O crime das elites – 2

Enviado por: José Roberto F. Militão

Caro Nassif,

o ´outro lado nos Crimes das Elites’: Merece crítica a posição e as palavras de meu antigo líder e Presidente da OAB/SP, Dr. Mariz de Oliveira , a quem saúdo pela firmeza desde os tempos em que sob seu comando e do saudoso Dr. Carrara, conseguimos instituir na OAB a primeira Comissão de negros para estudar o direito e as intervenções jurídicas contra o racismo e as discriminações, nos exige uma reflexão, que ouso. É estranho a competente defesa dos direitos dos criminosos da elite, o que vem confirmar que os advogados, caminham num terreno pantanoso e sem norte, diante da realidade política em que o povo se faz cidadão e exige o fim de regalias injustas, inclusive a impunidade dos privilegiados criminosos do ‘colarinho branco’, que nunca jamais nos acostumamos a ver algemados nas bonitas e potentes viaturas da PF. Por séculos, acostumamos a conviver a violência do Estado com os pobres.

Como negro criado nos anos 70 na periferia da Capital de São Paulo, cansamos de apanhar e da humilhação imposta pelas Polícias, apenas em razão da ´suspeita´ pela cor de nossa pele. Hoje, ainda pior, basta ser negro e pobre para ser alvo de ‘confrontos’ em que apenas os suspeitos são executados com vários tiros fatais. No Rio, um morto a cada 16 prisões e em São Paulo, uma execução a cada 150 prisões (O Estado, 11/1/07).

Compreendo que a classe, além de lutar pelas garantias da Carta Régia exigente do devido processo legal, como sempre fez o ilustre autor, não deve nem pode servir de anteparo e barricada para a garantia de privilégios e para a inibição da modelar ação repressora a crimes que produziram e continua produzindo o país mais desigual dentre todas as economias, inseguro e dramaticamente pobre. Se é verdade a simbologia das ‘operações’, também o é que refletem num maior respeito ao dinheiro público e aos deveres cívicos e fiscais e que a certeza da impunidade já não é absoluta. Se é vexaminoso perante a família, beneficiária dos crimes imputados ao suspeito comprovado. Como podemos bradar pela ‘dignidade’ de um suspeito de fraudar milhões e milhões de reais, comprovados por centenas e centenas de horas de escuta gravadas com autorização judicial? É a mesma ‘dignidade’ utilizada para a fuga levando U$ dentro de bíblias?

O que não podemos desconsiderar é que as prisões e apreensões, quando efetuadas, têm sido por Ordem Judicial e visam a instrução do processo, pois, em crimes de ‘colarinho branco’, as provas são digitais, virtuais e indiciárias em que a testemunhal, quase sempre de menor poder econômico, são frágeis, manipuláveis e podem ser obstruídas. Como se falar na ‘discrição’ para a prisão de um banqueiro que vivia exposto à mídia de grandes eventos e fez um rombo de bilhões de reais e que procura obstruir a instrução do processo? Ou de sócios de importadoras e lojas de grifes luxuosas, cuja ostentação faz parte de seu marketing, se especialistas em contrabando, sonegação e fraude?

Ora, ilustres leitores, evidente que a ‘simbologia’ midiática é necessária e tem sido pedagógica. Como advogados, devemos e exigimos o devido processo legal, mas com o devido respeito, não creio que devamos retornar aos bons tempos em que somente os pobres e pretos mereciam a exposição exemplar da ação estatal. Enfim, vivemos numa República Democrática, cujo primado é que todos mereçam o tratamento igual. Com a merecida reverência, considerando a chaga social produzida pelos delitos, a simbólica e exemplar exposição de criminosos do erário público, das fraudes à previdência, do contrabando ou da sonegação nas criteriosas e públicas operações da Polícia Federal (que impede conchavos e acertos) ao contrário das execuções sumárias das PMs, não pode ser equivalente a teatralização da violência, nem a cultura da vingança, nem ao exagero de denominá-las como se a imposição de ‘pena cruel’. Afinal, nobres advogados e sacerdotes de uma sociedade justa, fraterna e imparcial, conforme nos ensina a boa filosofia da nossa Ética e do Direito (Entre a Lei e Justiça, se incompatíveis, fique com Justiça!), de que lado estamos?”

