Merposa à vista

A enorme liquidez internacional, a postura passiva do Banco Central em relação ao câmbio, estão fazendo a festa dos especuladores, especialmente na Bolsa de Valores.

Nos últimos dias, houve valorizações fantásticas de autênticos micos do mercado, como Cobrasma, Estrela e outras menos votadas. Nos IPOs (lançamento primário de ações), os bancos responsáveis, especialmente estrangeiros, estão turbinando os papéis de forma agressiva.

Está se criando a temida bolha no mercado de ações. No ano passado, já alertava aqui que poderia ser o ano do mercado de ações, se as autoridades impedissem a formação de bolhas -especialmente o Banco Central, segurando esses fluxos especulativos, e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o xerife marqueteiro do mercado.

Esses dias, um dos fiscais da CVM dizia que era impossível rastrear casos de vazamento de informações, devido ao fato do mercado estar tomando por fundos “offshore” de brasileiros cuja identidade não é revelada. É a zona risonha e franca, que passa ao largo do Banco Central, da Receita, da CVM.

Não faltará muito para que sejam lançadas ações da Merposa, a famosa Merda em Pós S/A, que virou sucesso de público no auge da especulação do início dos anos 70.

Não é à toa que nos últimos dias têm multiplicado “explicações” sobre o câmbio, e matérias absolutamente suspeitas tentando comprovar que o câmbio não está afetando os exportadores eficientes. Só não está afetando produtores de commodities altamente valorizados e “maquiadoras” — exportadoras que dependem em grande parte de insumos importados.

Luis Nassif

23 Comentários

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  1. Nassif, esse assunto
    Nassif, esse assunto pertence à arqueologia do mercado de capitais.
    Internamente é impossivel ,reproduzir-se situações como aquela:METROPISA,Metro do Piaui SA,é exemplar daquela época.Lá fora o problema é outro,a NASDAK, é exemplo que se ajusta ao assunto.
    Recheia-se uma empresa ,já vazia, registrada,com ações de outras,situadas em qualquer lugar do planeta e liga-se ” guitarra”.Têm detalhes, mas é basicamente assim que funciona.

  2. Caro Nassif, bom dia.

    Você
    Caro Nassif, bom dia.

    Você escreve aqui que a CVM –por sinal, se bem me lembro, são recorrentes suas críticas à CVM ou às indicações de raposas a tomar conta do galinheiro— não é eficaz,;que o BC não é atuante na área…

    Lembro-me bem da MERPOSA, além da COCISA, isto é de 1.971-72. Foi uma esculhambação da qual se saíram bem os espertalhões, e a instituição desmoralizada. As neo-raposas devem supr que ninguém mais se lembra disso.

    E você ainda fala em “bancos responsáveis”!

    Outro dia, nosso Presidente do BC disse que só se preocupava com as metas de inflação. Muito bonito.

    De passagem, veja o artigo abaixo. Tendo perdido (espero que em definitivo, mas não estou certo) no STF a briga para escaparem do CDC, nossas casas bancárias encontraram uma saída esperta, de vez que o BC só se ocupa…

    Vamos ao texto, que não vou nem resumir. Espero que comente.

    Abraço

    PS – Nassif, que tal um levantamento comparativo das nossas tarifas bancárias com as de outros países?

    ========

    São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

    MARIA INÊS DOLCI

    Como o BC é bonzinho!

    A QUEM SERVE o BC (Banco Central)? Ele é guardião da moeda ou da boa vida dos banqueiros? Ele é uma autoridade exercida em nome de todos os brasileiros ou um assistente luxuoso do sistema financeiro?
    Não se trata de agressão gratuita. E, sim, do fim da paciência com uma instituição pública que atua em benefício de bilionários (os banqueiros) e explicitamente contra a esmagadora maioria dos brasileiros (os correntistas).

    É assim que o BC se comporta em relação, por exemplo, às absurdas tarifas bancárias. Pois, nos últimos meses, aumentaram as reclamações relativas às tarifas cobradas pela quitação antecipada de débitos, que vigoram há vários anos.

