O trabalho de segurança na Copa

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Invasão dos torcedores chilenos no Centro de Mídia

Jornal GGN – A invasão dos torcedores chilenos no Centro de Mídia do Maracanã, no Rio de Janeiro, na partida da última quarta-feira (18), levantou a questão sobre a segurança empregada neste Mundial. “Eu posso garantir a vocês que teremos um excelente padrão de excelência, estamos preparados pra enfrentar essa situação. Eventuais pontos falhos serão resolvidos”, resumiu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na última coletiva de imprensa, na sexta-feira (20).

O trabalho de segurança realizado nos 12 estádios que recebem as partidas da Copa prevê a atuação de agentes privados contratados pelo COL/FIFA, chamados “stewards”, responsáveis pela operação nos portões e dentro dos estádios, e agentes de segurança no controle de acesso aos estádios, denominados “mag and bags”.

Stewards

Para a partida entre Espanha e Chile no Maracanã, foi usado um contingente de mais de mil stewards, segundo o gerente geral de segurança do Comitê Organizador Local (COL), Hilario Medeiros. E não foi suficiente. A Polícia Militar do Rio de Janeiro teve que interceder e deter os 85 torcedores.

Para evitar que ações como essa ocorram, planos de segurança são analisados e programados antes de cada partida. Uma reunião no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN), que também inclui centros regionais, conduz as ações de segurança integradas das forças durante o evento. É feita uma análise de risco para detectar as adequações e necessidades locais e específicas.

De acordo com Cardozo, para contornar o problema, foi definido um aumento no número de stewards, melhoria das ações dos mag and bags e o fortalecimento na fiscalização do perímetro restrito, que delimita os espaços dos estádios. Além disso, o ministro afirmou que as forças de segurança armadas, com atuação preventiva e presença em pontos estratégicos, estarão disponíveis para atuação, caso seja necessário.

Centro Integrado de Comando e Controle

As definições foram estudadas em uma reunião, paralelamente ao comunicado do ministro da Justiça, com a participação de técnicos do Ministério da Justiça, Polícia Federal, Forças Armadas e técnicos do COL/FIFA. Os ajustes já passaram a valer desde as partidas da última sexta-feira (20). Cardozo garantiu que o incidente não voltará a ocorrer e que o padrão de segurança será mantido.

“Muita gente dizia que seria um descalabro, que teríamos problema na segurança pública, passamos a ver o inverso. Nós estamos mostrando o preparo das forças de segurança para trabalhar nessa questão, então eu diria exatamente o inverso: o que vem acontecendo, até hoje, são situações pontuais, pequenas falhas que não desmerecem a qualidade no serviço de segurança pública que vem sendo demonstrado em todo o país”, disse o ministro.

Segurança articulada

O Centro Integrado de Comando e Controle Nacional também é o responsável pela articulação de segurança em todos os níveis federais, interligando segurança pública, defesa, inteligência, defesa civil e gerenciamento de trânsito, por meio do Sistema Integrado de Comando e Controle, que “funciona com uma visão unificada dos incidentes, que permite uma melhor tomada de decisões de forma mais rápida e acertada”, explicou William Murad, coordenador-adjunto do Centro Nacional.

Centro Integrado de Comando de Controle Nacional

Além disso, foi empregada tecnologia específica para a operação, com controle móvel, plataforma de observação elevada, imageador aéreo, entre outros. “Com o uso desses equipamentos, os profissionais serão capazes de monitorar e dar suporte a toda operação de segurança dos jogos nas Arenas, Fan Fests, hotéis e deslocamentos de delegações, além de atuarem em ocorrências não programadas que possam afetar as áreas de interesse operacional”, disse Rinaldo de Souza, Coordenador de Logística do Centro Nacional. 

Polícia Federal

Já detectado o problema e aplicados ajustes na segurança privada e nas forças armadas, vem a tarefa do pós do incidente de invasão no Centro de Mídia do Maracanã. A responsabilidade, agora, é repassada para a Polícia Federal, que determinou a saída dos 85 torcedores. Caso não cumpram, estão sujeitos à deportação sumária pela PF.

Atuação da PF na CopaAlém dessa tarefa, a responsabilidade da Polícia Federal é ainda maior, atuando incisivamente nos bastidores da Copa do Mundo.

Até o último levantamento, a Polícia Federal já barrou 79 estrangeiros que tentaram entrar no país com documentação irregular. Até o momento, a lista é liderada por norte-americanos, sendo barrados 24, e nigerianos, com 18 que tiveram que voltar ao país africano.

Para verificar os torcedores com histórico de violência nos estádios, a polícia faz a interceptação com a cooperação internacional das polícias de outros países. Os nomes desses turistas aparecem no Sistema Nacional de Procurados e Impedidos, uma portaria criada justamente para o Mundial. Quinze argentinos já foram assim classificados e impedidos de ingressar no Brasil.

Fiscalização de documentos pela PFAlém desses casos, a Polícia Federal também fiscaliza procurados pelas polícias internacionais que vieram assistir aos jogos. No Rio de Janeiro, a PF prendeu um mexicano acusado de tráfico internacional de drogas, alvo também da polícia norte-americana. Ele foi detido na última segunda-feira (16), enquanto embarcava para Fortaleza para acompanhar Brasil e México. Foi decretada prisão preventiva, antes de ser extraditado.

Mas é também nos estádios que a presença da Polícia Federal garante segurança. Ela não é vista por torcedores porque seu trabalho antecede as partidas.

Cães farejadores nos estádios antes de partidasSão realizadas varreduras, com a participação de peritos federais especializados em vistoria antibombas, e o uso de equipamentos de tecnologia avançada, a fim de detectar bombas e explosivos. Cães treinados também fazem parte da minuciosa vistoria, capazes de farejar qualquer objeto suspeito.

Em integração à segurança privada da FIFA, a Polícia Federal também fiscaliza vigilantes em situações irregulares para o exercício de stewards. No último dia 20, antes do jogo entre França e Suíça, na Arena Fonte Nova, em Salvador, a polícia fiscalizou 367 seguranças, encontrando 12 em situação irregular. O número foi menor que o encontrado na prévia da partida entre Alemanha e Portugal, no dia 16, quando 68 vigilantes foram rejeitados.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

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  1. Muito bom.

    Achei a segurança na Copa excelente. Até o caso dos Chilenos, na verdade foi positivo, porque isso mostrou que os torcedores tem uma certa liberdade. Esse negócio de controlar tudo é coisa de ditadura. 

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