Chicana nos olhos dos outros é refresco, by Joaquim Barbosa

Merval e Gilmar Mendes

E dizer que uma semana antes do adiamento, para esta quarta-feira, da decisão sobre se os réus do processo 470 teriam ou não direito aos embargos infringentes, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, tinha acusado o ministro Lewandowski de estar fazendo chicana, chamando a sua atenção e provocando bate-boca que se estendeu para depois do expediente.

Na ocasião, a mídia fez sua parte: enalteceu Joaquim, alçando-o ao patamar dos homens justos e íntegros e transformou Ricardo Lewandowisk no “advogado do diabo”. Assim anda rolando pelo “feice buk”.

E qual não foi a surpresa quando vimos Gilmar Mendes e Marco Aurélio usaram, descaradamente, deste mesmo artifício para protelar a votação, atrasando-a em uma semana, sem serem admoestados pelo mesmo Barbosa e pior, contando com apoio irrestrito dele para esta manobra.

Como se estivesse num comício, disputando o cargo de prefeito da cidade de Sucupira, Gilmar Mendes discursou por mais de uma hora.  Falou o que quis, e se perdeu como quis. Indo e voltando num falatório prolixo.

Marco Aurélio de Mello usou do mesmo expediente, só que com mais clareza, ou cara-de-pau. Chegando ao cúmulo de alertar aos seus colegas de que estavam sendo avaliados pelo povo, como se para isso ligasse. Retrucado por Barroso quanto a esse posicionamento chamou-o de novato, hierarquizando a relação entre os ministros. Quem é ou foi militar sabe: o outro te chamou de novato ou novinho é melhor calar a boca, a patente fala mais alto. Triste STF.

Bem, a bola está com Celso de Mello. O que decidirá? O Brasil espera sua decisão.

Ele já avisou: é um homem não sujeito à pressão, podem falar o que quiserem, “tô nem aí”. Não importa a capa da VEJA, clamar por Pilatos é pequeno.  As manchetes da Folha, do O Globo, do Estado, ele não mudará a sua posição, seja lá qual for. Os especialistas perdem seu tempo infernizando tão imune magistrado. Sua pele é grossa. Aguardem até a próxima quarta. E façam suas apostas.

Num país dominado por uma única emissora de televisão, apaixonados por novelas, programas de auditórios e por “reality shows” não é de se estranhar que estejamos ansiosamente esperando pelo “gran-finale”.

A imprensa passa a imagem do absoluto dicotômico: o país encontra-se numa encruzilhada, qual caminho a escolher? Quem vencerá? o bem ou o mal? O certo ou o errado? O justo ou injusto? Que rufem os tambores.  Nossos comerciais, por favor. E comprem jornais, e aumentem nossa audiência.

Todos tem direito a um segundo julgamento, é constitucional. O Brasil é signatário do Pacto de San José, o tratado garante também um segundo julgamento, se não for no país de origem que seja realizado nas cortes internacionais. José Dirceu avisou que assim o fará, se lhe for negado este direito.

Então, pergunto, por que a estes senhores, e apenas a eles, seria negado este direito? Medo, talvez.

Se recusado os embargos teremos a certeza do julgamento político a que foram submetidos estas pessoas. Portanto a nossa democracia está doente.

Quem se encontra numa posição confortável é a mídia. Ela se posicionará da maneira que bem entender.

Destruir ou não a imagem do judiciário? Fazê-los de tolos ou não? Depende do pagamento, não podemos esquecer que a rede Globo deve mais de 1 bilhão de reais em impostos.

O que será que imprensa e juízes conversaram e combinaram nos bastidores, na calada da noite, nos jantares?

Maledicência? Pode ser, porém o filho de Joaquim Barbosa trabalha na Globo, Barbosa assistiu a um jogo de futebol junto com Luciano Hulk e Angélica, a foto que abre este artigo vemos Gilmar Mendes com Merval Pereira, colunista da Globo. Pode-se concluir qualquer coisa, certo?

joaquim-barbosa-luciano-huck

Em tempo. Chicana é um jargão peculiar da justiça e se refere a alguém que esteja intencionalmente “enchendo-linguiça” a fim de atrapalhar o bom andamento do julgamento e com isso ganhar tempo.

Redação

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