Para entender o jogo de Elon Musk, por Luís Nassif

A Fundação Lemann montou uma proposta de edital que só poderia ser atendido pela Starlink, empresa de satélite de Elon Musk.

Atualizada para inclusão de nota da Fundação Lemann, como Direito de Resposta

O jogo de Ellon Musk, imiscuindo-se na política brasileira, tem uma lógica de negócios.

  1. A Fundação Lemann, que assessora o Ministério da Educação, montou um grupo para trabalhar a questão da informatização das escolas. Um grupo curioso, de bilionários que entrariam apenas com indicações, não com dinheiro.
  2. A Fundação montou uma proposta de edital que só poderia ser atendido pela Starlink, empresa de satélite de Elon Musk. A jogada consistia em exigir uma determinada velocidade, impossível de ser oferecida pelos concorrentes, e que não alteraria em nada os objetivos pedagógico do projeto.
  3. A jogada de Lemann era óbvia: abrir caminho para futuros negócios com Musk.
  4. Houve denúncias da imprensa alternativa e da convencional, a partir da descoberta da manobra por Fernando Horta, e o MEC decidiu rever os termos do edital. ““Diante das ponderações em relação ao texto técnico que trata dos parâmetros de conectividade […], determinei a suspensão imediata dos dispositivos da Portaria nº 33”, escreveu Camilo Santana no X (ex-Twitter).

Apenas reforça a ideia de que a maior ameaça à estabilização política brasileira é o clube dos bilionários liderada por Lemann. É ele que está por trás das investidas do Ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, propondo a cassação da concessão da Enel – pelo problemas em São Paulo – e nada falando sobre os problemas da Equatorial – cria de Lemann – no Rio Grande do Sul.

Aliás, se houver uma segunda Lava Jato, a porta de entrada serão os lobbies de Alexandre Silveira. Comete-se a mesma imprudência que foi entregar postos chaves da Petrobras ao Centrão para garantir a governabilidade.

Nota da Fundação Lemann – Direito de Resposta

Nota-Fundacao-Lemann

Leia também:

Luis Nassif

26 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Imprudência?

    Nassif, boa fé tem limites.

    Nesse nível de jogo político não há imprudência, há cálculo de risco, ou popularmente, “joga o barro na parede e vê se cola”.

    Não se tratam de personagens de uma primeira vez no governo, e/ou que sejam inexperientes.

    Temos no núcleo central de poder ex gobernadores, parlamentares de longa biografia, quadros acostumados e ambientados aos corredores palacianos.

    Será que é tão difícil de enxergar que o capitalismo e suas elites, principalmente na periferia, não podem ser contidos por regras?

    A normatização jurídica das nossas sociedades pode ser descrita pelos dizeres da nossa bandeira:

    Ordem, para os pobres.
    Progresso, para os ricos.

    São contextos e personagens distintos, mas quanto assistimos documentários sobre Che, trabalhando nas indústrias cubanas, abrindo mão de tudo para morrer na Bolívia, sujo, doente e maltrapilho, ou de Allende, Mandella, ou de Pepe Mujica, dá uma inveja danada.

    Ingenuidade minha?

    Certamente.

    Porém, como é reconfortante ver líderes que foram imunes ao desvario e deslumbre dos salamaleques das “cortes presidenciais”.

    O nome disso é consciência de classe e do papel histórico que representavam.

    Lula nunca teve consciência alguma.

    Nem quando era um peão metalúrgico reacionário, movido a churrasco, futebol, cachaça e bens de consumo de gosto duvidoso, nem agora, um cafona deslocado e obcecado pela própria imagem no espelho.

    Argh.

    1. De longe a terra é azul e pacífica, paira no espaço como uma luninária perfeita. De longe o presidente tem poderes ilimitados e pode governar como quiser, já de perto, “ninguém é normal”. É muito fácil falar sobre lutas políticas e as concessões que os menos favorecidos têm que fazer pela sobrevivência das ações e idéias por que lutam. O que claro, entretanto, para quem olha de perto ou de longe é que quem tem dinheiro tem poder, e quem tem poder dita as regras. Engana-se quem pensa que os governos são soberanos e livres para tomarem decisões. Governos hoje são meras extensões do capital e das corporações, e neles só permanecem quem interessa ao lucro dos poderosos.