Luis Nassif

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  1. Nassif, opinião do blog a
    Nassif, opinião do blog a respeito do desmoronamento na construção da linha 4 do metrô-SP. É interessante avaliar a opinião dos metroviários . O site de Paulo Henrique Amorim abre espaço para a posição dos trabalhadores do metrô, contrária ao mecanismo de contratação tipo “porteira fechada” utilizada pelo governo Alckmin.

  2. Não vejo nenhum disparate nas
    Não vejo nenhum disparate nas ações da polícia federal na repressão aos crimes dito ‘das elites’. A única diferente que existe é a de classe social. Por que os suspeitos de crime da classe de baixo são expostos à imprensa com grande sensacionalismo e os da classe de cima devem ser poupados dessa exposição? Que diferença faz? será a de classe? ou será que o direito deve feito por uma classe(a de cima) para ser aplicado em outra( a de baixo)? O problema é que o combate a alguns tipos de crime no Brasil, como o do ‘colarinho branco’, está tendo um outro enfoque, e as elites por serem o alvo principal irão sempre criticar as ações da policia federal com exposição à midia, diga-se de passagem, todas com respaldo judicial.

  3. O Militão está tentando
    O Militão está tentando justificar um erro através de outro erro. O fato do “Cidade Alerta” e do “Linha Direta” exporem e realizarem um pré-julgamento dos acusados( na maioria pobres e sem direito à uma defesa competente), não justifica a conspurca aos direitos individuais dos mais abastados.

    Vamos nivelar por cima, não por baixo…

  4. Parabéns, Dr. José Roberto
    Parabéns, Dr. José Roberto Militão pela lucidez de suas ponderações. De cá do meu canto gostaria apenas de de dizer que uma das poucas saudades que tenho dos anos 70 é a de a OAB ter sido ‘dirigida’ por gente do porte de Raimundo Faoro, uma das maiores personangens da história deste país.

  5. Os caveirões, tão apludidos
    Os caveirões, tão apludidos pela elite, que se une em passeatas na orla para protestar contra a violência com bolas e roupas brancas,
    são o símbolo da nossa visão de justiça. Não concordo com esta prática de exposição pública, não creio que a degradação e humilhação públicas eduquem um cidadão, nem o humilhado, nem o telespectador. Pelo que me consta, isso seria a prática da inquisição. A fogueira que queimava as bruxas em praça pública. Esta cena deplorável do enforcamento de saddan é de uma selvageria medieval, no entanto, as ferramentas da nova tecnologia aplicadas aqui no blog, de forma tão produtiva, em videos de cultura e hoje com o tema da bioenergia com o Professor Ignacy Sachs, são as mesmas usadas para divulgação de cenas tão animalescas como alguns dos grandes veiculos de mídia se fartaram em mostrar a cena do enforcamento de Saddan. Ou seja, a mesma ferramenta pode ser extremamente útil para uma sociedade na ampliação dos seus horizontes ou empurrá-la para o campo obtuso do espetáculo fácil que, em via de regra, usa o que há de mais temível, a integridade física do homem.

    A mídia é o espelho mais claro do que pensa a nossa tão injustiçada elite, essa mesma que está aos prantos reclamando seus direitos individuais. A extorsão, via chantagem, com a utilização da exposição pública é uma prática muito comum da nossa elite. O sensacionalismo barato é matéria aplicada como componente popular. “É isso que o povo gosta de ver”, dizem os mais baixos padrões do conceito de jornalismo.

    Há uma boa crise instalada no Brasil. A mídia não se acha há muito tempo. Se perdeu no campo político, no campo social, na atmosfera empresarial, perdeu completamente o seu direcionamento. Tenho a impressão de que as novas formas de comunicação deram uma paulada na caixa de marimbondos e os atiçaram pra todos os lados, dando ferroadas em tudo e em todos, tentando achar algum sinal que lhes devolva um mínimo de segurança. A grande mídia está quebrando.

    A questão é mais profunda, estamos caminhando rápido na direção de uma sociedade melhor. vamos rediscutir o tapa no rosto que um menino com 13, 14 anos, as vezes menos, toma de um policial nas periferias do Brasil. Indiscutivelmente, a grande maioria de negros e mulatos. Cansei de ouvir que é comum um policial dizer que não gosta de entrar em bairro de granfino, pois não pode dar tapas na cara de ninguém. Talvez tenha chegado a hora, justamente porque a elite está sofrendo isso, de se rediscutir o papel do estado brasileiro e o estado de direito.

