A maioria da União Europeia concorda em fechar um acordo comercial com o Mercosul, em negociações lideradas pelo Brasil, mas o presidente da França, Emmanuel Macron, vem sendo a principal resistência do bloco para a entrada econômica dos sul-americanos no continente.
O acordo vem sendo negociado há mais de 20 anos e obteve destacáveis avanços nas últimas semanas pela intermediação do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ele incomoda o setor agropecuário da Europa, que receia a desvantagem competitiva do setor com a abertura, e vem sendo usado pelo líder francês para obter imagem pública positiva no país.
Macron deu gestos em meio a fortes pressões, com protestos de agricultores ocorrendo nestas duas semanas e, hoje, a entrada de quase 1 mil tratores e máquinas agrícolas invadindo as avenidas de Bruxelas, na Bélgica, onde ocorrem as reuniões do Parlamento Europeu.
Nesta quinta (01), o presidente francês anunciou que vai “continuar se opondo” ao acordo com o Mercosul e que já havia informado a sua posição a Lula. A França é minoria entre os 27 países membros em não aceitar. Espanha, Alemanha, Portugal e a Comissão Europeia já afirmaram concordar, inclusive com condições brasileiras.
Macron afirmou que para aceitar o acordo com o Mercosul, a Europa deve controlar a produção agrícola do Brasil, incluindo condições sanitárias e ambientais.
Com receio ainda de perder força para a extrema-direita, Macron veste o bloqueio de estar protegendo a “soberania alimentar” do país e confirmou que conversou com a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, sobre o acordo.
“Nossos agricultores querem que as regras sejam as mesmas para todos. E isso é o bom senso”, disse o presidente francês. “O que é incompreensível e que eu mesmo não sei explicar é que, enquanto nós mesmos colocamos regras de produção, importamos produtos que não respeitam essas regras”, continuou.
A tentativa de freio ocorre, ainda, após boa parte dos membros da UE aceitarem as demandas colocadas pelo Brasil para o acordo, que movimenta mais de US$ 100 bilhões.
De acordo com coluna de Jamil Chade, no Uol, entre os pedidos do Brasil aceitos pelo braço executivo do bloco estão: excluir o SUS de qualquer abertura de licitações públicas aos europeus, e criar uma proteção com preferência para empresas nacionais em licitações.
Ainda de acordo com o colunista, diplomatas teriam informado que o argumento de Macron não condiz com a realidade, uma vez que o volume de exportação brasileira não impactaria o mercado europeu, caso o acordo seja fechado.
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