      1. Concordo com você que o exercício do poder a nível de países tornou-se muito complexo depois da intensificação da globalização com a formação de cartéis, tipo blocos políticos que impõem seus interesse de dominação sempre com prejuízo da periferia capitalista e exclusão absurda dos trabalhadores mais pobres.

    2. Concordo com quase tudo. Só acho que, atualmente, com as informações que temos,Che Guevara não foi lá aquele herói. Os demais sim: Allende,Mujica, Mandela. É de dar inveja, realmente!

  2. O Brasil sempre foi governado para os ricos. Governado pelos ricos e por “intocáveis”. Não tem como citá-los. Sempre que há necessidade dar aparência de democracia se chama um Getúlio ou Lula. Tempos de normalidade pode-se chamar Temer ou Bolsonaro.

  3. Musk tentou enfiar uma fábrica de carros elétricos da Tesla no Brasil durante o governo Bolsonaro. Ele fracassou e agora terá que concorrer com montadoras que investiram para fazer carros elétricos aqui com apoio do governo Lula. Ele precisa tensionar a sociedade brasileira para garantir o retorno do bolsonarismo à presidência.

  4. A população de Itumbiara -GO (pelo menos) também está de cabelos em pé com a Equatorial: apagão em cima de apagão, segundo dizem.

  5. Elon Musk teria perguntado ao Alexandre de Moraes porque tanta censura no Brasil. Ora, cabe aos Brasileiros perguntarem ao Elon Musk porque tantas contas falsas e perfis fakes disseminando fake news no twitter

  6. Nassif, estamos abdicando de informações, a um um mês e meio,informei, no Instagram do senador Paulo Pain, uma violeta pauta de extrema direita, o que há é atraso de resposta, porém esse bilionários de redes sociais, não podem dominar o mundo, principalmente um drogado. Esta faltando ainda pulso das instituições brasileiras, inclusive as FFAA, deixar um idiota desses ameaçar, a nossa soberania, é um erro. Seus satélites, devem serem monitorados, imediatamente, inclusive os seus navios instalações de TI em águas territoriais brasileiras.

  7. Ser rico para os filósofos da Antiguidade era ter muitas possibilidades. Hoje ter dinheiro 💰 é ser rico, ainda que a mente seja limitada e doentia. Xandão sabe que é rico? EM não sabe, mas tem dinheiro…

  8. Aqui no Rio Grande do Sul a Equatorial repassou aos particulares a poda de árvores que podem colocar em risco suas redes. Sempre fizeram esse serviço e de uma hora para outra repassam ameaçando os particulares / consumidores com os custos de eventuais acidentes causados pelas ventanias que recrudescem por aí.
    Será que pretendem passar aos particulares a manutenção de suas redes ?
    Gostam muito de privatizações mas detestam arcar com os ônus da prestação dos serviços.
    Grupo de abutres e nada mais.

  9. Faz algum tempo que publiquei uma crônica sobre as corporocracias, as demo-cracias do demo, do dinheiro, dos bilionários nas sociedades, anônimas ou não.
    Não me iludo.
    A caminho a ser percorrido é longo e não é pavimentado. Ao contrário. A caminhada será sofrida, se for possível seguir caminhando. Já foi interrompida algumas vezes em nossa história e muito bem ensinou o José Dirceu em discurso recente no senado.
    Pobre povo brasileiro. Iludido é manipulado, em todas as esferas sociais.
    Pobre povo brasileiro, distraído, atraído, traído, subtraído, destruído.
    Pobre povo brasileiro, esculachado, escrachado, esculhambado, arregaçado.
    Pobre povo brasileiro. Pobres de nós.