    Um menino assassinado pelo estado, um menino assassinado pela delinquência de outro menino, não pode ser coisa corriqueira. Temos que nos envergonhar muito disso. Temos que sofrer muito a cada vida perdida. Esses jovens assassinados por serem suspeitos e o que os fazem suspeitos é a cor das suas peles e o lugar onde moram, não são restos de sociedade, são tão humanos como qualquer um de nós. Não são peroás que sobraram da pipoca no fundo da panela que derramamos no lixo. São seres humanos que compõem, assim como os nossos filhos, a mesma sociedade. Deveriam ocupar os mesmos espaços, mas não ocupam pra eles só resta o estado periférico em todos os níveis.

    Estou feliz com essa choradeira da elite, pois ela está sentindo na pele o excesso. A elite vai se lembrar que a doença que dá em Jão, dá em João também. A coisa está mudando. Estão dando pancadas agora na casa de marimbondos da elite.

  6. Parabéns ao Dr. José Roberto
    Parabéns ao Dr. José Roberto Ferreira Militão pela sua postura neste caso. Como é bom saber que ainda existem advogados DIGNOS, DECENTES, que não vendem seus conhecimentos para defender o INDEFENSÁVEL. Ainda tem muito advogado com MORAL neste País, que tem por princípio não defender TRAFICANTES, ESTUPRADORES e CRIMINOSOS DA ELITE. Alguns, que adoram DINHEIRO, podem até alegar que todos os criminosos necessitam de defesa, com o que concordo plenamente. Porém, deviam ter o cuidado e o escrupulo de pegar uma procuração desses meliantes e o defenderem nos competentes tribunais e não através de matérias veiculadas em jornais de grande circulação nacional, de forma sorrateira e sem dar nome aos bois.

  7. Complementando meu comentário
    Complementando meu comentário anterior, se há exagero na operação policial, também é verdade que praticamente não há reação, não houve uma troca de tiro – isso é proposital, é como uma bomba de efeito moral que impede qualquer reação do sujeito.
    E outra coisa: não me venham comparar com o caso da Escola Base, ninguém fica alardeando por aí que molesta crianças.

  8. Estas ações da Polícia
    Estas ações da Polícia Federal, se ainda não levaram às conseqüências finais, têm pelo menos o mérito do efeito demonstração – se o esquema não pára, aqueles outros que pretendiam montar esquema semelhante irão pensar duas vezes.
    Quantos de nós não ouvimos em rodinhas sociais alguém se vangloriar que sonega, ou até mesmo que corrompe funcionários, já que o Estado é o maior ladrão, como alguém disso num post anterior? Agora, ao menos, quem escuta este tipo de coisa, pode pensar: é, meu caro, mas que seu companheiro de cela não seja muito forte …
    A exposição à mídia, nesse sentido, não causa maiores danos à imagem da pessoa. O trauma ocorre, sim, na execução do mandado de busca e apreensão, ato, porém, indispensável às investigações, submetido à apreciação do judiciário.
    O que deve ser feito é a agilização da justiça, com o término desta quantidade de recursos meramente protelatórios, que só servem para deixar os poderosos impunes.

  9. Concordo em gênero número e
    Concordo em gênero número e grau. Gostaria que esse comentário merecesse o mesmo destaque na capa do portal IG que o primeiro, que ataca as ações contra os ricos. Pretos e pobres naõ merecem aparecer só algemados na frente da delegacia.

