Tucanos voltam ao coração do poder com eleição de Maia, por Helena Chagas

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Helena Chagas

Em Os Divergentes

Vai bem além da expectativa de aprovação da pauta de reformas econômicas do governo o impacto político da eleição do deputado Rodrigo Maia (DEM) na Câmara. A ascensão de Maia, e das forças que ele representa, tem um significado mais profundo: traz os tucanos de volta ao centro do poder depois de 14 anos.

É bom prestar atenção no primeiro gesto de Maia, hoje pela manhã, que foi visitar o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, um dos principais apoiadores de sua candidatura. O acordo entre eles reedita a aliança que sustentou o governo Fernando Henrique Cardoso, unindo o PSDB e o então PFL, hoje DEM. Os tucanos sempre foram o parceiro mais forte nesse arranjo, e pode parecer estranho que voltem ao poder pelas mãos de um deputado do hoje minguado DEM. Mas são antigos aliados, farinha do mesmo saco. O acordo entre Aécio e Maia prevê o mandato tampão na Câmara agora para o DEM, e em troca o apoio desse grupo a um tucano para presidir a Câmara no biênio 2017/18.

Sai de cena, atingida de morte, a maioria formada por Eduardo Cunha à sua imagem e semelhança, o Centrão. O comando da Casa volta ao grupo tradicional de políticos que a controlou durante muitos anos, alternando tucanos e pefelistas. Nas circunstâncias, um movimento inegavelmente positivo. Não estarão livres de denúncias e envolvimento em malfeitos, mas certamente representam um upgrade moral em relação ao grupo que aí estava.

É bem verdade que o PSDB, de certa forma, já chegara ao poder, pois está na aliança que aprovou o impeachment de Dilma Rousseff, levou Temer ao Planalto e deve confirma-lo. Participa do governo, com ministros como José Serra e Bruno Araújo, e dezenas de ocupantes de cargos em estatais e no segundo escalão – até porque, sabe-se, os tucanos têm quadros mais bem preparados do que o PMDB de Temer.

Ainda assim, os que foram para o governo estão subordinados ao presidente peemedebista, por mais que todo mundo saiba que as afinidades ideológicas de Temer com o tucanato sejam muito maiores do que as que jamais teve com o PT.  Agora, porém, ao confrontar o Centrão de Eduardo Cunha, que dava as cartas na Câmara, e viabilizar a eleição de Maia, pode-se dizer que os tucanos voltam de fato ao coração do poder – ganhando fôlego para a disputa de 2018, com ou sem aliança com o PMDB de Temer.

Trata-se de uma mudança e tanto no cenário político.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

15 Comentários

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  1. burrice em alto grau

    Nassif,

    Se DRousseff merece ter este processo irresponsável estancado pelo Senado, muito embora o critério de merecimento nunca tenha feito parte do mundo político de Brasília, o mesmo não se pode dizer do partido de DR, que voltaria à condição de partido de situação sem que tivesse movido uma agulha para ajudar DR.

    O PT merece ser derrotado enquanto se mantiver olhando para um mundo que nunca existiu, enquanto se contentar com estes fraquíssimos líderes do vento, enquanto não aprender a se portar como partido de governo eleito, enquanto tiver uma bancada no Congresso minimamente competente, sem medo – teve 13 anos prá aprender e nada, as preocupações eram outras pois o Poder inebria.

    Esta vitória de RMaia embalada com votos de petistas é, realmente, uma demonstração ímpar de burrice em alto grau.

    Quanto à tucanada, em minha opinião está sentada em cima do muro, aguardando os acontecimentos . No caso deste pilantra traidor ser confirmado no trono, o mais provável, ele sofrerá um forte ataque e sairá correndo de lá, pois é pessoa fraca, e quem assume ? Um desqualificado como Cerra é uma opção, pois já está lá a tocar fogo nas relações internacionais do país sob o ruidoso silêncio do Itamaraty – realmente, isto aqui não pode ser considerado um país sério. 

     

    1. Concordo e vou além

      Pois com a atual conjuntura, estão abertos os dois caminhos para a tomada do poder pelos tucanos. Um via impeachment do interino, já que é prerrogativa do cargo de presidente da câmara aceitar e “forçar” as lideranças a indicarem membros da comissão. Dois, via TSE, com o Gilmar Darth Vader condenado a chapa Dilma/Temer. Diante dos dois caminhos assume o presidente do Congresso, RMaia. Completaria seu mandato e daria de mão beijada a eleição para os tucanos. 

      1. mediocridade

        Saul,

        Este é o quadro tenebroso, pois não existe saída decente sem que seja considerada a legitimidade das urnas.

        Isto aqui pode ser qualquer coisa, menos democracia, daí ser viável um presidente sem voto popular apoiado por uma mídia inteiramente desqualificada, pelo MPF e STF, já que foi mais do que confirmada por Romero Jucá e Sergio Machado a participação destes dois no golpe em curso. Tudo é muito triste diante da mesquinhez da classe política, e ainda temos um Paulinho da Força, a forma acabada da mediocridade, a conseguir cargo para o filhote neste governo de araque. É um espetáculo.

  2. Se pessasse contra o Lula o

    Se pessasse contra o Lula o que já foi disparado contra o aécio neves, o ex presidente já estaria mofando nas carceragens de Curitiba.

    3% de propina numa obra que consumiu R$ 1,3 bilhão. Ou uma conta secreta em Lieschenstein.

    Mas o pedalinhos continuam na mira dos “rapazes de Curitiba”.

     

     

     

     

  3. Aécio agora quer uma coisa

    Aécio agora quer uma coisa só!

    Se livrar das acusações e seguir seu caminho!

    Não importa com quem se aliar, só não quer ir preso!

    Sabemos como começou, mas não sabemos como terminará…

  4. a coisa é sempre bem

    a coisa é sempre bem engraçada. Petista e aliado elegem, mas que ganha é Aécio, Temer e demais inimgos do petismos

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