O Brasilianas.org sobre Educação

Na quinta passada gravamos mais dois programas do Brasilianas.org Um deles foi sobre Educação; outro, sobre as novas mídias.

Confirma a percepção deixada em outros temas. Por onde se olhe, há grupos sociais organizados, em torno de temas essenciais, juntando linhas políticas diversas mas impedindo que a partidarização se imponha sobre a bandeira maior, de defesa do movimento, convergindo para diagósticos comuns.

No caso da Educação, juntamos um grupo de debatedores do Movimento Todos Pela Educação (do qual faz parte Jorge Gerdau), da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, Observatório da Educação, da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educaução, além de especialistas do IPEA, USP e BID.

Uma visão simplificada diria que Todos Pela Educação privilegiaria apenas questões gerenciais enquanto a Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, ou a União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação puxariam pelo lado do professor e pela resistência a indicadores.

O que se viu foi um quase consenso em torno de pontos fundamentais.

O primeiro deles, externado por Mozart Neves Ramos, presidente-executivo do Todos Pela Educação – e acompanhado por todos os demais – é sobre a importância da valorização da profissão de professor. Enquanto não houver condições adequadas – salário, plano de carreira, material adequado – torna-se difícil avaliar corretamente os professores. Enquanto a educação não for capaz de se tornar uma carreira atraente para os melhores quadros, de pouco adiantarão modelos gerenciais e quetais.

Todos os debatedores foram críticos da visão utilitarista, estreita, meramente fiscalista brandida por um tipo de ideologia dominante em certo tipo de ideologia brandida por editoras interessadas em invadir o terreno da educação.

É uma lógica besta:

A escola A e a escola B têm as mesmas condições de ensino. Mas a Escola A tem melhor desempenho.Logo o que fez a diferença foram os métodos adotados por uma em relação à outra, não os professores.Sendo assim, o que importa são os métodos, não o salários dos professores.

Não houve um que concordasse com essa sofisma. O que não significa que não concordem com a importância da melhoria de processos e gestão nas escolas, assim como de sistemas que valorizem a meritocracia.

Dadas as condições de ensino e a melhoria da carreira de professor, há que se medir, avaliar, selecionar as melhores práticas e cobrar resultados. Foi posição unânime, ressaltada por Rosani Pereira, Secretária da Educação de Marília.

Ponto importante foi a questão do material didático. Hoje em dia há oferta total de livros por parte do MEC, através do Programa Nacional de Livro Didático.

Mas há também uma enorme pressão espúria de editoras trabalhando com cursos apostilados e entrando nas prefeituras por outras vias – o próprio Prefeito e o Secretário das Finanças.

Esse é um problema sério, porque o modelo atual transformou – felizmente – saúde e educação em áreas com mais recursos. Assim, é enorme a gana de se avançar sobre esses recursos.

Já se conheciam os resultados do IDEB quando o programa foi gravado. Elogiaram a melhoria do ensino fundamental, lamentaram a falta de avanços do ensino médio. Mas mostraram que há sociedade civil, grupos de interesse unidos pela Educação. 

Outro ponto relevante é sobre a maneira de implementar modernos processos de gestão no sistema educacional. Qualquer consultor de gestão pela qualidade conhece dois princípios básicos:

1. Não se pode julgar um funcionário dentro de um modelo que não funcione adequadamente. Só depois de definido o novo modelo, pode-se separar quem é eficiente de quem é acomodado.

2. O grande desafio do gestor é conquistar corações e mentes das pessoas envolvidas com o trabalho. O pior que pode acontecer é o chamado “gestor-eu-tenho-a-força”, o sujeito que domina alguns princípios de gestão e pretende enfiar goela abaixo da equipe.

Típico fruto desse modelo foi a ex-Secretária de Educação de São Paulo, Maria Helena, que trabalhou sempre dentro da ótica de conflito com a máquina estadual. O substituto Paulo Renato de Souza é considerado como sendo com melhor cintura que a antecessora.

Luis Nassif

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