Luís Alberto de Abreu realiza debate após peça “O Coração das Sombras”

Texto inédito conta a história de mulher que foi internada como louca ao enfrentar a sociedade da década de 1930

Luís Alberto de Abreu. Foto: divulgação

O dramaturgo Luís Alberto de Abreu realizará um debate neste domingo (28/08) após a apresentação de sua peça inédita “O Coração nas Sombras”, na Furnarte, a partir das 19h. Abreu contará o processo de criação da peça, encenada pela Cia Teatro da Cidade, de São José dos Campos, que conta a história verídica de Letícia Poletti (1908-1939). O espetáculo teve sua estreia realizada no dia 12 de agosto e ficará em cartaz até o dia 4 de setembro, às sextas e sábados às 20h00, e aos domingos às 19h00.

O dramaturgo, que já participou do roteiro de minisséries como “Hoje é Dia de Maria” e da novela “Velho Chico”, da TV Globo, também está criando um podcast com a história de Poletti, que era uma simples dona de casa da década de 1930, mãe de três meninas, filha de imigrantes italianos, explorada pelo marido. Após sua separação, ela foi internada como louca pelo irmão mais velho no Sanatório de Barbacena, conhecido como Holocausto Brasileiro, onde ela faleceu aos 31 anos.

A encenação utiliza documentos e imagens das personagens envolvidas e dos internos no Hospital Colônia de Barbacena, onde faleceram 60 mil pessoas. A montagem faz uma relação direta com a sociedade atual e pretende provocar uma reflexão sobre o papel da mulher nas relações sociais, ainda influenciadas pelo patriarcado.

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“O Coração nas Sombras” é a vigésima primeira montagem da Cia Teatro da Cidade e foi realizada por meio do Edital ProAc 01/2019, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, do Governo do Estado de São Paulo. A peça utiliza ferramentas da Narrativa, do Teatro Nô e Documental, e faz parte da trilogia de pesquisa dessas linguagens da Cia Teatro da Cidade, em processo colaborativo com o dramaturgo Luís Alberto de Abreu, no qual também constam “Maria Peregrina” (2000) e “Um Dia Ouvi a Lua” (2010).

Processo – O processo de trabalho da montagem teve início em março de 2020, cerca de 20 dias antes da Pandemia do Covid19, exatamente quando começariam as criações de cenas inspiradas nas histórias reais de Letícia Poletti e dos internos do Hospital Colônia. A proposta em criar a montagem de forma colaborativa entre elenco, dramaturgia e direção teria a duração de três meses no máximo. No entanto, a realização desse processo, incluindo a estreia, prolongou-se mais quatro meses em função do trabalho ter sido feito pela plataforma Zoom em 2020.

O espetáculo conta com a codireção de Claudio Mendel, um dos fundadores da Cia Teatro da Cidade, cenário e figurinos de Pitiu Bomfin, trilha sonora e direção musical de Beto Quadros. No elenco estão Andreia Barros, Caren Ruaro, Rômulo Scarinni e Sheila Faermann.

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Além das apresentações, também estão sendo realizados debates aos domingos após o espetáculo sobre o processo de montagem durante a Pandemia do Covid19. No 14, o debate foi feito pelo diretor Kiko Marques; no dia 21, com Cláudio Mendel. E, no dia 4 de setembro, o debaterá serão com o diretor musical, Beto Quadros, e a cenógrafa Pitiu Bonfim.

Mendel e Barros estão realizando também o workshop “O Processo de Criação da Cia Teatro da Cidade: o Teatro Narrativo e a Estética Documental”, baseado na prática de mais de duas décadas de pesquisas acerca da Narrativa no Teatro, por meio de textos desenvolvidos de forma colaborativa e que resultaram em importantes espetáculos na trajetória da Cia Teatro da Cidade. O workshop pretende oferecer aos participantes ferramentas para iniciar um processo de criação individual e coletiva, que contribuirá para um repertório de ações e sensações, necessárias para o desenvolvimento da poética do contar/narrar histórias.

