ONG missionária ligada a Damares vai tratar “crise de saúde mental” em aldeia indígena de recém-contato na Amazônia

A entidade já foi expulsa do território suruwahá por "atividades proselitistas e discriminatórias", segundo MPF

Território suruwahá | Imagem: Funai

Jornal GGN – Missionárias evangélicas da Jovens com uma Missão (Jocum), ONG ligada à ministra Damares Alves, iniciam nesta quarta-feira, 12 de janeiro, uma expedição na aldeia do povo suruwahá, indígenas recém-contatados na Amazônia. A viagem, iniciativa do ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, chefiado por Damares, e da  Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), tem objetivo de sanar uma “crise de saúde mental” na comunidade. 

O governo justifica que a crise causou cinco suicídios na comunidade em 2019. Mas, antropólogos argumentam que para os suruwahás, a prática é bastante comum e não tem a mesma conotação que para outras populações. As informações são da BBC Brasil. 

Na equipe da expedição estão duas indígenas que viviam na tribo isolada e hoje são ligadas à Jocum, entidade missionária de origem americana que já foi expulsa do território suruwahá “em função de atividades proselitistas e discriminatórias”, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).

A Sesai, braço do Ministério da Saúde, diz que as missionárias da ONG, Muwaji e Inikiru Suruwahá, trabalharão como intérpretes. As mulheres foram retiradas da aldeia por missionários da Jocum há 14 anos. Desde então, uma se tornou missionária evangélica e a outra atua em campanhas promovidas pela organização.

A etnia, também conhecida como zuruahã, conta com cerca de 200 integrantes. Para a reportagem de João Fellet, na BBC Brasil, procuradores da República, uma doutora em Psicologia e antropólogos criticaram a presença das integrantes da Jocum na expedição, que deve encerrar em 22 de fevereiro. Os profissionais alertam que a entidade pode “deturpar os objetivos da viagem e lhe dar um caráter religioso”

Vale lembrar , que situação ocorre dias após a nomeação do teólogo e ex-missionário evangélico Ricardo Lopes Dias para a chefia do órgão da Fundação Nacional do Índio (Funai) responsável pela saúde e segurança dos índios isolados e de recente contato. Mas, segundo reportagem, a viagem já estava agendada antes da nomeação de Dias.

O caso ainda destaca o debate sobre os limites entre a autonomia dos povos indígenas e o papel do Estado, que deveria repeitar o modo de vida dessas comunidades. 

Redação

3 Comentários

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  1. Uma ONG ligada a Damares, aquela que conversou com Cristo na goiabeira, vai tratar de “saude mental” de quem cara?
    Agora o suicidio vai multiplicar, se bobear não sobra ninguem na aldeia..

  2. Doença mental é ficar olhando para o céu, gesticulando e gritando para alguém que parece não existir e que, se existir, deve sofrer de problemas auditivos.
    Essa gente se acha importante o suficiente pra considerar que seus conselhos são relevantes.

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