  10. O contraditório é uma prática
    O contraditório é uma prática democrática – assim vejo esta opinião do advogado Militão. Vale como registro de que vivemos numa democracia. Ainda que o advogado Militão não compreenda as limitações inerentes ao “pior sistema de governo depois de todos os outros” (Churchil). O texto é desconexo. Por exemplo: Qual a conexão da cor de Militão com a prática legal? O texto acaba por fazer lembrar das teses irracionalistas das esquerdas, que no século XIX eram proclamadas (ex. há a razão burguesa e a razão proletária – ou seja, não há razão propriamente dita – somos irracionais amordaçados por lógicas de classe – ou raça!!!, ainda que a realidade nos brinde com burgueses como Dona Marta Suplicy que adota “a lógica proletária” – o que importa realidade para quem já em uma ideologia na cabeça?). Dá a impressão que o advogado Militão busca a “razão negra” (às vezes ela se dá conta e incorpora também a razão parda, dependendo da conveniência momentânea). O homem não troca o disco. Quem perde é a democracia. Toda vez que um grupo de pressão, cooptado pelas razões mais depsrezíveis que se possa conceber (políticas, econômicas e etc.) , trabalha para obter vantagens próprias, longe da luz da racionalidade do bem estar geral de uma nação, quem perde é a democracia. Defendo o direito do advogado Militão falar essa baboseira, mas lamento profundamente o vácuo de inteligência e discernimento em separar assuntos distintos.

  11. O Dr. José Roberto tem toda a
    O Dr. José Roberto tem toda a razão do mundo. A origem de todo abuso econômico e de poder no Brasil foi a diferença da cor de pele. Ela continua a ser a memória histórica, a fonte dinâmica da desigualdade de direitos, embora se manifeste hoje de maneira múltipla e não mais pela etnia. O pensamento mais arraigado dos poderosos ainda contém, consciente ou inconscientemente, a divisão entre senhores e escravos, estes tendo todas as obrigações do mundo, e o direito de obedecer, trabalhar e ficar calado, para não ser castigado com crueldade. Na sociedade pós-industrial, com a reivindicação global dos direitos, a exigência da segurança jurídica para os grandes investidores estrangeiros e o requisito da alta tecnologia, a pura acumulação de riquezas não serve mais para nada, pois mesmo a pura ostentação não detém mais qualquer reconhecimento. Então, a qualidade da produção é essencial, e de produção em todas as direções, inclusive a justiça. É este o contexto mais profundo da crise de valores mais tradicionais da elite brasileira, pois a única “riqueza” aristocrática que resta é a produção da diferença em si, pura e simples, para recuperar e alimentar o sentimento ancestral do “senhor” perante os escravos. Esse “trauma” a ser resolvido pelas elites, por ser agora improdutivo, ainda se reflete na “política de grupos”, então, a mesma truculência pode ser direcionada para quem se coloca contra os interesses deste ou daquele “grupo” de interesses. Mas já está na hora de se apreciarem bem os resultados que estão sendo colhidos na atualidade brasileira, que podem ainda se agravar muito. Esta profunda divisão da sociedade precisa cessar, e em seu lugar precisa retornar urgentemente o diálogo, a tão decantada flexibilidade na negociação, que a própria elite exigiu dos trabalhadores, e a compreensão do valor inestimável que tem a produção organizada em torno do bem-comum, e que respeita esses limites da convivência pacífica na sociedade. Fora disso, a tendência é o avanço do caos, que já está às portas, pois ninguém suporta mais a opressão e a injustiça, ou a construção de penitenciárias “vip”, pois os homens ricos também precisarão ir para a cadeia, com bastante freqüência, para que a produção não entre em colapso. A impunidade não tem mais sustentação.

  12. Quando a polícia prende um
    Quando a polícia prende um suspeito, normalmente ele é exposto, algemado e colocado na traseira de um camburão. Se isso vale para os crimes comuns por que não deve valer para os crimes financeiros? Será que os criminosos ricos tem mais dignidade? Será que suas famílias são mais sensíveis? Eu acho que o tratamento deve ser igualmente discreto ou igualmente espetaculoso.

  13. Estou procurando fazer uma
    Estou procurando fazer uma lista de reinvidicações que podem unir a sociedade e nunca ouvi argumentos contrários dignos de consideração.
    Sinta-se livre para fazê-la crescer:
    1- Fim de foro privilegiado.
    2- Fim do voto secreto no poder legislativo sem exceção.
    3- Fim de selas especiais para quem tem diploma de ensino superior.
    4–Que todos os trabalhadores, inclusive deputado e senador, tenham que seguir à risca a legislação trabalhista, inlcusive previdênciaria, do povo.
    5- Fim dos cargos de confiança.