    Para quem não as conhece, não estou brincando, não. Seguramente, inventaria piadas bem mais engraçadas e bem menos estúpidas do que essa.

    O correntista contrai um empréstimo, digamos, com duração de 12 anos e resolve liquidar a dívida no oitavo ano. Aí, é obrigado a pagar uma tarifa pela quitação antecipada, como se fosse uma quebra de contrato.

    Lindo, não?

    A tabela de tarifas de um dos maiores bancos brasileiros expressa: Liquidação Antecipada de contrato CDC e Crédito Auto 6% do saldo devedor mínimo R$ 400,00, máximo R$ 3.000,00.

    Ou seja, nessa instituição financeira, ao antecipar o pagamento de um empréstimo, o cliente é “brindado” com até R$ 3 mil de tarifa.

    Isso em leasing e financiamento de automóveis. Em serviços de crédito, paga 5% do saldo devedor abatido, entre R$ 30,00 e R$ 200,00.

    Outro banco, que não é privado -e, logo, deveria agir norteado pelo interesse público- cobra entre R$ 100,00 e R$ 300,00 (para empréstimos, financiamento, arrendamento mercantil leasing de veículo). E de R$ 100,00 a R$ 450,00 se for FINAME Leasing.

    Caso o correntista pretenda liquidar, antes do vencimento, o financiamento de veículo, por exemplo, arcará com tarifa de 18% sobre as parcelas que ainda vão vencer. Portanto, se em um empréstimo de R$ 30 mil para compra de um carro houver R$ 10 mil reais ainda a pagar, e o cliente quiser quitar, terá de desembolsar mais R$ 1.800,00.

    Por que essa voracidade tarifária? Porque o CDC (Código de Defesa do Consumidor) –aquele que os bancos odeiam e do qual tentaram de todas as formas se livrar– prevê que sejam abatidos do saldo devedor, na liquidação antecipada do empréstimo, juros e demais acréscimos embutidos nas parcelas futuras.

    A tarifa para quitação antes do vencimento do contrato, portanto, é uma forma de reduzir, de eliminar ou de até superar os descontos previstos no CDC. E, sobretudo, de dificultar a troca de uma dívida que possui juros extorsivos por outra com condições menos leoninas.

    O BC teria obrigação de coibir esse artifício, criado para burlar a lei. Isso se fosse uma instituição a serviço do Brasil, e não de algumas dezenas de bancos, é claro.

    =============

    Enquanto isso, as metas de inflação estão sendo atingidas, com folga. Louvores ao BC!

  3. Nassif, me explica uma coisa:
    Nassif, me explica uma coisa: Se o país continuar pautando o crescimento econômico na exportação, invejando os números chineses de crescimento, não haverá uma enxurrada de dólares entrando e forçando o câmbio a valorizar a nossa moeda? Aqui o câmbio é definido pelo “mercado” ou não é? Por que lá na China o câmbio me parece que é fajuto. Fajutíssimo. Essa é uma dúvida que tenho diante da saraivada de críticas que o BC sofre com relação aos juros praticados. Por que me parece que se se cobrirmos a cabeça descobrimos os pés. É isso?
    Jorge

  4. Nassif… isso dá a entender
    Nassif… isso dá a entender que 2007 será favorável à investimentos em ações e fundos de rendá variável; os chamados “fundos de risco”, certo? Em 2006 fiz alguns (pequenos) investimentos em ações e fundos de renda variável, mas nos períodos de volatilidade do mercado as situação “encrespou”… o que você recomendaria em torno desse tipo de investimento, como por exemplo os fundos que os bancos oferecem, onde investimos em grupos “fechados” de papéis… os chamados “Fundos de Investimento”? O fato da flutuação câmbial desfavorável tem prejudicado as exportações, e conseqëntemente o faturamento da indústria… olhando por esse lado, como devem ir os investimentos em 2007? Mesmo com o cenário desfavorável, tende a ser um ano bom para o investidos desses fundos?
    Um abraço!
    Marcos – BliGdoWeNdt

  5. Cícero, desde julho de 1994
    Cícero, desde julho de 1994 escrevia mostrando os erros da política cambial do BC. E se você é um engenheiro do MIT, será racional o suficiente para saber que não existem ganhos de produtividade que compensem valorizações da moeda da ordem de até 50%, como ocorreu nos últimos anos. Se você tiver a metodologia de obter esses ganhos avise, para podermos divulgar pelo Blog.

