BM pode não entender modelo pedagógico do Brasil

Por Antonio C.

Comentário do post “Projeto-piloto medirá eficiência de professores em sala

Os analistas deveriam se debruçar com mais cuidado nas políticas educacionais do Banco Mundial. Pouco ou nada entendem de pedagogia, ou – segundo a minha opinião – fingem não entender. Planilhas e números são representações suficientes para dizer o que é um bom modelo pedagógico.

Enquanto que professores se colocam em torno de aspectos qualitativos da educação e aspectos ligados à carreira, o Banco Mundial coloca como voga os aspectos quantitativos, chegando ao disparate de dizer que o número de alunos por sala de aula não afeta desempenho escolar.

Talvez o modelo americano sirva para análise de desempenho nas escolas cariocas. Importar modelos de gestão é algo que se faz como rotina, como contraponto à descambada incompetência dos burocratas que têm poder, mas procuram soluções alhures para dizer que “fazem algo”.

Mas esse mesmo processo vem com as avaliações individuais de desempenho, quebrando o poder sindical, que faz negociação pela categoria. Aqueles que conseguem aumento por desempenho (com todas as vicissitudes daí decorrentes) tendem a ficar mais “conformados”, satisfeitos até.

Um amigo meu, professor de Sociologia, chegou a fazer uma constatação corrosiva do local onde trabalha:  Maluf estava certo, tem professora que é mal casada, não mal paga. Aparecem com carro novo, são sempre satisfeitas com o trabalho; se fizessem crochê ou dessem de comer aos gatos abandonados nas praças, daria no mesmo. É a leva dos professores conservadores – de número não muito pequeno – alheios à política, ao processo sindical, afogados nas tarefas, mas, igualmente, afogados na banalidade; alguns deles tem outros modos de serem remunerados que não pelas escolas. Se esta situação não aparece nos rincões, não é difícil em áreas como a cidade de São Paulo.

Luis Nassif

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