  14. Excelente texto do advogado
    Excelente texto do advogado José Roberto. Os pobres e os pretos continuam a ser as vítimas preferenciais da exposição exemplar e prolongada da ação estatal. Alguns criminosos do colarinho branco tem, na verdade, participado a contragosto de breves espetáculos midiáticos e até submetidos, coitados, a constrangedoras vaias da plebe ignara, contudo, alguns dias depois, ei-los novamente soltos, alegres, leves e saltitantes, prontos para novas estripulias e ataques aos cofres públicos… E por aí vai o Brasil a disputar com ditaduras do quarto mundo o título de campeão mundial da desigualdade e da corrupção.

  15. Como foi estúpido o
    Como foi estúpido o internauta Ricardo Gomes ao afirmar “desastre tucano”.
    Corroborou constatação recente do próprio Nassif: ideologia emburrece!
    Quer dizer que a explosão da Base de Alcãntara – na qual o presidente Lula afirmou que foi um mal que serviria para o bem – foi um “acidente petista”?!
    Por favor…

  16. O Dr.Militão, parte do
    O Dr.Militão, parte do princípio de que, se os pretos e pobres são escrachados pela Polícia, o certo é também escrachar os ricos. Ele está politizando o assunto, como fazem todos os defensores de minorias ligados ao PT. Como jurista, o correto seria ele condenar toda e qualquer exacração pública, de pobres ou ricos. O raciocínio dele é fruto da militância política, que realmente, vem embotando boa parte dos advogados brasileiros.

  17. Pensemos positivamente: a
    Pensemos positivamente: a continuar essa “perseguição” da PF às camadas mais abastadas da sociedade (e é provável que continue, pois faz parte do mesmo movimento social que empurra a atuação dos novos procuradores, juízas e demais segmentos recém-chegados ao mundo jurídico)existe uma probabilidade de que os direitos humanos sejam estendidos também às camadas menos favorecidas, o que seria o melhor dos mundos. Afinal, não é difícil imaginar que nossos
    guardiões da normalidade jurídica descubram que só poderão falar de direitos de seus cliente solventes quando eles forem respeitados também para os “insolventes”.

  18. Então, dois erros fazem um
    Então, dois erros fazem um acerto? Qual é? Daqui a pouco vamos começar a fazer passeatas na rua reivindicando o direito ao “pau-de-arara-nosso-de-cada-dia”!
    “A simbologia das operações” refletem um maior respeito às leis?!! Essa doeu, hein?! A “simbologia das operações” é o próprio símbolo de desrespeito às leis! Vai servir de exemplo para quem?
    Ô Nassif, será que eles vão nos deixar escolher o desrespeito que a gente quiser? Eu quero pé-na-porta da minha casa e invasão com escopeta: é mais cinematográfico. E você? Já tem alguma preferência?

  19. Tudo o que o advogado Militão
    Tudo o que o advogado Militão diz é correto e amparado na realidade. Não existe igualdade de tratamento; ninguém é igual a nínguem, exceto no sentido bíblioc, religioso, ou cristão. Na vida real, os brancos e ricos são mais iguais que os outros, e são tratados desta forma. Nos subúrbios, a polícia escolhe suas vítimas pela cor da pele e pronto. São quase todos pretos, quase brancos, como diz a música do Caetano/Gi, Haiti.
    Li uma entrevista da dona da Daslu, Eliane Tranchesi, sobre a devassa que a sua prisão e de seu irmão fez em suas vidas. O pai morreu; o irmão está com depressão; ela descobriu um câncer no pulmão. Tudo muito triste. Mas já pensou que se além de tudo o que aconteceu, ela ainda fosse preta e pobre?
    Não nos iludamos: O Brasil é um país perverso para maior parcela de sua gente. A parcela que não é formadora de opinião. Que no capitalismo, não vale nada, pois seu poder de compra é baixo. Esta a realidade, e se hoje a elite branca está experimentando um pouco da humilhação que o povo enfrenta todos os dias, e por isto o jurista fala em inquisição, o que dizer do que acontece todos os dias nos becos tristes e sombrios deste Brasil?

