TV GGN: O país em que as milicias digitais podem atuar livremente, por Luis Nassif

A anomia do Ministério da Justiça em relação aos ataques e ameaças sofridos por jornalistas e críticos de Bolsonaro, é a prova maior de cumplicidade com as milícias

Redação

4 Comentários

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  1. Na condição de mero cidadão brasileiro eu observo que a esquerda no nosso país vive, talvez, o momento mais peculiar de sua história. E parece não estar aprendendo nada com isso.
    Pela primeira vez nós vemos no Brasil um Presidente da República eleito pelo povo, o líder político e moral dos grupos militares, civis e políticos que o cercam, seguem e apóiam, expressar aberta e diretamente os desejos e frustrações de boa parte da população. Mesmo aquela parte que não gosta dele, não votou nele ou se arrependeu de ter votado nele.
    Afinal, quem no Brasil pode dizer que a democracia está plenamente consolidada em nosso país de forma abrangente, visível e homogênea para todos nós brasileiros? Quem pode defender abertamente grande parte da conduta, privilégios, ações, omissões, votações, decisões da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, do STF, das Cortes abaixo do STF, defender a cobertura da imprensa corporativa brasileira ou defender o poder público e seus privilégios nas esferas estaduais e municipais sem questionar?
    O Presidente da República, com sua estratégia permanente de confronto para libertação do povo e dele próprio dos males provocados por estas “instituições antidemocráticas” vai de encontro ao que muitos brasileiros realmente pensam e força a esquerda brasileira a defender uma democracia que boa parte da população do país não vê.
    Ele força a esquerda, que sempre adotou o papel de defensora e promotora da moral e dos bons costumes democráticos mesmo que eles não existam a pleno, a se posicionar a favor da imprensa corporativa e das instituições, que recentemente derrubaram e prenderam Dilma e Lula e, assim, ajuda a ele próprio, o Presidente, a reforçar a imagem de que tudo o que ocorreu nos últimos anos foi válido e dentro do processo democrático. Como a esquerda vai defender os golpes contra ela quando apóia as democráticas instituições que diz terem sido responsáveis pelo golpe antidemocrático? Como a imensa população mal informada está vendo isso e vai conseguir entender as diferenças implícitas?
    Sem considerar as inverdades, os interesses e desejos ocultos inseridos nesses ataques, o fato é que a esquerda se perde e erra ao sair em veemente defesa apelando para palavra democracia sem destacar que democracia é a condição que se persegue e sob o qual o Brasil deveria viver plenamente. Mas que não vive. E deixa de fazer a crítica devida, aberta, direta, diária e constante da falta dela nas instituições e na imprensa hoje atacadas.
    Não se trata de apoiar os ataques, de querer fechar tudo, acabar com tudo para que um grupo de ditadores tome conta do país, mas sim de mostrar para todos os progressistas democráticos e demais que essas instituições precisam sim ser criticadas, os protestos para melhoria (não o fim) delas são válidos e que a esquerda progressista entende que sem uma mudança o país não vai prosseguir.
    É até frustrante ver boa parte da esquerda e de seus comunicadores no mundo digital saírem em defesa de instituições que ao longo da história nunca foram favoráveis às suas idéias. Ver a esquerda sair em defesa da imprensa corporativa que bate e pisa nela constantemente e que faz de conta que a imprensa digital progressista não existe, e quando mencionam é para criminalizar e banalizar. E nem me venham falar da recente parceria na Vaza-Jato, que se silenciou e se tornou um grande mistério não comentado por mais ninguém nos dias de hoje.
    Não acho que esses jornalistas atacados precisem da defesa da esquerda. Deixem eles lá. Deixem que seus diretores e patrões façam a defesa. Eles têm muito poder, audiência e dinheiro para isso.
    Fico pensando quando a imprensa corporativa vai sair em defesa da imprensa digital progressista contra os ataques, processos e ameaças que sofre. Nunca, não é? Pois é.
    Ao invés de gastar palavras e saliva para defender jornalistas e instituições que são parte integrante e importante do que ocorre hoje, a esquerda e seus canais de comunicação deveriam usar o espaço para denunciar diariamente a parceria entre todos eles. Defender a democracia é mostrar quem está junto no desmonte e porque e quem está contra o desmonte e porque.