Serviço

O coração nas sombras

Quando: 12 de agosto a 04 de setembro – Sextas e Sábados às 20h00, Domingos às 19h00

Onde: Sala Carlos Miranda, FUNARTE São Paulo – Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo

Ingressos: R$ 60,00 (inteira), R$ 30,00 (meia) e R$ 20,00 (promoção)

Site de Ingressos para a peça e workshop: https://linktr.ee/ciateatrodacidade

Debates com o Elenco e convidados nos dias

28/8 – com o Dramaturgo Luís Alberto de Abreu

04/9 – com o Diretor Musical Beto Quadros e a Cenógrafa Pitiu Bonfim

Workshop “O Processo de Criação da Cia Teatro da Cidade: o Teatro Narrativo e a Estética Documental” com Cláudio Mendel e Andréia Barros

20 e 27/8 – 14h00 às 16h30

Sinopse

“O Coração nas Sombras”, texto inédito de Luís Alberto de Abreu com direção de Kiko Marques, é inspirado na história verídica de Letícia Poletti (1908-1939), uma simples dona de casa da década de 30, filha de imigrantes italianos, mãe de três meninas, explorada pelo marido e internada como louca pelo irmão no Sanatório de Barbacena, conhecido como Holocausto Brasileiro, onde faleceu aos 31 anos. A encenação utiliza a estética Documental e as linguagens da Narrativa e do Teatro Nô, permitindo reflexões sobre o conceito de justiça social, da força feminina no espaço de uma sociedade ainda moralista com a sua luta de libertação e cidadania. A montagem integra a trilogia de pesquisa dessas linguagens em processo colaborativo do dramaturgo Luís Alberto de Abreu com a companhia, onde constam “Maria Peregrina” (2000) e “Um Dia Ouvi a Lua” (2010).

Ficha Técnica

O CORAÇÃO NAS SOMBRAS

Gênero: drama

Dramaturgia: Luís Alberto de Abreu

Direção Geral: Kiko Marques

Codireção: Claudio Mendel

Trilha Sonora e Direção Musical: Beto Quadros

Elenco: Andréia Barros, Caren Ruaro, Rômulo Scarinni e Sheila Faermann

Cenografia, Figurinos e Adereços: Pitiu Bomfin

Criação de luz: Daniel Augusto

Duração: 75 minutos

Diretor de Produção: Claudio Mendel

Realização e Produção: Cia Teatro da Cidade

Classificação etária: 14 anos

Redação

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  1. Provoca uma reflexão sobre o papel da mulher nas relações sociais, ainda influenciadas pelo patriarcado. A trajetória feminina é pouco estudada pela historiografia local, sendo que apenas recentemente o grupo de pesquisa Cultura e Memória da Comunidade, da Universidade Feevale, vêm se debruçando sobre a questão do feminino na cidade acima citada, e este artigo é uma pequena parte desse estudo mais abrangente. Buscamos, através de processos criminais locais, caracterizar perfis individuais femininos para compreender a realidade das mulheres na década de 1930 na cidade, pois, através destes processos, podemos observar como a mulher era considerada pela sociedade local e, principalmente, pelos homens. Refletindo sobre o caso apresentado, podemos dizer que era muito difícil uma moça de classe social menos favorecida, no caso, uma operária de fábrica, conseguir ganhar um processo criminal. Jogos de poder são constantemente colocados em prática, fazendo uso da relação de submissão por parte da vítima e para moças pobres, operárias, abrir um processo-crime poderia ser uma saída para ascender de uma vida difícil. No período estudado, valores sociais eram extremamente importantes para validar a índole moral vigente. A mulher deveria saber “escolher suas companhias”, voltar cedo para casa, ter um “comportamento recatado”, divertir-se sem fazer “insinuações”, pois estes eram fatores levados em consideração na hora de caracterizar a vítima de um processo-crime por sedução.

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