a Lava Jato encontrou nas ligações de celulares de Léo Pinheiro, presidente da OAS, troca de mensagens com Fernando Bittar tratando das obras no sítio de Atibaia, como proprietário associado a Jonas Suassuna Filho. Não foi um bom achado para a tese da Lava Jato e da imprensa/TV sobre a propriedade. “

    Não li no PIG nem nos blogs progressistas essa informação, alguém pode confirmá-la? Caso seja procedente a informação precisamos difundi-la o mais rápido possível.

     

  4. Acho que a coisa é bem

    Acho que a coisa é bem simples: Temer e os demais golpistas têm que fazer tudo o que Cunha quiser porque se ele abre o bico vai todo mundo em cana.

  5. Fora temer/Porto Alegre

    Dia 23 de maio, o  Unimusica,  programa da Universidade comemorava 30 anos com a presença da Maria Bethania. Antes da entrada da artista o público em pé e únissimo “fora temer” … dia 25 de maio, o Teatro São Pedro comemora aniversário com a peça Galileu Galilei, no meio do espetáculo a platéia em uníssimo: “fora temer”.

  6. Temer é refém de Cunha como o

    Temer é refém de Cunha como o foi Dilma, por motivos diversos.  É inacreditável que um mero deputado, aliás um mercenátio, tenha o poder de colocar o Brasil em xeque por causa própia. E o pior, ainda conta, para seu objetivo sórdido,  com a colaboração de gente tão sórdida como ele.

  7. Fora Temer

    Basta alguém filmar com o celular eventos onde Temer comparece e é recebido com o Fora Temer e podtar nas redes sociais. Muito rapidamente todos vão tomar conhecimento .

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