  20. A polêmica sobre os crimes da
    A polêmica sobre os crimes da elite é interessante, nos remete a algumas questões centrais da criminologia: Quem define o que é crime na sociedade? Qual a função da pena?
    Que os deputados legislam em causa própria é fato, mas caro Hananias, discordo de você que os direitos humanos defendam somente bandidos, basta ler o art.5 da CF pra ver que eles defendem eu, você, e todos os cidadãos…Apontar os direitos humanos comoresponsável por males sociais é dar margema retrocessos,e a ações ilimitadas e autoritárias, principalmente por parte do Estado e da policia… Abraços
    Fernando

  21. Nassif:
    Por falar em crimes
    Nassif:
    Por falar em crimes da elite, hoje a Suzane Richtofen foi dar mais um depoimento sigiloso no Ministério Público. Este depoimento não foi sobre o assassinato de seus pais. Sobre o que teria sido?
    Será que o promotor ao voltar de Ribeirão Preto passou pelo ROUBOANEL?

  22. “não conheço nada mais alegre
    “não conheço nada mais alegre na terra que o espetaculo de velhos asnos e de velhas solteironas que agita o doce sentimento da virtude: e isso eu vi” assim falava zaratustra.
    sociedade racista?
    sociedade elitista?
    sociedade preconceituosa?
    “quando se que um fim…” (poder)
    “…é necessário antes querer os meios).
    (dominação).
    qualquer defesa é manutenção, mesmo que inconsciente desses que ainda brigam para ser senhores, enquanto isso meu vizinho se “auto chicoteia para também sentir a sensação de ser senhor”.

  23. Também sou negro, e sei o
    Também sou negro, e sei o quanto pobres-e-pretos apanham nos subúrbios, realidade que conhecemos bem, nas blitz, nos becos, à beira dos botecos.

    Sei quantos foram mortos durante a chamada gratificação faroeste implantada aqui pelo Marcelo Alencar.

    Mas defender “a simbologia da mídia”, ou seja, a espetacularização das ações repressivas mesmo contra os brancos-e-ricos é esquecer que essa mesma “simbologia” pode se voltar ou se reforçar contra nós.

    Afinal, somos o lado mais fraco da corda. E com que equilíbrio ético vamos reclamar depois?

    Mídia parece aquele utensílio doméstico: a faca. Pode lhe dar o sangue e o queijo. È bom que nunca dê o sangue.
    _______

    Gosto da força do argumento de Militão.

    Ttambém acho que não devemos retornar aos “bons tempos” em que somente os pobres e pretos mereciam a exposição exemplar da ação estatal.

    Mas o caminho é outro: que pobres e pretos sejam protegidos sinceramente destas ações ditas exemplares.

    E que os brancos-e-ricos-que-não-apanham-da-polícia se unam a nós nesta causa.

  24. Oi Nassif

    Vejam o que fala o
    Oi Nassif

    Vejam o que fala o Ferréz.
    ” A gente vai acordar um dia e dizer :’ F#$&$ ‘ ! E quando a guerra ficar mais forte , o cara pode ser meu melhor amigo, se ele for da elite e estiver do outro lado , alguém vai sangrar ”
    É isso : o resultado do desprezo pelo que é essencial: Justiça e Igualdade, pressupostos básicos do Republicanismo.
    ( )s Paulo

  25. Os ricos volta e meia pedem
    Os ricos volta e meia pedem paz.
    Paz para os ricos é o caveirão queimando preto pobre na favela.
    Já cansei de ver os pedidos dos ricos, amplificados pela mídia, para que o exército suba a favela e traga segurança… para os ricos!
    Nunca vejo estes ricaços cínicos, pedirem que o estado suba a favela e leve escola, creche, posto de saúde, saneamento básico, moradia digna…
    Nunca vi estes ricaços canalhas, nem a mídia corrupta, pedirem por uma polícia que proteja os favelados dos bandidos. Por quê? Porque para eles… favelado = bandido!
    Desculpe os termos mas, a África do Sul também é aqui no Brasil. Pieter Botha iria se sentir em casa.

    Fugi um pouco do assunto mas, neste país, discutir abuso cometido na prisão de colarinho branco… é água com açúcar.

