A relação da Globo com a UFRJ

Já que o assunto é a UFRJ, reproduzo* aqui matéria do Globo, de quando a mídia denunciava evasão de funcionários (docentes e técnicos-administrativos) e precariedade das instalações. 

Hoje ninguém mais fala sobre isso.

O quadro não mudou. A imprensa sim.

(obs. Se perceberem, continuo crítico á mídia..) 

O GLOBO (em algum lugar do passado, antes da greve)

De dez candidatos que passam nos concursos para a UFRJ, seis abandonam o emprego

Antigo sonho de carreira dos brasileiros tem um dos piores salários do serviço público federal

RIO – Maior celeiro de cientistas do país — com mais de 120 laboratórios nas mais diversas áreas do conhecimento — e um movimento diário de cerca de cem mil pessoas, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vive hoje um perigoso processo de esvaziamento de seus quadros permanentes: a cada dez candidatos que passam nos concursos que a instituição promove para preencher postos técnico-administrativos, seis desistem do emprego antes ou pouco depois de ser empossados. O que já foi o sonho de carreira de muitos brasileiros é hoje um dos piores salários, se não o pior, do serviço público da federação.

Não bastasse a fuga de seus profissionais, até mesmo o prédio do Centro de Ciências da Saúde (CCS), no campus do Fundão — um dos lugares mais importantes para o desenvolvimento da medicina no país —, vive hoje sob os escombros de décadas de falta de investimentos. Rachaduras, infiltrações, piques de luz e até um início de incêndio, ocorrido no início de dezembro no Centro Acadêmico, deram ao CCS o cruel apelido de “maior favela de cientistas do mundo”.

— A situação é realmente antagônica. Ao mesmo tempo em que a estrutura é muito precária, ali é um celeiro de ideias e de inovações científicas — avalia o reitor da UFRJ, professor Carlos Antônio Levi da Conceição.

Já o Hospital Universitário Clementino Fraga teve parte de sua estrutura interditada por risco de desabamento.

Problema também atinge quadro de docentes

Segundo o reitor, a evasão de servidores atinge todas as instituições federais de ensino superior. No entanto, é mais grave na UFRJ.

— Os problemas aqui são agudos, com diversos níveis de repercussão — diz, acrescentando que as dificuldades são fruto de mais de dez anos sem concursos. — A década de 90 foi trágica para a UFRJ. Estamos pagando a conta de dois processos de degradação: dos recursos humanos e das instalações físicas.

Segundo o pró-reitor de Recursos Humanos da universidade, Roberto Gambine, só no último concurso, de 800 aprovados, 300 desistiram do emprego ainda antes do final do treinamento e outros 180 sequer se apresentaram. A UFRJ também está tendo dificuldades para conseguir docentes para determinados setores, como é o caso da Faculdade de Medicina de Macaé. Na contramão do problema, a instituição está em pleno processo de expansão de sua capacidade de ensino, que saltou de seis mil alunos por ano, em 2007, para dez mil, em 2012.

— Se não forem feitas mudanças urgentes, a situação ainda pode piorar, porque, com a perspectiva de mudanças no sistema de previdência do serviço público, também aumentou a procura pela aposentadoria por tempo de serviço — alertou Gambine.

Em 2011, foram apresentados 80 pedidos de aposentadoria. Este ano, até abril, já foram 60.

Segundo o pró-reitor, salários pouco competitivos e a falta de um plano de carreira são os principais entraves para a regularização da situação. Ele explicou que as cinco categorias de servidores técnico-administrativos das instituições federais de ensino superior têm salários básicos entre R$ 1.820 e R$ 2.980 (para técnicos de nível superior).

— Ao final de 30 anos de carreira e cursos de aperfeiçoamento, eles receberão no máximo R$ 5.650. Os profissionais, principalmente os jovens, só ficam até ser aprovados em outros concursos. Não conseguimos mantê-los — diz Gambine.

Ele conta que, até 2008, a situação era ainda pior, devido à dificuldade de se fazer concursos nas instituições federais de ensino superior. Essas seleções dependiam de autorização do Ministério do Planejamento. Mas a criação de programas de reposição automática de vagas abertas por aposentadoria, demissão ou morte garantiu a essas instituições autonomia para contratar. A necessidade agora é de criar instrumentos para garantir a permanência dos quadros.

— Para se ter uma ideia, no concurso para a contratação de um engenheiro para os projetos que estamos realizando, houve apenas um inscrito. Se ele desistir, teremos que fazer um novo concurso — diz o pró-reitor.

Por Paulo Paiva

A Globo tem uma relação histórica de amor e ódio com a UFRJ (ultimamente muito mais ódio do que amor). 

Várias “denúncias” são forçadas – esta acima por exemplo. 

Enquanto isso alguns dos seus  mais “brilhantes” funcionários se orgulham de ostentar seus títulos obtidos por lá como o mauricinho André Trigueiro – aquele das “Cidades e Soluções” – em que boa parte das “soluções” são de empresas “amigas”,  por assim dizer. O exemplo mais emblemático é o do Ali Kamel, que estudou lá, mas deve ter guardado uma mágoa semelhante a que o Maluf tinha com a USP….. 

Por outro lado estão sempre por lá para tentar esquentar a seção de ciências do jornal ou da TV. Uma vez um repórter queria fazer uma reportagem sobre Biodiversidade Marinha e queria por que queria que eu dissesse que os recursos do governo federal (Lula na época) eram muito poucos. Como não disse o que o repórter queria ele ficou chateado – não queria saber nada sobre o estado atual do conhecimento, importância ecológica e econômica –  só queria uma pauta provocativa. 

E assim vai o mundinho cada vez mais autista da globo

Luis Nassif

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