  6. Nassif, sem querer ensinar o
    Nassif, sem querer ensinar o Pai-Nosso ao vigário, leia o que o Sebastião Nery escreve hoje na Tribuna da Imprensa sobre Bco. Central, Copom, Meirelles, Bco. Mundial, FMI.

  7. Nassif, o que dizer então das
    Nassif, o que dizer então das operações realizadas na BM&F? Grandes investidores apostam em supostas tendências que evidentemente são ditadas por eles mesmos com seu enorme poder de fogo. Os comprados e vendidos encenam operações, ganham rios de dinheiro sem produzir coisa alguma causando prejuízos bancados pelo BC. Basta ver o que vem acontecendo com o dolar. Tudo sem pagar um tostão de impostos e acorbetados por uma legislação que apenas favorece aos especuladores. Queria saber que benefícios a BM&F traz aos produtores e ao país. A Bolsa aproveita a onda e está indo no mesmo sentido. Enquanto isso a Receita faz ouvidos de mercador e se preocupa apenas em fiscalizar quem produz riquezas de fato para o país.

  8. Na minha visão de leigo em
    Na minha visão de leigo em economia e cético em relação ao meu país, não acredito em movimentos espontanêos e independentes neste nível. Acredito em tudo muito bem orquestrado neste nível de poder. O melhor momento para estes fundos trazerem dólar é agora mesmo. O PAF 2007 do MF mostra que para pagar 103 bi de juros, com recursos orçamentários de 88 bi, o governo pretende expandir a dívida de 1093 bi para algo entre 1230 e 1300 bi. Por favor Nassif me corrija caso esteja errado, mas isto dá uma folga de mais de 100 bi de novas emissões. Sabedores dos futuros movimentos do BC, afinal os que decidirão foram e serão seus funcionários, não é melhor garantir um pré-fixado de 12% agora ? Quanto já foi emitido desde o início do ano para, como é mesmo que vcs chamam, “esterilizar” esta entrada de dólares ? Acho que as exportações são pequenos detalhes neste jogo.

  9. Governança Corporativa ??? Um
    Governança Corporativa ??? Um belo nome, mas o conteúdo é o mesmo….. Há quem acredite….. Estou vendo empresas com nivel A de Gov. Corporativas no meu segmento fazendo besteiras astronomicas……

  10. O maior problema não é a
    O maior problema não é a bolsa de valores. A especulação no mercado imobiliário mundial é realmente muito grande, mas o grande risco está nos US$ 300 trilhões de posições futuras, que circulam pelos fundos de derivativos. Aí é que mora o perigo. Trabalham extremamente alavancados. E se a coisa pega, contamina tudo.

  11. Preconceito de sua parte. É
    Preconceito de sua parte. É provável que a Merpasa encontra-se grande receptividade para seu produto, se realmente o produzisse. Era só bolar uma embalagem bonita, contratar uma agência de publicidade de primeira, botar a Bündchen de garota-propaganda que faria sucesso. Aposto que o Washington Ollivetto faria a Merpasa vender milhões. É o que todo publicitário sabe fazer. Convencer-nos a comprar os produtos das Merpasas do mundo. E ainda iríamos recomendar para os amigos.

  12. Lembro também do caso do Nagi
    Lembro também do caso do Nagi Nahas e em 82 quando as ações dos bancos cairam mais de 50 % por causa do plano Cruzado.

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