  26. Apenas para a endossar o post
    Apenas para a endossar o post do estimado colega Dr. José Roberto F. Militão, lembro que nos casos envolvendo os pobres e negros, a Mídia ausenta-se. Exceto quando há muito sangue. Lembram-se do caso do Rambo de Diadema-SP? Um morador da favela filmou as cenas de tortura e assinato de inocentes. Rambo, o PM pau mandado, em mais uma de suas estripulias, flagrado estourando cabeças.
    E a Mídia no episódio? Não fosse a coragem do morador, que precisou se ocultado, e, diante do sangue, as imagens foram ao ar. O reclamado pelo nobre colega Dr. Mariz, ao contrário do que ele afirma, não traz demérito. Ao contrário, traz garantias de estrito cumprimento do dever. Garantias contra lesões corporais, torturas, assassinatos, etc. Óbvio que sim! Ou será que o nobre jurisconsulto também engrossaria seus honorários por ter que oficiar aos organismo de defesa dos direitos humanos? Fulano de tal, empresário bem constituído, não teve o crânio estourado, não foi torturado, muito menos esbofeteado na face… Teve sua fortaleza, seu cofre e suas conversas vilipendiadas pela Justiça Federal. Grande piadista o Dr. Mariz. Sou admirador do trabalho dele.

  27. E o crimes que os políticos
    E o crimes que os políticos cometem?Ainda não vi nenhum preso até agora.Se roubassem menos garanto que a sociedade estaria melhor.

  28. MILITÃO

    A vida dos pobres,
    MILITÃO

    A vida dos pobres, não apenas no Brasil, tem sido dominada pelo desencanto e, sobretudo, pelo medo. A classe rica tenta nos limitar a um determinado território, onde pensa estar longe das misérias que lhe infligimos. O apetite insaciável da classe dominante impõe-nos salários indecentes, para que o fosso entre pobres e ricos se torne mais e mais profundo. Somos como leprosos que contaminam o paraíso terrestre dessa gente, detentora de uma arrogância, somente comparável à dos governantes, na Idade Média. E tão astutos são seus líderes, que fazem voltar contra nós, pobres, a mão armada de nossos próprios irmãos, como se o fato de nos humilharem os tornasse melhores que nós.
    A democratização das instituições não nos atinge, pois para os menos favorecidos, as leis civilizadas não têm valia. Pensam eles, os graúdos, que entendemos melhor a linguagem do porrete e do fuzil. A classe rica conta sempre com as falhas da justiça ou suas firulas, para escapar do xilindró, escondida atrás de proeminentes advogados, enquanto a classe pobre fica de cócoras, duplamente, diante do poder condenável daqueles que a deviam proteger.
    A astúcia dos poderosos faz as instituições ajoelharem-se diante das leis criadas, a princípio, dentro do discurso da ética e dos direitos democráticos, em benefício próprio. Mas, essas mesmas leis servis aos poderosos, são arrogantes e temerosas, quando se trata dos direitos dos excluídos. Os interesses mesquinhos dos grupos econômicos e as ambições pessoais da maioria dos políticos levam a uma economia desigual, que desemboca na mais tirana das tragédias: a criminalidade.
    Todo país tem a obrigação de estabelecer uma justiça neutra que vele pelo direito de ricos e pobres com equanimidade. É preciso que aprendamos a coabitar, harmoniosamente, em benefício de toda a vida planetária. Cabe às autoridades constituídas dar o bom exemplo. O sectarismo em que vive a elite, não passa de miragem, quando se pensa em inviolabilidade. A segurança somente existe, quando o cidadão possui o respeito de si e do outro e quando conta com uma sociedade capaz de coagir o desrespeito a qualquer um dos dois.
    Temos a obrigação de mudar nosso país, mas não se constrói mudanças apenas com palavras. Faz-se necessário que nos engajemos nessa luta, contra a imoralidade dos julgamentos cruéis, baseados apenas nas aparências. É preciso que se desenvolva uma ética comum a partir dos valores de respeito do outro, tendo por base a justiça. Que o governo assegure constitucionalmente e de fato o respeito da minoria rica e da maioria pobre, contribuindo, no menor espaço de tempo possível, para reduzir o fosso que nos torna tão desiguais, em todos os parâmetros. E, sobretudo, que a justiça para o pobre, não seja apenas transcendente, mas, também, terrenal.
    Urgente se torna que façamos uma releitura da justiça em nosso país, para que não corramos o risco de vegetarmos em compartimentos estanques.
    Parabéns, José Roberto F. Militão, pelo artigo tão pertinente.

