Reflexões e desabafos do day after, por Maria Carvalho

Apenas dois tipos de

Apenas dois tipos de elementos não estão envergonhados com o espetáculo dantesco que se viu ontem: os safados e os ingnorantes. Acho que voltaremos ao tempo em que dará vergonha ser brasileiro.

O mal que não tem cura?
A aprovação do processo de impeachment ontem foi grave, mas pior é o conflito inegociável, que tornará o país ingovernável para qualquer um. Acredito que Dilma permanecerá na presidência, mas que acordo ela poderá firmar com uma oposição que despreza a democracia? Não apenas a democracia, a Oposição despreza as leis. Ontem passaram recibo de que a cassação foi meramente resultante de uma luta de poder. Um a um, os golpistas votaram e representaram papéis ridículos, objetivando a deposição de Dilma por motivos alheios à razão processual. Pouquíssimos se ativeram à questão das chamadas “pedaladas fiscais”, por saberem que as mesmas não configurem crime de responsabilidade. Foi um espetáculo lastimável: “Por deus, pela família, para varrer o PT, para acabar com a corrupção, a favor de mudança, pelo crescimento …” Alto grau de hipocrisia, diante da crise provocada pelo conluio da Mídia/ Legislativo/Judiciário, mais a crise mundial e por último, governo Dilma. É impensável que tais figuras não são sabedoras que, em um eventual governo Temer, a crise se agravará e a contestação a Temer será grande. Que este eventual governo, entreguista, avesso às leis e aos trabalhadores, conseguirá se sustentar diante da convulsão social que provocará. Que o resultado da aplicação do retrocesso que configura seu “plano de governo”, conseguirá ser mascarado pela ação midiática e nada mais. E que a população esquecerá quem são as lideranças desse processo, quais seus objetivos e o quanto a ruptura deixará feridas insanáveis. Plantam o caos político/social sem qualquer base legal, movidos pela sede de poder e pelo resguardo da nunca negada impunidade aos canalhas. Falam dos muitos erros do atual governo, como se em seus governos anteriores, desde Sarney, tenham cometido nada além de erros sobre erros. Não demonstram que aprenderam com eles, mas sim que consideram-se verdadeiros reis em um país republicano, em uma democracia sem povo. Ratifica-se então que o conceito de democracia é engodo a serviço de uma condição de classe privilegiada pelo controle dos meios de produção. Após anos de infrutífera luta para voltar ao poder usando táticas menos ilegais, rasgaram a máscara e partem para o Golpe de Estado. A Mídia procura esconder a ilegalidade através de discursos falaciosos, ocultando ainda os objetivos regressivos de uma elite com ódio do povo. Nunca constituíram uma classe provida de algum esclarecimento, disposta a construir um país para todos. Sempre lutaram pelos seus privilégios. Contaram mais uma vez com uma classe média posta na ignorância e sabuja, satisfeitas com eventuais migalhas postas em sua mesa. Essa classe média que, sobretudo, quer revanche diante do êxito dos mais pobres, hoje competidores no mercado de trabalho e universidades. A ascensão, ainda que limitada, das classes trabalhadoras, é a real motivação para o Golpe e todo retrocesso social que projetam no poder. Vencer este processo de impeachment, portanto, não se afigura sequer como o mais difícil. Me parece impossível conciliar com tal classe. Todo o esforço do governo desde a primeira eleição de lula, para manter a “governabilidade”, alimentou ressentimentos profundos. E este ressentimento foi cumulando nacos de poder ano após ano, até que se sentisse seguro para avançar através de um Golpe de Estado. Só podemos especular sobre os resultados de um primeiro governo Lula disposto a confrontar as velhas classes dominantes. Sobreviveria? Mas podemos afirmar que ele sobreviveu através da política de conciliação que preservou a corrupção como moeda de troca com os ladrões. Hoje os ladrões acumularam fortunas, cargos e poder. Não querem mais participar do jogo: querem a posição senhorial diante do povo. Como fazer, então, para manter a ordem democrática e ainda assim governar tendo como Oposição uma tríade irredutível de interesses malignos? É uma pergunta que eu não sei responder, mas creio que ninguém saiba: nem o governo atual, nem aqueles que o querem tomar à força.

