“Cadê a bisteca?”: Presidente da Funai vai apurar sumiço de carne a indígenas no governo Bolsonaro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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A Funai irá investigar a compra de 19 toneladas de bisteca desaparecidas para os indígenas do Vale do Javari

Joenia Wapichana, presidente da Funai, determinou investigação do caso – Foto: EBC

A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) irá investigar a compra de 19 toneladas de bisteca para os indígenas do Vale do Javari, no Amazonas, pelo governo de Jair Bolsonaro, que não foram entregues.

Reportagem do Estadão neste domingo (14) mostrou que as toneladas de carne gastas pelo ex-mandatário não chegaram às comunidades indígenas, mas foram debitadas da conta do ex-governo.

Tratam-se de contratos na ordem de R$ 568,5 mil, que continuam em vigor, que disponibilizaria o alimento para as comunidades etambém para os servidores da Funai. Pela compra do governo Bolsonaro, os servidores teria o suficiente para 1 quilo de bisteca por dia durante todo o ano.

Os envios seriam feitos juntamente com as cestas para serem distribuídos aos funcionários e aos mais de 13 mil marubos, kanamaris e korubos do Vale do Javari.

Além da quantia exorbitante de carne e da não chegada desse alimento à Funai ou aos indígenas, a Fundação sequer teria a opção de armazenar os quilos de carne, se fossem entregues, por falta de locais de conservação.

A falta de espaço para armazenamento de alimentos já vinha prejudicando a Funai, que relatou que algumas comidas já chegavam “sem condições para consumo”.

“Nem tudo que constitui a cesta básica contempla uma alimentação específica desses indígenas. Era um desperdício, realmente, do dinheiro público. Parte dos alimentos chegava sem condições para consumo, mas a ordem era entregar”, relatou Mislene Metchacuna Martins Mendes, diretora de administração e gestão da Funai.

A denúncia da falta da carne, assinada em contratação pública pelo governo Bolsonaro, e das condições prejudicadas de conservação dos demais alimentos – que continham produtos secos, como farinha, arroz e sabão -, foi feita pelos próprios indígenas e por um comerciante, que seria o responsável pelo envio da carne.

A presidente da Funai, Joenia Wapichana, determinou a abertura de uma investigação para apurar esse sumiço e as irregularidades no caso.

“Eu vou apurar as informações, pois se trata de atos da gestão anterior e para tanto preciso que se apure junto aos departamentos competentes internos na Funai”, afirmou a presidente.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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