  29. Nassif, embora não seja o
    Nassif, embora não seja o tema deste texto, gostaria de saber se pretende trazer a nós informações que possam contribuir à compreensão do acidente do metrô de São Paulo. Não obstante a natureza técnica da questão e a necessidade de minuciosas análises periciais, creio que é possível fazer uma discussão em abstrato e contribuir, ainda que modestamente, no sentido de que sejam evitadas, futuramente, semelhantes ocorrências.

  30. Caro Dr. Militão,

    Ninguém em
    Caro Dr. Militão,

    Ninguém em sã consciência pode defender a imunidade criminal para menbro de classe alguma. Uma democracia assim o exige. Nesse sentido nossa História nos condena, e há necessidade de mudar essa sina.

    Entretanto, os espetáculos dados pela Polícia Federal são indecentes. Agem os policiais como se estivesssem em algum tolo filme norte-americano de ação. Portam-se puerlimente, sem respeito a quem ainda está , na melhor das hipóteses, no início de um processo criminal. Aliás, desculpe-me Dr. Militão, mas não concordo que alguém possa ser “comprovadamente suspeito” sem condenação.

    Apontam-se para o eemplo de ricos criminosos sendo preso em países desenvolvidos, MAS ELES SÃO PRESOS APÓS O PROCESSO CRIMINAL E DEVIDA SENTENCA, E NÃO ANTES DELA.

    A prisão espetaculosa de nada valerá senão houver processo criminal eficiente, rápido e – aí sim eis o ponto : sem privilégios como prescrição do crime durante o processo, penas brandas demais, corrupção na polícia e nos tribunais.

    Lamentavelmente, o Judiciário – que não vive seus melhores momentos – presta-se a palco para tais circos.

    Onde está a verdadeira investigacão criminal cerebral e não de marketing ?

  31. Parabéns, LU DIAS, pelo seu
    Parabéns, LU DIAS, pelo seu sensível comentário ao textotambém excelente do Advogado Militão. De fato as leis e o judiciário da nossa república, ou da “república dos bruzundangas”, conforme definição do grande escritor Lima Barreto, são completamente inadequados para a punição dos crimes das elites, mesmo aqueles que envolvem a perda de vidas humanas. Assim, a despeito de alguns breves e espalhafatosos espetáculos midiáticos, os seus caros e matreiros advogados entram em ação e o resultado todos nós sabemos…Certos da impunidade, eles continuam alegres a faceiros a brincar com o patrimônio público, enquanto os pobres, negros ou não, lutam diariamentre com as suas carências. Até quando?

  32. Em relação ao comentário do
    Em relação ao comentário do Fernando José sobre a “militância política” dos advogados é preciso lembrar que o Direito não é algo desvinculado da política, uma ciência neutra e pura que paira no Olimpo sobre os mortais…. Quando se vive em um sistema em que o Código penal taxa como crime o curandeirismo e investidores internacioanis podem, impunes, quebrar um país subitamente, deveriamos pensar sobre quem, de fato, define o que é crime na sociedade, quem de fato elabora as leis….

  33. Muito coerente.
    Completa o
    Muito coerente.
    Completa o artigo anterior , apresentando a outra face do sistema .
    A conclusão que se tira é que a policia deve ter a eu dispor todos os mecanismos possiveis e imaginaveis para indiciar suspeitos.
    Facilita sobremaneira o trabalho do Ministerio Publico quando das denuncias e ainda mais o serviço dos Tribunais na promulgação de sentenças.
    Se durante todo o processo ocorrerem exageros , cabe reparo .
    O que não pode é a sociedade exigir combate á criminalidade e a policia não dispor da metodologia e nem puder aplica-la .
    Ou pior , puder aplica-la seletivamente .
    O figurino tem que ser igual para todos .
    Quem não quiser confusão , não a procure .
    Como exemplo , fica o caso Daslu .
    Todo mundo sabe que milagres não existem .E o pessoal continuou envolvido , mesmo sabendo que aquilo só podia ser maracutaia grossa .
    Agora , esse mesmo pessoal reclama de estar sendo investigado .
    Se tivessem se afastado , não teriam sido envolvidos no barraco .

  34. Toda esta discussão é porque
    Toda esta discussão é porque a Polícia Federal está prendendo os criminosos da nossa elite econômica. De minha parte: parabéns à Polícia Federal !!!

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