    1. Há uma leve suspeita do que vc quer dizer. Mas não do que vc diz, um tanto confusamente.

      Embora politica e democracia, como outras áreas da atuação e do conhecimento humano sejam extremamente complexas, uma tentativa de resumí-las ao máximo seria:
      . Política é o jogo dos interesses.
      . Democracia é (deve ser) o predomínio CONSCIENTE das vontades e das necessidades coletivas sob convivência da diversidade e pluralidade.
      Se quisermos começar a complicar, devemos aceitar e entender que:
      1) Os interesses são muitos, múltiplos e diferentes
      2) Há interesses que “valem” mais do que outros, ainda que uns sejam fúteis e outros vitais. Uma questão de Poder (e a qualidade de seu equilíbrio).
      2) As vontades nem sempre são “altruístas”, mas tipicamente egoístas
      3) As necessidades nem sempre são percebidas ou entendidas por todos ou mesmo individualmente (ex: uma TV UHD pode vir à frente de uma poupança para sinal de um MCMV, um “charo” de maconha pode vir à frente de um livro engrandecedor, uma viagem pode vir à frente de um tratamento de saúde, etc.).
      3) Por tudo acima poder ser manipulado (e é, de fato), o predomínio das vontades e necessidades nem sempre é consciente, levando a predomínios “falso positivos” (ou mesmo negativos).
      4) O voto, que muitos pensam ser A democracia, é apenas uma parte (necessária) dela. Se for exercido INCONSCIENTEMENTE (manipulação de opinião pública, fake-news, falsas promessas, falseamento de realidades, etc.), o “eleitiço se vira contra o eleiticeiro”, onde podemos eleger parlamentos e líderes (FHC, Collor, Bolsonaro…) cujos resultados são o contrário do que se quer ou precisa (conscientemente).
      5) Os “interesses” não confessáveis (vide item 2) podem enganar, antes, com promessas. Depois, com falsas informações (ex. o sucesso econômico de FHC, que quebrou o país 3 vezes, privat(ar)izando tudo que pôde). Ou durante, com um “toque mítico” em debilitadas ou intoxicadas emoções (Bolsonaro, Hitler, Mussolini, Jânio…).
      6) Claro, para mexer bem com as emoções, há sempre no ‘bolso do colete”, coisas como: a moral, a religião … e a corrupção! Aquela que, como os dejetos de todos, estão lá sempre em algum lugar, todos sabem. Mas basta resgatar fezes selecionadas (ainda que misturadas com as próprias) e jogá-las nas ruas, bem reviradas, em baldes com as cores dos inimigos, para que seu fedor insuportável os “insuportabilize” perante todos! Ou nublar sagradas propriedades (dos que as tem) e crenças inquestionadas, para causar marchas com Deus, pela família e propriedade! Ou revolver frustrações e humilhações coletivas do passado, para conseguir que milhões adorem um líder acima deles próprios como nações. Heil! Acima de todos!
      Portanto, democracia, muito mais que meramente votar, é um processo que requer, pelo menos:
      a) Consciência dos que a exercem.
      b) Respeito à diversidade e pluralidade de opiniões, vontades e necessidades alheias.
      c) Conhecimento da realidade dos fatos e condições.
      d) Baixo desequilíbrio econômico social (desigualdade), em elevados níveis para todos (não é “igualdade” de desiguais).
      e) Melhor do que ter instituições boas com pessoas ruins é ter pessoas boas com instituições nem tanto. Certamente a meta é que ambas sejam boas. Nossas instituições nem são tão ruins. Mas as pessoas nelas …
      Há um bom índice de atingimento deste quesitos em alguns países.
      Já o nosso caso é dos piores.
      E piorando!

  2. Sabendo-se que o índice de manipulação (científica) de massas está nas alturas (Bannon, Facebook/Whatsapp, Cambridge Analytica, Big Data, IA, Deep State com trocentas agências, eMoney, Trump, Brexit, Bolsonaro, etc.), fica a questão:
    Como combater sem usar as mesmas armas, a mesma despreocupação com o escrúpulo e com os demais?
    Debater?
    Um dos filhotes zero à esquerda já recomendou publicamente em palestra estrangeira:
    “Não debatam, façam (repliquem) memes!”
    Em vez de pluralidade e diversidade contínua, este pessoal que, aos poucos (na verdade desde Tatcher/Reagan), está dominando a cena, prefere a pobreza binária e rasteira do “nós e eles”. Do neurônio único, ligado ou desligado. Do preto ou branco.
    Pior que isso, o “lado” que espertamente( (claro) escolheram, além do citado acima, têm também o dinheiro e a retaguarda militar, caso precisem.
    Dizem que as opções básicas do ser humano são: lutar ou fugir!
    Como não há outro planeta por perto…

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