  10. Prezado Nassf , boa tarde!… muito importante essa sua informação !… temos sim, que boicotar os produtos do Lemann e não adquirir nada nas lojas americanas !… essa fundação Lemann é para inocular a mente de jovens que imaginam e acreditam que estarão progredindo pessoalmente, mas que serão doutrinados ao “empreendedorismo” e serão meros robôs do Lemann e do “astronauta” Musk !… ele que vá para Marte e fique por lá!… quem siga em frente e derreta no Sol !…

  11. Não é muita coincidência dois bilionários americanos, John Textor e Elon Musk, tirarem o Brasil de República das Bananas em menos de duas semanas? Pode ser só método.

  12. Luis Nassif,
    Em princípio diria “Much Ado About Nothing”!
    Não totalmente, pois na briga entre Musk e Morais, talvez tudo não passe de uma tentativa de camuflagem.
    Veja o seguinte link no Aljazeera:
    https://www.aljazeera.com/economy/2024/4/9/tesla-settles-lawsuit-over-fatal-car-crash-for-undisclosed-amount
    O título do link é “Tesla settles lawsuit over fatal Autopilot crash for undisclosed amount” e é bem explicativo. Depois vi também a materia na CNN, mas dizem que uma é parente da outra.
    A matéria no Al Jazeera está datada de 9 de abril. Musk sabe escolher o adversário e o local para brigar de modo a esconder o que a ele interessa esconder.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 09/04/2024

  13. A Complexa Teia da Privacidade de Dados em um Mundo Conectado

    Na era da informação, a privacidade de dados tornou-se um dos temas mais discutidos e controversos, especialmente diante da capacidade das empresas multinacionais de coletar, armazenar e processar vastas quantidades de dados pessoais. Grande parte dessa discussão gira em torno de como esses dados são manuseados por empresas sediadas nos Estados Unidos, onde legislações específicas e práticas de vigilância têm gerado preocupações globais sobre a segurança e a privacidade dos indivíduos.

    Legislações Americanas e Acesso a Dados

    Dois instrumentos legais norte-americanos, a Seção 702 do Foreign Intelligence Surveillance Act (FISA) e a Executive Order 12333, ilustram a amplitude dos poderes concedidos às agências de inteligência dos EUA para coletar dados. A Seção 702 autoriza a coleta de comunicações de estrangeiros fora dos EUA sem a necessidade de mandados, fundamentando-se na premissa de segurança nacional. Já a Executive Order 12333 estende esses poderes, permitindo a coleta de informações em larga escala, inclusive fora do território americano, sem supervisão judicial significativa

    O Caso Schrems II e a Tensão Transatlântica

    A relação entre privacidade de dados e transferências internacionais foi posta em destaque pelo caso Schrems II, uma disputa legal que questionou a adequação da proteção de dados pessoais transferidos da União Europeia para os Estados Unidos. A decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia invalidou o Privacy Shield, um acordo que permitia a transferência de dados entre a UE e os EUA, sob o argumento de que as práticas de vigilância americanas não ofereciam garantias suficientes de proteção aos cidadãos europeus. Este caso sublinhou a tensão entre a necessidade de transferências de dados para operações comerciais e a exigência de proteção robusta da privacidade dos indivíduos.

    A Abordagem Chinesa

    Enquanto isso, a China adotou uma postura rigorosa em relação à privacidade de dados e à soberania digital, implementando leis severas que regulam a coleta e transferência de dados dentro de suas fronteiras. A Lei de Segurança Cibernética e a Lei de Proteção de Informações Pessoais estabelecem um controle estrito sobre dados, exigindo a localização de dados e impondo restrições significativas às empresas estrangeiras, inclusive gigantes americanas como Facebook e Twitter (agora X), que encontram barreiras para operar no mercado chinês devido a essas regulamentações.

