Em greve, 80 mil servidores protestam em São Paulo contra nova Previdência municipal

Com reforma da Previdência proposta por Bruno Covas (PSDB), contribuição dos servidores municipais sobe de 11% para 14%

Em assembleia, servidores decidiram manter a paralisação / Divulgação/Sindsep

do Brasil de Fato

Em greve, 80 mil servidores protestam em São Paulo contra nova Previdência municipal

Redação

Cerca de 80 mil servidores municipais percorreram as ruas de São Paulo (SP) nesta terça-feira (19) para exigir a revogação da reforma da Previdência proposta pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), por meio da lei municipal 17.020, que aumenta a contribuição de 11% para 14%. A multidão se concentrou no centro da cidade durante a tarde e, às 18 horas, chegou à avenida Cruzeiro do Sul, próximo à marginal Tietê, um dos principais acessos à capital paulista.

Parte significativa dos manifestantes eram professores. O sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) informou que 70% das escolas que são administradas pela Prefeitura estão em greve, total ou parcial, desde o dia 4 de fevereiro. Também nesta terça-feira, em assembleia, os servidores decidiram manter a paralisação.

A reforma da Previdência municipal foi aprovada pelos vereadores em 6 de dezembro do ano passado e sancionada pelo prefeito Covas no dia seguinte. A categoria dos professores foi a que mais aderiu à paralisação convocada pelo Sindsep. Além da Previdência, os manifestantes pedem que os professores aprovados em concurso sejam chamados a trabalhar.

A Secretaria Municipal de Educação afirma que contratou professores temporários para garantir o cumprimento do ano letivo.

Ameaças

Na escola Brigadeiro Haroldo Veloso, em Itaquera, na zona leste, há nove professores em greve. Um deles é Gabriel Gonçalves, que participou das manifestações desta terça-feira. “A intenção era parar um dos lados da marginal. Mas, ao chegarmos, a polícia nos barrou no sentido capital-litoral”, relata. “Mas a atividade foi muito boa, conseguiu causar uma comoção muito grande. A cada assembleia, aumenta o número de pessoas”, comemora o educador, ressaltando que trabalhadores da Saúde e da Assistência Social também estavam em grande número no protesto.

Gonçalves afirma que há rumores de que o ponto dos professores grevistas será cortado pela Prefeitura, o que comprometeria a reposição de aulas – além de violar o direito constitucional de greve. Mesmo assim, o professor está otimista e sente que a população está sensibilizada com a demanda dos professores. “Os pais [dos estudantes] são bastante abertos, quando a gente fala que tem um direito que está sendo cortado. O diálogo tem sido muito proveitoso. E todo professor grevista se propõe a esclarecer aos pais por que está paralisando, e isso dá uma aderência muito grande ao movimento”, finaliza.

Sem diálogo

Após 16 dias de manifestações em frente à prefeitura, Covas não recebeu nenhum dos 10 sindicatos que representam as diferentes categorias de trabalhadores do funcionalismo municipal. Como alternativa ao desconto de 14%, eles defendem a convocação de concursados que aguardam chamada e o fim das contratações de Organizações Sociais de Saúde.

A Lei 17.020 foi sancionada em 27 de dezembro, após aprovação na Câmara no período de Natal. A lei possibilita que a prefeitura crie um novo sistema previdenciário por capitalização para os servidores que ingressarem no funcionalismo – o Sampaprev.

Os sindicatos alegam que, desde 2004, os salários são reajustados em 0,01% ao ano, apesar de o gasto com servidores na capital paulista nunca ter chegado perto dos 54% da receita de impostos, como preconiza a Lei de Responsabilidade Fiscal – em 2017, a folha salarial representou 38% da receita.

A Prefeitura afirma em nota que está monitorando a paralisação dos servidores municipais “com o objetivo de mitigar eventuais transtornos à população”.

Redação

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