Diante da aprovação do

Diante da aprovação do processo de impeachment na noite de ontem, nada mais grave e pior do que isso é o conflito inegociável, que tornará o país ingovernável para qualquer um. Não apenas a democracia, a Oposição despreza as leis. Ontem passaram “check-list” de que a cassação foi meramente resultante de uma luta de poder. Um a um, os golpistas votaram e representaram papéis ridículos, objetivando a deposição de Dilma por motivos alheios à razão processual. Pouquíssimos se ativeram à questão das chamadas “pedaladas fiscais”, por saberem que as mesmas não configurem crime de responsabilidade. Foi um espetáculo lastimável: “Por deus, pela família, para varrer o PT, para acabar com a corrupção, a favor de mudança, pelo crescimento …Alto grau de hipocrisia, diante da crise provocada pelo conluio da mídia/ Legi slativo/Judiciário, mais a crise mundial e por último, governo Dilma. É impensável que tais figuras não são sabedoras que, em um eventual governo Temer, a crise se agravará e a contestação a Temer será grande. Que este eventual governo, entreguista, avesso às leis e aos trabalhadores, conseguirá se sustentar diante da convulsão social que provocará. Que o resultado da aplicação do retrocesso que configura seu “plano de governo”, conseguirá ser mascarado pela ação midiática e nada mais. E que a população esquecerá quem são as lideranças desse processo, quais seus objetivos e o quanto a ruptura deixará feridas insanáveis. Plantam o caos político/social sem qualquer base legal, movidos pela sede de poder e pelo resguardo da nunca negada impunidade aos canalhas. Não demonstram que aprenderam com eles, mas sim que consideram-se verdadeiros reis em um país republicano, em uma democracia sem povo. Após anos de infrutífera luta para voltar ao poder usando táticas menos ilegais, rasgaram a máscara e a constituição partindo para o Golpe de Estado. A Mídia procura esconder a ilegalidade através de discursos falaciosos, ocultando ainda os objetivos regressivos de uma elite com ódio do povo. Essa classe média que, sobretudo, quer revanche diante do êxito dos mais pobres, hoje competidores no mercado de trabalho e universidades. A ascensão, ainda que limitada, das classes trabalhadoras, é a real motivação para o Golpe e todo retrocesso social que projetam no poder.

Cafajestes

So vi um pouco dos votos, pois era de estomacar todos aqueles cientes do que estava em jogo ali. Uma câmara de cafajestes. Não da para continuarmos elegendo deputados desse nivel. Não da para continuarmos brincando de Pais, de Nação, de democracia. Ou crescemos e entendemos que um Pais se faz com sacrificios, com suor, com lagrimas, com responsabilidade, com verdade e coragem ou vamos continuar vivendo o caos politicamente. O que temos hoje esta longe dos valores e sabedoria que pede um Pais maduro e democratico. 

País de quê???

A análise foi muito exemplar e sincera e transbordando indignação ( que afinal não é solução e sim inércia, o não agir), mas a frase final prima-se por redonda demagogia. Esse grupelhos e outros que desqualificam o país , o fazem justamente por vivenciarem uma realidade mítica que só existe na cabeça dos lunáticos de Hollywood e da mídia.  Viver entre a idealização da suposta terra prometida ( seria os EUA ou a velha Europa?), a nova Jerusalém e a realidade áspera atual, cria uma anomalia que se traduz pela negação do momento atual e a necessidade de qualquer tipo de fuga. Tudo muito humano, tudo muito esperado… para aqueles que não tem força para avançar e se deixam serem contaminados pela manipulação do sistema (!)  e pelas narrativas da teoria da conspiração ou pelas teses do folclórico tema do complexo de vira-lata que supostamente atinge braileiros com complexo de inferioridade nacionais/raciais. Somos seres humanos, americanos-brasileiros.Vinhemos a esse continente, refazer o percurso da civilização, com novas paisagens, novos atores étnicos-sociais, culturais.  Os dilemas estão aí para serem superados. Os manuais do velho mundo ou do primo (?) paranóico do norte, não nos servem.  Aqui temos que retrabalhar a auto-estima, fazer nossa auto-aceitação. Superar a tendência a bipolaridade e a auto-depreciação.  Valores como a humildade, a ganância, Amor e deboche sugerem os caminhos da terapia. Ação e renovação, os caminhos para a política. Tudo temperado com a força que exala dessa gente que desperta, se resignifica.