    Conclusão

    A questão da privacidade de dados, encapsulada nas dinâmicas entre legislações americanas, disputas legais europeias e políticas chinesas, reflete um desafio global emergente: equilibrar a livre circulação de dados, essencial para a economia digital, com a proteção da privacidade e soberania digital dos Estados. À medida que avançamos, torna-se imperativo que discussões internacionais e frameworks cooperativos se desenvolvam para abordar estas questões complexas, garantindo que os direitos dos indivíduos sejam preservados em um mundo cada vez mais interconectado e digitalizado.

  14. A Complexa Teia da Privacidade de Dados em um Mundo Conectado

    Na era da informação, a privacidade de dados tornou-se um dos temas mais discutidos e controversos, especialmente diante da capacidade das empresas multinacionais de coletar, armazenar e processar vastas quantidades de dados pessoais. Grande parte dessa discussão gira em torno de como esses dados são manuseados por empresas sediadas nos Estados Unidos, onde legislações específicas e práticas de vigilância têm gerado preocupações globais sobre a segurança e a privacidade dos indivíduos.

    Legislações Americanas e Acesso a Dados

    Dois instrumentos legais norte-americanos, a Seção 702 do Foreign Intelligence Surveillance Act (FISA) e a Executive Order 12333, ilustram a amplitude dos poderes concedidos às agências de inteligência dos EUA para coletar dados. A Seção 702 autoriza a coleta de comunicações de estrangeiros fora dos EUA sem a necessidade de mandados, fundamentando-se na premissa de segurança nacional. Já a Executive Order 12333 estende esses poderes, permitindo a coleta de informações em larga escala, inclusive fora do território americano, sem supervisão judicial significativa.

    O Caso Schrems II e a Tensão Transatlântica

    A relação entre privacidade de dados e transferências internacionais foi posta em destaque pelo caso Schrems II, uma disputa legal que questionou a adequação da proteção de dados pessoais transferidos da União Europeia para os Estados Unidos. A decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia invalidou o Privacy Shield, um acordo que permitia a transferência de dados entre a UE e os EUA, sob o argumento de que as práticas de vigilância americanas não ofereciam garantias suficientes de proteção aos cidadãos europeus. Este caso sublinhou a tensão entre a necessidade de transferências de dados para operações comerciais e a exigência de proteção robusta da privacidade dos indivíduos.

    A Abordagem Chinesa

    Enquanto isso, a China adotou uma postura rigorosa em relação à privacidade de dados e à soberania digital, implementando leis severas que regulam a coleta e transferência de dados dentro de suas fronteiras. A Lei de Segurança Cibernética e a Lei de Proteção de Informações Pessoais estabelecem um controle estrito sobre dados, exigindo a localização de dados e impondo restrições significativas às empresas estrangeiras, inclusive gigantes americanas como Facebook e Twitter (agora X), que encontram barreiras para operar no mercado chinês devido a essas regulamentações.

    Conclusão

    A questão da privacidade de dados, encapsulada nas dinâmicas entre legislações americanas, disputas legais europeias e políticas chinesas, reflete um desafio global emergente: equilibrar a livre circulação de dados, essencial para a economia digital, com a proteção da privacidade e soberania digital dos Estados. À medida que avançamos, torna-se imperativo que discussões internacionais e frameworks cooperativos se desenvolvam para abordar estas questões complexas, garantindo que os direitos dos indivíduos sejam preservados em um mundo cada vez mais interconectado e digitalizado.

  15. Em relação a esta nota resposta, onde tentam destacar “org sem fins lucrativos” fico com minha certeza: Nada é de graça.
    Conversa fiada.
    E estes cafajestes, com o papo de “liberdade de expressão” apoiam um pulha. Este escroque de musk não passa disso, um escroque.

  16. Nassif tenho tanta, tanta saudades da minha amiga, Regina Nassif, estudamos juntas no Colegio São Domingos fizemos o curso de Magistério.E a tarde íamos a sua casa, para ouvir os discos do Chico Buarque e ler Paulo Freire tudo “escondido”.Envie um grande abraço de muita saudades para ela.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador